Precisamos muito de seguradores raízes, que aceitem riscos sem freios ABS
Armando Luís Francisco
Todo segurador raiz é um excelente administrador, mas nem sempre um administrador de companhia é um segurador raiz.
Exemplos não faltam. E às vezes o balanço não reflete a realidade. Algumas coisas ficam fora do balanço, mas não dos ouvidos dos que conhecem o mercado.
Imbróglios judiciais, por exemplo!
Mas não é essa a perspectiva deste meu texto, mas a consolidação do que não se pode admitir em uma seguradora em Pasárgada: não aceitar correr risco mensurado, porque errou em prever esse mesmo risco e agora treme de medo de enfrentar o problema que ele mesmo criou.
Creiam, eu vi sim os balanços das seguradoras de Pasárgada. E ledo engano achar que não conheço o que estou falando. Sim, eu sei que tem congênere que não vê dinheiro sobrando há quase três anos. E têm seguradoras que estão bancando de R$ 500 milhões a R$ 1 bi.
O que fazer, então? Vender tudo e sair porta a fora? Talvez seja uma boa saída, mas não a única!
Mas isso não aconteceu com o segurador raiz! Observe o segurador raiz e seu balanço. Veja como ele dinamizou, no mesmo quadro matemático e estatístico dos demais, na surpresa que foi a pandemia. Então, o que mudou? Talvez se tenha um exemplo para dimensionar o que o mercado precisa fazer para elevar seus prognósticos empresariais.
E o que não é raiz: Não aceitar correr riscos. E o que não é aceitar correr riscos? Excluir a possibilidade de riscos ou diminuí-la de tal forma que a única coisa que conta é entregar alguma coisa pífia para os acionistas, disfarçados de lucro, com consequências mascaradas por esses mesmos "abonos".
E sabe o que acontece depois?
Vou te dizer sem mascarar. Mas antes eu vou te informar que há uma massificação de recusas de aceitação de propostas, por exemplo. Sim, o segurador raiz pensou muito bem em uma estratégia para minimizar essas consequências dos riscos, que se efetivaram por falta de noção do que é correr riscos que surpreendem.
Antes, também, eu quero contar um segredo: boa parte dos acionistas entende de números, mas pouco da estratégia securitária e aspectos comerciais do nosso rincão sul americano. Aqui é Brasil! Portanto, o compliance deveria ser moldado para os nossos aspectos costumeiros. E conheço alguns seguradores raízes que têm o estímulo dos donos dos negócios - e que estão lá fora felizes e esperançosos. Esses nadam no paraíso do prestígio, porque merecem a láurea e o pódio do negócio. Mas há evidências (no Brasil?) que alguns nunca serão cobrados por seus erros, apenas se denotando na importante saída em meio ao turbilhão do prejuízo, que se conserva no cofre frio e silencioso, que fica debaixo do tapete da sala de "audição" de Pasárgada, para não se conturbar ainda mais o bolso do acionista e a fé no contrato de trabalho de si.
E como sabemos a medida do que o segurador raiz faz, ou a imensidão que os seguradores gerais fazem?
O segurador raiz não deixa escapar o nicho e nem o risco, medindo o lucro!
Acham que estou sistematizando o conceito? Resumidamente, sim, com contos! E vou provar agora que isso é uma realidade, abrindo a diretriz para se pensar.
O que o segurador não raiz não consegue segurar é a concorrência, mas não do raiz. E uma concorrência que se chama no mercado segurador de desleal: a Proteção Veicular, chamada por muitos de seguro marginal ou seguro pirata, que nada de braçadas neste nosso mercado!
E quando eles descobrirem o segredo, que eu sei qual é, mas não vou falar aqui pra não agravar a crise de identidade de nossa ilustre indústria seguradora, a coisa toda vai fazer muita diferença no futuro dessas companhias.
Pense bem e observe que têm seguradores que conseguiram equalizar essa demanda e cresceram em número de objetos segurados, minimizando a saída dos riscos. Esses mesmos seguradores são modernos ao extremo, conseguem tirar da carteira boa parte dos riscos ruins, mas - de novo - não massificaram a saída de objetos de suas carteiras.
O segredo que eu não contei aqui, para os meus leitores seguradores, também não será contado para os colegas corretores, porque diriam que isso poderia funcionar em nosso mercado e com convicção no mercado marginal, também, afetando mais um já afetado, redundante novamente, mercado segurador, que talvez não entenda o que é ser um segurador raiz.
Vou ser mais indagador, para concluir:
Como é que um mercado marginal consegue tamanha evidência de crescimento, aceitando riscos?
Tenho certeza que o que a maioria desses mesmos seguradores pensou, trilhou os detalhes de como eles - piratas - conseguem vender mais barato e tomarem seus lugares agnósticos das poltronas. Primeiro erro! Eles não somente crêem bem, mas conseguem o melhor possível, em meio a crise da aceitação legal do seguro marginal e desse nosso e outro mercado, e nem dão bola pra nada isso, porque sabem que há um campo aberto pela massificação de recusas.
Sim, meu querido amigo segurador, precisamos de raízes. A pergunta é: você é esse ou essa cara do exemplo do segurador raiz de Pasárgada?
Armando Luís Francisco
Jornalista e Corretor de Seguros
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