Diversidade, equidade e inclusão: A resiliência feminina no mundo corporativo
Débora Neves, líder da área de ESG da Teltec Solutions
*Débora Neves
Um ambiente corporativo mais diverso, equitativo e inclusivo começa com as pessoas e com as práticas educacionais e programas promovidos pelas organizações. Especificamente em relação às mulheres, sua participação ativa no mercado não só contribui para a justiça social, mas também agrega uma riqueza de perspectivas que fomentam a inovação e a sustentabilidade nas empresas.
Um estudo da McKinsey & Company revela que empresas com maior diversidade de gênero têm 21% mais chances de serem lucrativas em comparação com a média do setor. Não seria para menos, afinal, as mulheres trazem consigo uma história de superação e resiliência, conquistada ao longo dos anos para ocupar espaços. Essa trajetória reflete em características essenciais para qualquer liderança: resiliência, comprometimento, comunicação empática, atenção aos detalhes e habilidade de conectar temas complexos. Seu olhar único garante criatividade e capacidade de humanizar processos e relações, enriquecendo os ambientes de trabalho.
No entanto, apenas 5% das empresas da Fortune 500 são lideradas por mulheres, o que mostra que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Além disso, as mulheres representam apenas 29% dos cargos de liderança globalmente, apesar de serem quase metade da força de trabalho, de acordo com a International Labour Organization (ILO).
No Brasil, o cenário é ainda mais desafiador. Um estudo de 2023 da consultoria Grant Thornton revela que apenas 20% dos cargos de liderança no país são ocupados por mulheres, demonstrando a necessidade de ações mais efetivas. Mais do que isso, de acordo com o IBGE, as brasileiras ganham, em média, 20,5% menos que os homens, e essa disparidade salarial é ainda maior em cargos de alta liderança.
Para que esses números avancem de forma positiva e a diversidade cresça de maneira consistente, é fundamental que as empresas implementem medidas práticas para promover a inclusão. Uma estratégia eficaz é a criação de um banco de talentos permanente e exclusivo para mulheres, incentivando o cadastro das candidatas. Outra ação importante é utilizar uma linguagem inclusiva na divulgação de novas vagas, evitando reforçar pressupostos sobre gênero. Durante o processo de recrutamento e seleção, a criação de critérios como a presença de pelo menos uma candidata do gênero feminino na etapa final é um passo essencial para assegurar a representatividade.
Além de processos, precisamos investir em uma cultura que inclua e dialogue sobre temas relevantes e atuais em nossa sociedade. Nesse sentido, promover treinamentos que estimulem o protagonismo feminino permite que as pessoas se conectem com a diversidade e com novas linguagens e conceitos sobre a visão de mundo. Rodas de conversas entre mulheres e integração com parceiros sobre a pauta - seja em datas comemorativas ou com temas específicos, também proporcionam trocas de experiências, facilitam a identificação e o compartilhamento de suas histórias. Através desses momentos, incentivamos um ambiente acolhedor, conectamos pessoas, valorizamos trajetórias e potencializamos o negócio.
E não temos como não citar outra barreira que as mulheres ainda enfrentam no mercado de trabalho: a sua maternidade. Uma pesquisa realizada pelo Insper e pelo Talenses Group revelou que 48% das brasileiras que se tornam mães sentem que suas chances de promoção diminuem após a maternidade. O mesmo estudo apontou que 37% das mulheres acreditam que a maternidade é um obstáculo para alcançar cargos de liderança. Além disso, um levantamento da Harvard Business Review revelou que 42% das mulheres ainda enfrentam preconceitos no local de trabalho, e muitas acabam deixando suas carreiras por falta de apoio e flexibilidade. Um cenário preocupante, que reforça a necessidade de políticas de suporte, como licença parental remunerada e horários de trabalho flexíveis, por exemplo, para que as mulheres possam equilibrar suas responsabilidades profissionais e pessoais sem comprometer o desenvolvimento de suas carreiras.
Para que esse contexto seja alterado e as iniciativas se transformem em programas, a governança corporativa desempenha um papel decisivo como guardiã de uma gestão ética e responsável. A transparência é um elemento essencial para fortalecer a confiança e garantir que, independentemente do gênero, todos tenham oportunidades igualitárias para seu desenvolvimento. Isso deve ser aliado a um ambiente corporativo que valorize o respeito, por meio do seu código de ética e, certamente, pelo exemplo e apoio da alta liderança. Dessa forma, esses valores são integrados na cultura organizacional, refletindo de fato na promoção da diversidade, equidade salarial e inclusão.
Em resumo, promover a inclusão e o empoderamento feminino no ambiente corporativo não é apenas uma questão de equidade, mas também de estratégia. As empresas que abraçam a diversidade e a inclusão estão na vanguarda da inovação e da sustentabilidade, com resiliência e visão de futuro. O universo feminino contribui de forma singular, permitindo alcançar novos horizontes, movidos pela atitude diante dos desafios, pela força de superação e pelos talentos das mulheres.
*Débora Neves é líder da área de ESG da Teltec Solutions
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