O papel do pequeno investidor na defesa da integridade financeira das empresas seguradoras: um olhar crítico sobre a auditoria e a importância da transparência
Armando L. Francisco
O papel do pequeno investidor na defesa da integridade financeira das empresas seguradoras: um olhar crítico sobre a auditoria e a importância da transparência
Hoje, não estou escrevendo como corretor de seguros nem como jornalista, mas como acionista de seguradoras. Portanto, vou abordar o papel da auditoria em relação aos balanços das seguradoras.
Para quem não sabe, um pequeno investidor pode fazer suas colocações para o conselho de administração. Outra opção é participar das assembleias ou enviar suas sugestões por escrito para o departamento de relações com investidores, tanto no Brasil como em qualquer parte do mundo.
Nos dias atuais, o conhecimento profundo das despesas de uma companhia de seguros e das ações dos seus gestores é crucial para a tomada de decisões e para a proteção dos investimentos dos acionistas. É essencial que haja transparência e conformidade na administração, compliance e auditoria das companhias de seguros, a fim de assegurar a eficiência e a ética nos negócios.
A tarefa do Auditor
Algumas técnicas comuns incluem:
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Análise de transações suspeitas: O auditor deve examinar todas as transações que parecem suspeitas ou incomuns no meio corporativo, especialmente as que envolvem grandes somas de dinheiro.
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Verificação de registros contábeis: O auditor deve verificar se as informações contábeis e financeiras estão sendo registradas de forma precisa e completa. Isso pode incluir revisão de registros de receitas, despesas, investimentos, passivos e ativos das empresas por um período maior que 10 anos.
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Verificação de compliance: O auditor deve verificar se a empresa está em conformidade com as leis e regulamentações aplicáveis, incluindo as leis de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, códigos internos de conduta etc.
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Análise dos procedimentos de controle interno: O auditor deve analisar os procedimentos de controle interno da empresa, especialmente a revisão das políticas e procedimentos de compliance, bem como a análise de relatórios de auditoria interna.
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Entrevistas com funcionários: O auditor pode realizar entrevistas com funcionários das empresas para identificar possíveis sinais de alerta ou comportamento antiético, por exemplo, sobre destino de investimentos em publicidade, eventos, shows específicos etc.
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Revisão dos relatórios de auditoria anteriores: O auditor deve revisar os relatórios dessas auditorias anteriores para identificar quaisquer problemas ou preocupações que possam ter sido levantados em auditorias realizadas.
Ao realizar essas atividades, o auditor pode identificar potenciais problemas ou sinais de desvios de finalidade. No entanto, é importante lembrar que a detecção de desvios de finalidade pode ser um processo difícil e muitas vezes requer a aplicação de diversas técnicas de auditoria para identificar evidências suficientes.
Vale ressaltar que o auditor deve ser independente e imparcial em sua avaliação, evitando conflitos de interesse ou pressões internas que possam comprometer sua integridade no relatório.
Em alguns casos, é necessário solicitar a ajuda de especialistas em áreas específicas, como contadores forenses, investigadores e advogados, para auxiliar na análise de informações e identificação de possíveis irregularidades.
Em última análise, a detecção de alertas em um balanço exige um compromisso contínuo com a integridade e transparência. Os auditores devem permanecer vigilantes e atualizados sobre as novas técnicas e práticas de auditoria para cumprir seu papel de forma mais eficaz e garantir a confiança do público nos relatórios financeiros das empresas.
Quando uma empresa de capital aberto falha na auditoria, isso pode indicar falta de conhecimento ou habilidade dos auditores. Se a empresa de auditoria não souber por onde começar ou não tiver o conhecimento necessário para conduzir uma investigação eficaz, isso não será refletido criticamente no balanço.
As revisões de compliance podem ajudar a identificar quaisquer lacunas ou deficiências nos processos de conformidade da empresa e a implementar medidas para corrigi-las.
Outro aspecto importante é a revisão das contas de fornecedores únicos das empresas de capital aberto. Se o auditor não revisar adequadamente as contas de um único fornecedor, pode haver erros internos nas demonstrações financeiras da empresa, o que pode afetar a tomada de decisão dos investidores e gerar perdas financeiras.
Se esse fornecedor único for um monopólio, pior ainda, pois haverá poucas alternativas de fornecimento para a empresa. Nesse caso, é importante que as empresas de capital aberto tomem medidas para garantir que seus auditores estejam realizando revisões adequadas nas contas dos fornecedores, comparando suas despesas por mais de 10 anos.
Uma possível medida que as empresas podem tomar é aumentar a transparência em suas demonstrações financeiras, fornecendo informações detalhadas sobre seus fornecedores.
As empresas de capital aberto são regulamentadas por órgãos governamentais e possuem obrigações fiduciarias com seus acionistas. Isso significa que a diretoria deve tomar decisões que visem maximizar o retorno financeiro dos investimentos e atender aos interesses dos acionistas.
Além disso, é fundamental que a empresa possua processos claros e rigorosos de avaliação dessas despesas com fornecedores únicos e de longa data, para assegurar que os recursos estejam sendo alocados de forma adequada e em conformidade com os objetivos estratégicos da companhia.
A análise criteriosa de despesas deve considerar não apenas os custos imediatos, mas também os benefícios potenciais para a empresa, como aumento da receita, melhoria da eficiência operacional e fortalecimento da marca. Além disso, é importante avaliar a relação custo-benefício de cada despesa e buscar alternativas mais econômicas e efetivas, quando possível.
Vamos a um exemplo ou caso hiperbólico, significando que qualquer caso semelhante não passa de uma simples coincidência:
No país chamado Descontrole, os funcionários das seguradoras decidiram comprar cotas de patrocínio para um grande evento. Para a realização do programa havia diversas cotas de todos os tipos e valores, que somavam DR$20 milhões na moeda local. Também havia a cobrança de valores dos participantes, totalizando outros DR$10 milhões. Geralmente, o congresso durava três dias, com palestras bem desenvolvidas, shows, brindes, comidas e bebidas. A organização era primorosa.
Após a venda das 25 cotas, cada empresa teve um tipo de desembolso. A seguradora de Descontrole que comprou a maior cota investiu DR$2 milhões. Outras empresas investiram DR$500 mil, DR$1 milhão e assim por diante.
O número máximo de participantes era de 2 mil pessoas. Afinal, para 10 mil pessoas, seria necessário contratar um estádio.
Vamos aos números: DR$20.000.000,00 / 2 mil pessoas = DR$10.000,00 investidos em cada pessoa. Lembrando que a moeda local é o Descontrole Real.
Não podemos esquecer que houve a cobrança individual, que arrecadou DR$10 milhões.
Vamos às questões básicas referentes ao descontrole de Descontrole:
Quem autorizou o pagamento de uma despesa tão alta lá, em um único evento?
Quantos eventos mais regionais desse tipo ocorriam por ano em Descontrole?
Qual é a medida usada para tentar esclarecer o impacto de uma soma tão grande em um número tão pequeno de participantes registrados?
Onde a auditoria destacou isso no balanço? Qual foi a crítica do auditor de Descontrole sobre a questão?
Obviamente, não tenho conhecimento se isso aconteceria no Brasil ou qualquer parte do mundo, na realidade, mas isso poderia ter sido evitado lá, certo? Como? Lembrou-se do método 5W3H? Um caso como este poderia ter sido facilmente evitado?
De quem deveria ser cobrada a falta de interesse de gestão sobre este assunto de Descontrole?
No entanto, o que faltou aos auditores do país chamado Descontrole - um conto de fadas do século XXI por não enxergarem um palmo na frente dos olhos dessa questão lá em Descontrole?
Como era armada a ação factóide para que se demonstrasse aos acionistas que aquilo era realmente necessário e daria retorno a empresa?
Eu quero esclarecer uma coisa: quando afirmei que qualquer coisa semelhante a isso não passa de uma mera coincidência, não exagerei, mas não quis dizer que, como acionista, não tenha uma preocupação semelhante em fechar as torneiras do prejuízo que uma coisa dessas acarretaria se tomasse corpo no mundo real, e que queira fechar a porta do desperdício no nosso mundo corporativo.
Armando L. Francisco
Jornalista e Corretor de Seguros
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