Mercado de US$ 100 bilhões, segurança de dados ganha atenção das fintechs
Movimento conta com lançamento de selo voltado a startups da área de inovação em serviços financeiros, focado na busca por transparência sobre as ações de proteção de dados para tais empreendimentos
Ainda em 2019, mais de US$ 100 bilhões serão investidos em segurança da informação, segundo o Gartner. A consultoria também indica que, só em serviços, este mercado movimente cifras 8,7% maiores, este ano, em relação a 2018, chegando a cerca de US$ 64,2 bilhões.
Outro segmento que vem em onda de ascensão é o de startups. Desde 2011, quando o empreendedorismo digital iniciou sua trajetória de alta no país, os fundos estrangeiros voltados a este setor já aportaram em torno de R$ 13 bilhões no Brasil. Só em 2018, as empresas de venture capital destinaram US$ 1,3 bilhão ao segmento, expansão de 51% sobre 2017, conforme a Associação Latino-americana de Private Equity e Venture Capital (Lavca).
Índices promissores que vêm animando iniciativas no país. Um exemplo é o recente lançamento do Selo de Segurança, que busca trazer mais transparência sobre as ações de proteção de dados para as chamadas fintechs, startups que usam a tecnologia para oferecer produtos na área de serviços financeiros de forma inovadora.
O selo, lançado pela associação brasileira do setor, a ABFintechs, reforça atenções a um mercado já bem impulsionado: um estudo da Accenture mostra que os aportes globais na área de tecnologia financeira subiram 67% no primeiro trimestre de 2019, na comparação com o mesmo período do ano passado, somando US$ 5,3 bilhões. Nas fintechs, tais investimentos dobraram no mesmo intervalo.
A própria ABFintechs indica, em uma pesquisa realizada em parceria com a PwC Brasil (PricewaterhouseCoopers), que, em 2011, 28 startups financeiras haviam sido criadas, enquanto em 2018 o índice foi de 219.
Parceiro da ABFintechs no lançamento do selo, o IT2S Group ressalta que o objetivo é fomentar as boas práticas de segurança da informação e proteção de dados pessoais, no âmbito da LGPD.
O selo possui três níveis. No inicial, a startup se compromete a atender todas as indicações do Guia disponível para download no website https://fintechsegura.com.br, que contém todas as diretrizes de segurança a serem seguidas e a lista das empresas que se comprometerem com a questão.
No segundo nível, que será lançado em breve, a ideia é ter profissionais de segurança capacitados para realizar uma auditoria na fintech e saber se realmente apresenta todos os controles necessários. Além disso, as diretrizes do Guia devem ser expandidas para avaliar empresas com negócios e processos mais maduros.
O terceiro nível é voltado para startups que já possuem certificação no mercado e, desta forma, podem atestar o cumprimento de boas práticas de segurança.
"A ABFintechs iniciou o trabalho com eventos e fóruns de discussões sobre o tema e agora, parte para uma estruturação desta informação e de recomendação de boas práticas. O novo selo é muito importante para reduzir o atrito de conversão e mostrar para a população que as fintechs são empresas sérias que estão preocupadas não só com a segurança dos dados, mas também com toda a parte regulatória e legal, do mercado financeiro", explica Mathias Fischer, diretor de regulação da Associação Brasileira de Fintechs. "Decidimos aproveitar a experiência do IT2S Group e fazer isso de uma forma mais formal e estruturada, aplicando a bagagem e expertise que a empresa tem neste tema para auxiliar na criação do Selo", completa.
Já Leonardo Goldim, diretor Executivo do IT2S Group, afirma que a ideia do selo surgiu há um ano, com base em uma experiência similar que vivenciou na Cloud Security Alliance (CSA).
"A CSA utiliza este mesmo formato de certificação. Então, a parceria com a ABFintehcs começou a ser formatada. Na primeira versão do manual, a ideia é que os controles e requisitos de segurança possam ser aplicados a todas as startups, independente do nível de maturidade do negócio. Hoje, grande parte dos problemas de segurança ocorrem por falha no desenvolvimento, atividade fundamental em startups", esclarece Goldim.
O selo, segundo ele, vem em linha com uma necessidade de mercado, de uma série de clientes que procuram o setor com uma demanda externa de empresas maiores, como bancos e investidores, que cobram esta adequação.
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