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Débito ou crédito? Dinheiro mesmo!

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Piero Contezini - CEO e cofundador da fintech Asaas Piero Contezini - CEO e cofundador da fintech Asaas

Alguns diziam que o pagamento em dinheiro era uma forma quase morta de transação e que seria encerrado em breve, ainda mais com a iniciativa de fintechs que desburocratizaram a maneira como lidamos com os bancos e seus cartões. Há alguns anos, a aposta era o bitcoin, a chamada moeda virtual. Diziam que as cédulas e as moedas seriam substituídas, em um futuro próximo, por tecnologias desse tipo. Contrariando a previsão de muitos especialistas e consumidores, os pagamentos em dinheiro não só se mantêm como uma forma muito utilizada atualmente, como podem ganhar mais adeptos nos próximos meses aqui no Brasil. Vide iniciativas como o Uber, que apesar de totalmente digitais, já incluem o papel moeda e os “níqueis” como alternativas possíveis.

Isso porque o Governo Federal anunciou a medida provisória 764/2016, que permite que sejam oferecidos descontos para quem pagar em dinheiro. A tendência é que as cédulas ganhem ainda mais destaque nas transações financeiras brasileiras. Não que o dinheiro fosse subjugado anteriormente: o Banco Central estima que, em 2015, 42% dos pagamentos foram feitos com cartões de débito e crédito, o que equivale a um total de R$ 1 trilhão. No mesmo período, os brasileiros sacaram R$ 1,3 trilhão nos caixas eletrônicos.

A valorização do dinheiro em espécie também ocorre em países mais desenvolvidos que o Brasil. De acordo com um estudo divulgado pela Bloomberg, agência de notícias financeiras, países como a Austrália, Áustria, Canadá, França, Alemanha, Holanda e EUA ainda utilizam muito mais cédulas e moedas do que outras forma de pagamento. Ele ainda é o preferido dos alemães e austríacos, principalmente em transações menores. Em cinco dos sete países analisados, os consumidores carregam pelo menos o equivalente a US$ 30.

A medida brasileira, que ainda enfrenta resistência dos órgãos de proteção ao consumidor, busca eliminar uma taxa paga ao intermediário no comércio: as operadoras de cartão de crédito, que acabam retendo um percentual por transação e têm até 30 dias para repassar o valor ao lojista. Mas, para que os empresários possam oferecer esse desconto para todas as formas de pagamentos, é necessário contar com ferramentas para suportar o recebimento tanto por depósito como por transferências. Assim, a medida que procura facilitar e melhorar a taxa de lucro nos negócios brasileiros pode confundir, ainda mais, empreendedores e consumidores.

No fim, não podemos nos ater tanto à tradição. Mesmo se tratando de uma forma de pagamento tão antiga, é sempre essencial que os empresários contem com o auxílio das soluções já disponíveis no mercado e que comportam todos os meios de pagamento. A tecnologia sempre evolui conforme as necessidades das pessoas. Hoje, a realidade é o retorno das cédulas e moedas nas transações, mas os empresários e os consumidores precisam se preparar para os outros cenários possíveis. Ninguém sabe o que vem no futuro. Talvez as bitcoins realmente se destaquem nos próximos anos, talvez não. O importante é sempre contar com uma ajuda para manter-se atualizado nas tendências e oferecer, ou usar, a melhor alternativa para o bolso do seu cliente. Este cenário está em constante evolução, e o que muda é aquela velha pergunta: vai pagar no crédito ou no débito? Muita gente vai começar a dizer: “em dinheiro”.


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