Principais desafios para empresas estrangeiras entrarem no Brasil
Antônio Queiroz, fundador da Queiroz & Venâncio Consultoria Contábil
Muitas empresas estrangeiras buscam expandir seus negócios para o Brasil, atraídas pelo tamanho e pelo potencial do mercado. No entanto, poucos sabem que a nacionalização de uma empresa no país é um processo repleto de desafios, que incluem burocracia excessiva, um sistema tributário complexo e a falta de suporte especializado. Muitos negócios acabam desistindo no meio do caminho, frustrados com a dificuldade de navegar pelas exigências legais e fiscais brasileiras.
Para especialistas na área, como Antônio Queiroz, fundador da Queiroz & Venâncio Consultoria Contábil, que atua na interseção entre contabilidade e direito internacional, o Brasil é um destino promissor para investidores estrangeiros, mas o processo de abertura de empresas é cheio de obstáculos que exigem um conhecimento profundo das regras locais, além de uma boa articulação entre os profissionais envolvidos.
1. Burocracia excessiva
O Brasil é conhecido por seu sistema burocrático, muitas vezes considerado um labirinto para empresas estrangeiras. De acordo com Queiroz, ao tentar abrir uma filial, estabelecer uma parceria ou até mesmo adquirir uma empresa no Brasil, o empresário estrangeiro se depara com uma série de documentos e exigências fiscais que nem sempre fazem sentido ou são diferentes daquelas exigidas em seu país de origem. Isso gera uma grande confusão, e muitas empresas acabam desistindo diante dessa complexidade.
"Você tem uma situação onde o empresário quer abrir uma filial, estabelecer uma parceria ou até mesmo adquirir uma empresa no Brasil, mas é confrontado com uma série de documentos e exigências fiscais que nem sempre fazem sentido", afirma Queiroz.
2. Sistema tributário complexo
O sistema tributário brasileiro é altamente complexo, o que representa um grande obstáculo para empresas estrangeiras. A alta carga tributária, combinada com uma rede de normas e regulamentos complicados, cria um cenário desafiador para quem deseja estabelecer operações no país. Queiroz destaca que, apesar da tributação elevada, o mercado brasileiro compensa para aqueles que sabem como se posicionar corretamente, embora o processo de conformidade tributária seja demorado e frustrante.
"Mesmo com a tributação elevada, o mercado brasileiro compensa se você souber como se posicionar. No entanto, a burocracia torna tudo mais demorado e, muitas vezes, frustrante", diz Queiroz.
3. Falta de suporte especializado
A falta de profissionais qualificados que compreendam a complexidade do processo de nacionalização é outro grande desafio. Segundo Queiroz, existem poucos profissionais no Brasil que dominam a junção entre as áreas contábil e jurídica necessárias para viabilizar a abertura de empresas de capital estrangeiro. Para que o processo seja bem-sucedido, é fundamental que o contador esteja alinhado com advogados especializados em direito internacional, capazes de adaptar e traduzir os documentos necessários conforme as exigências brasileiras.
"Existem muitos contadores que sabem fazer a contabilidade, mas quando o empresário liga e pergunta sobre o processo de internacionalização, eles se deparam com um grande vazio", afirma Queiroz. Ele explica que a falta de integração entre contabilidade e direito internacional é um dos principais obstáculos para as empresas estrangeiras.
Dificuldades causam desistências
A maior parte das empresas estrangeiras que entram em contato com consultorias ou escritórios de contabilidade especializados acaba esbarrando nas dificuldades do processo e, muitas vezes, desistem. Queiroz observa que, enquanto algumas empresas conseguem se estabelecer no Brasil, muitas desistem antes de completar o processo devido à complexidade e à frustração com os obstáculos burocráticos e tributários.
"A verdade é que o processo de nacionalização envolve etapas complexas e muitas vezes desanimadoras. Em muitos casos, o empresário começa empolgado, mas ao se deparar com a burocracia e a complexidade tributária, ele se sente perdido e desiste", explica o especialista.
Um ponto fundamental destacado por Queiroz é o papel essencial do contador especializado. Ao contrário do que muitos pensam, o contador não é apenas responsável por preencher formulários fiscais, mas sim um aliado estratégico no processo de nacionalização. O contador orienta o empresário sobre como operar dentro das normas brasileiras, ajustando-se à legislação local e garantindo que todos os documentos estejam devidamente adaptados.
"Eu costumo dizer para os empresários estrangeiros que quando eles entram em contato comigo, já tenho uma visão clara de quais documentos precisam e como posso ajudá-los. Isso é um grande diferencial, porque o processo fica muito mais rápido e sem surpresas", afirma Queiroz.
Apesar desses desafios, Queiroz acredita que o Brasil continua sendo um mercado promissor, especialmente para empresas que estão dispostas a investir em setores estratégicos como indústria automobilística, tecnologia e metalurgia. Ele observa que a demanda por nacionalização no Brasil segue alta, e os investidores continuam buscando suporte especializado para superar as barreiras legais e fiscais.
"Mesmo com todos os obstáculos, o Brasil continua sendo um mercado promissor, especialmente para empresas que estão dispostas a investir em setores estratégicos. No entanto, é preciso entender que o processo de nacionalização exige paciência, conhecimento e a orientação correta", conclui Queiroz.
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