O princípio da primazia da realidade na corretagem de seguros - Parte 1
Armando Luís Francisco
Eu sou corretor de seguros, tenho 61 anos e recebo o benefício da aposentadoria, mas jamais vou parar de trabalhar. Aqui no Segs eu não escrevo sobre minha vida privada e nem sobre os meus projetos e negócios. Aliás, sou empreendedor e o que eu mais quero é uma reforma real que beneficie também os empresários de todo o Brasil, porque o crescimento que vejo e a geração da riqueza devem vir da indústria, do comércio, do emprego e dos serviços. Ademais, os meus textos, geralmente, são focados na realidade do mercado e da corretagem de seguros, por quem tenho empatia e a quem alerto com minhas visões.
No geral, tenho grande admiração por todos os componentes deste segmento, sejam seguradores, sindicalistas, prestadores de serviços ou corretores de seguros. E ainda acredito em figuras importantes do passado e do presente, como um norte a ser seguido. Do passado o exemplo de Jayme Brasil Garfinkel, e sua dinâmica de fazer da Porto, durante muitos anos, um modelo a ser copiado. Garfinkel ama os corretores de seguros. Sua visão e seu amor pelo empreendedorismo fizeram da Porto Seguro o que ela é hoje. Cotidianamente, com muitos nomes importantes, a reação e a inovação estão no nome do presidente da Tokio Marine: José Adalberto Ferrara, um visionário humilde. Esses dois nomes apenas representam uma geração de homens e mulheres nas seguradoras, que estão fazendo a diferença. Mas me permitam aqui citar, hors concours, por sua garra e altivez, o nome de Sérgio Suslik Wais. E não vou esquecer de Dyogo Oliveira, da CNseg.
Esses homens, e mais, a excelente porção dos homens e mulheres que não citei aqui, para não encompridar mais o texto, que têm muito que nos ensinar sobre inovação. Eu mesmo, acredito, em um certo tempo, também poderei estar contribuindo com a revolução de toda a indústria do seguro. De certa forma, os senhores seguradores e as senhoras seguradoras também têm muito que aprender. Enfim, com a realidade não encoberta e com o trato a se designar, este mercado precisa evoluir principalmente em relacionamentos humanos. Essa ponte contribui, de maneira desejável, com a honestidade de se mensurar a realidade dos relacionamentos econômicos.
Novamente, não escrevo em causa própria, mas da empatia e representação livre que exerço em vários momentos profissionais da categoria. Portanto, nessa analogia, quero demonstrar que há um perigo iminente e imprevisível para os corretores de seguros e para os seguradores em geral. Esse alerta já estou dando há bastante tempo, como fiz com a questão das Associações e Cooperativas. Afinal, por inação é que essa situação chegou nesse pé de terror. Onde, tenho certeza absoluta, todos olham sem falar para o problema. Afinal, com tanto poder e condições financeiras, o próprio mercado deixou isso ocorrer; da maneira que ocorreu e hoje não consegue brecar o crescimento do romântico no mundo do clone. Oxalá, com toda a láurea, a decisão do STF foi um bálsamo (e um certo breque) para equalizar a competição. Parabéns, Dyogo Oliveira, presidente da CNseg.
Em Abril de 2007, o Jornal dos Corretores de Seguros, publicava em sua manchete que Leôncio Arruda (in memoriam) havia sido reeleito com 80% dos votos, para o maior sindicato dos corretores de seguros do Brasil: SP. Na página “4” de seu DIÁLOGO, Arruda afirmou: "Que sejam, então, as pequenas e grandes manifestações do Sindicato, dedicadas a execução de tarefas que vêm pela frente; humildes na aceitação da crítica justa; corajosas na defesa dos princípios da classe; abertas à incorporação de novas análises, teses e propostas; visionárias de um mercado mais humano e mais justo". 1
Ele prosseguiu assim: "Esta reflexão é fundamental em um momento que o setor tem obrigação de passar por um processo de profundas reflexões substantivas, sem os recursos que mascaram a realidade".2
Em destaque, no meio da página, a significativa frase de Leôncio: "Os seguradores têm de abandonar o princípio de ganhar mercado ou não perder mercado a qualquer preço. As políticas de preços diferenciados e de venda direta não passam de uma forma covarde de alijar os corretores de seguros". 3
Não erro quando escrevo que Leôncio foi o pai do sindicalismo moderno, dos corretores de seguros. O mundo se divide no antes e depois dele, neste limiar da história, porque todos foram alunos dele. Mas, note-se o que ele dialoga há 16 anos (sua voz ainda vive): " O setor, aliás, flutua ao acaso há bastante tempo. Falta um mínimo de foco. Além dos abusos, equívocos e omissões, há a ausência de diálogo entre os diversos segmentos para não se acabar, pelo menos reduzir o "tudo pode", a total falta de ética que tomou conta das relações comerciais, nos últimos anos". 4
Tenho fé, tenho esperança, que há líderes importantes e muito bem preparados para a nossa realidade hoje e que devem conversar como Leôncio conversou. Esses líderes, não estão lá por acaso, nem por simplicidade, mas por merecimento em suas carreiras, também por genialidade e diferencial de competência. Entretanto, quero encerrar o DIÁLOGO de Arruda, com a última frase de seu texto, lá e aqui, que é um parágrafo: " O momento não permite mais individualismos. Vamos somar forças porque, infelizmente, as coisas não ocorrem do jeito que a gente quer". 5
A reflexão de Leôncio Arruda não é para corretores apenas, inclui seguradores, especialmente. A visão distorcida não pode ser meramente uma síntese de nuance utópica; ela é real! E o que estamos fazendo aqui na escrita e na leitura é simplesmente conversar, dialogar, trocar ideias e reunir bases para o enfrentamento das crises existenciais do setor, que é o princípio da primazia da realidade.
O princípio da primazia da realidade não é somente um termo técnico-jurídico usado nas questões trabalhistas, motivo pelo qual você está me lendo. Portanto, como corretor, eu quero estimular o seu pensamento, queira sindical de fato e de direito ou segurador idem, a observar milhares de corretores dependendo desse diálogo, pois ele se move rapidamente para um lado prejudicial às relações.
Nas próximas edições dos meus textos eu vou pôr o dedo onde dói, no bolso. Nesse órgão, o bolso dos corretores e seguradores é maior que a própria pele do corpo e seu próprio cérebro. Nele se concentram nossas decisões e nossas lutas. Assim, o diálogo continuará!
Armando Luís Francisco
Jornalista e Corretor de Seguros
Referência Bibliográfica: https://www.sincor.org.br/jcs/wp-content/uploads/sites/2/2017/04/4-JCS-Abril6.pdf
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