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TOKIO MARINE SEGURADORA

Um olhar atento para a Síndrome de Burnout

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Dra Monia - crédito Talita Schroeder Dra Monia - crédito Talita Schroeder

Mônia Bresolin, psiquiatra e psicogeriatra que integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC).

A síndrome de burnout (SB) é uma condição que pode se desenvolver em resposta a estressores constantes e prolongados no ambiente de trabalho. Engloba três dimensões: exaustão (sentimentos de falta de energia, esgotamento e fadiga crônica resultantes de demanda excessiva de trabalho e do estresse), despersonalização (sentimento de negativismo, sarcasmo e cinismo/descaso relacionados ao trabalho e distanciamento mental do trabalho; atitude apática ou desapegada em relação aos colegas e às atividades relacionadas ao trabalho) e redução da realização profissional (sentimentos de inadequação e baixa autoestima, decorrentes da crença de que os objetivos profissionais não foram alcançados, levando à perda de interesse e perda do significado do trabalho).

Fatores ambientais, suporte social, ocorrência de transtornos psiquiátricos e características de personalidade interferem na resposta a eventos estressantes de forma adaptativa ou não; logo, podem ser fatores protetivos ou representar riscos para o desenvolvimento da SB. Uma estimativa precisa da prevalência de burnout teria implicações importantes nas políticas de saúde, mas a prevalência geral ainda é desconhecida. Estima-se que em profissionais nas quais há contato interpessoal contínuo e envolvimento emocional intenso, como profissionais da saúde, da segurança e da educação, as taxas de SB possam ser especialmente elevadas.

Os fatores que podem aumentar o risco para o desenvolvimento da SB são internos e externos. Os fatores internos são: altas expectativas (idealistas de si), alta ambição, perfeccionismo; forte necessidade de reconhecimento; necessidade de agradar as outras pessoas, suprimindo as próprias necessidades; dificuldade em delegar tarefas; sobrecarga de trabalho e negligência das próprias necessidades; trabalho como única atividade significativa, trabalho como substituto da vida social; altos índices de neuroticismo (instabilidade emocional) e baixos níveis de abertura à experiência (inflexibilidade); presença de doenças crônicas e de transtornos psiquiátricos, sexo feminino, uso de medicação e insatisfação com a carreira.

Já os fatores externos compreendem fatores institucionais, alta demanda de trabalho, problemas de liderança e colaboração, instruções contraditórias, pressão do tempo; má atmosfera no trabalho, assédio moral; falta de liberdade para tomar decisões; falta de influência na organização do trabalho; poucas oportunidades para participar; baixa autonomia/direito de contribuir com opiniões; problemas de hierarquia; má comunicação interna (empregadores, funcionários); restrições administrativas; pressão de superiores por aumento de responsabilidade; má organização de trabalho; falta de recursos (pessoal, financeiro); regras e estruturas institucionais problemáticas; falta de oportunidades percebidas de promoção; falta de clareza sobre papéis; falta de feedback positivo; mau trabalho em equipe; e ausência de apoio social.

As consequências para o bem-estar e a saúde dos trabalhadores são variadas. Diversos estudos prospectivos e de alta qualidade mostram consequências físicas, psicológicas e ocupacionais do burnout do trabalho. Ela pode ser um preditor significativo das seguintes consequências físicas: hipercolesterolemia, diabetes tipo 2, doença cardíaca coronariana, internação por transtorno cardiovascular, dor musculoesquelética, alterações nas experiências de dor, fadiga prolongada, dores de cabeça, problemas gastrointestinais, problemas respiratórios, lesões graves e mortalidade abaixo dos 45 anos. Os efeitos psicológicos podem ser insônia, sintomas depressivos, uso de psicotrópicos (psicofármacos) e antidepressivos, insatisfação no emprego, absenteísmo, precoce aposentadoria por invalidez, demandas negativas no emprego e recursos humanos e presenteísmo (ação de estar presente no local de trabalho, exercendo suas funções habituais, geralmente mais horas do que o suposto e de maneira improdutiva). Dentre outros desfechos relacionados à SB, podem-se citar: redução na qualidade do trabalho realizado; maiores taxas de condutas equivocadas e negligência; abuso e dependência de álcool e drogas, suicídio.

Antes de se fechar um diagnóstico de SB, é preciso verificar a possibilidade de outra condição que possa estar gerando os sintomas, por exemplo, transtornos depressivos e bipolares; transtorno de ansiedade; transtorno de adaptação; transtornos de personalidade; além de condições médicas associadas a sintomas de fadiga e cansaço. Os impactos individuais e sociais do burnout destacam a necessidade de intervenções preventivas e identificação precoce dessa condição de saúde no ambiente de trabalho. É importante destacar que alguns sintomas de SB parecem se assemelhar aos da depressão e da ansiedade.

Para o tratamento considera-se tratar os transtornos mentais concomitantes; psicoterapia (reestruturação cognitiva, resolução de conflitos, gerenciamento do tempo, desenvolvimento de habilidades de enfrentamento, reorientação profissional); e intervenções focadas no bem-estar e na resiliência (técnicas de relaxamento, mindfulness, desenvolvimento de redes de apoio social, exercício físico). Tanto estratégias individuais quanto estruturais ou organizacionais podem resultar em reduções clinicamente significativas no burnout entre os trabalhadores. Soluções individuais e institucionais proporcionam melhorias ainda maiores no bem-estar do trabalhador do que aquelas alcançadas com soluções individuais.


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