Produtores de vinhos adotam medidas sustentáveis e ecológicas para ampliar negócios no Brasil e no mundo

O onda do consumo consciente, com apelo ao mote de vida e alimentação mais saudáveis, já colocou nas prateleiras diversos produtos. Agora são os vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais que ganham espaço no paladar, no bolso e carrinho de compras do consumidor.

Trata-se de uma tendência mundial de crescimento em todo o setor de alimentos artesanais e orgânicos. Segundo dados da empresa de pesquisa Wine Intelligence, o mercado de vinhos feitos a partir de uva orgânica representa 2,8% do total e teve umA expansão de 20% nos últimos cinco anos.

As opções são variadas e estão disponíveis em lojas especializadas, cartas de restaurantes e também para a casa dos próprios consumidores. As classificações são diferentes das tradicionais. Os produtores acreditam que as bebidas biodinâmicas e naturais têm tudo para crescer no mercado, já que também têm menor impacto ambiental e ainda oferecerem maior autenticidade à bebida.

Publicações especializadas em enologia no setor afirmam que trata-se de um desafio reconhecer as diferenças da bebida logo no primeiro gole, sendo possível somente identificar uma ‘evolução’ no sabor, comparando um mesmo vinho que era elaborado sem essas práticas com outro que passou a ser orgânico.

Um produto é orgânico quando o agricultor utiliza a­pe­nas insumos naturais para comba­ter as pragas, ou seja, não há o uso de pes­ticidas, fertilizantes e nem outros componentes químicos. De acordo com os fabricantes desses tipos de vinhos, com o solo limpo, as videiras crescem sem a intoxicação de fungicidas, acompanhando o fruto até o processamento. Vale lembrar que existem algumas permissões em relação ao uso de antifúngico, conservantes e adição de leveduras específicas no processo de fabricação.

No Brasil, as bebidas devem ter o selo “Produto Orgânico Brasil”. Nesse caso, uma certificadora credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) atesta que o produto obedece às normas da produção orgânica. Em geral a bebida é menos transparente, por ter sido menos manipulada, o que, de acordo com a maioria dos enólogos, representa mais fielmente o seu terroir.

Nicho de mercado - Alinhados com a tendência mundial de consumir produtos com a lógica da segurança alimentar, a Wine South America 2019, principal evento do setor na América Latina, que acontece entre 25 e 27 de setembro, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, terá uma área exclusiva para esses produtores este ano. “Pela primeira vez, teremos um salão dedicado ao tema e que, até o momento, tem quatro vinícolas do Sul confirmadas. Investimos nisso porque é um setor cujo comprador tem demandado bastante”, garante o diretor do evento, Marcos Milanez.

Preço - O valor dos vinhos orgânicos e biodinâmicos chega a ser até 15% mais caro em relação aos rótulos comuns, porque esse tipo de cultivo é mais custoso, além de restrições dentro da vinícola e, principalmente, pela capacidade de produção.

O vinho orgânico não é a mesma coisa o que vegano, pois o primeiro tem atenção com a uva e, quando ela está para se tornar vinho, pode ser clarificada com o uso de uma proteína, que pode ser de origem vegetal ou animal.