Impacto das questões ambientais no negócio do seguro é tema de pesquisa da Susep, apresentada em primeira mão pelo Portal CNseg
Empresas ainda consideram pouco os impactos das mudanças climáticas no negócio
Interessada em saber como as seguradoras que atuam no mercado brasileiro avaliam o impacto das questões ambientais no negócio, a Susep realizou, em novembro de 2016, uma pesquisa eletrônica com 130 das 172 seguradoras em atividade por aqui, correspondendo a 75,6% do universo total.
Ainda em fase de análise e segmentação das informações, os resultados completos da pesquisa devem ser apresentados ao público em abril, mas em visita à sede da CNseg, quando participaram extraordinariamente de reunião de sua Comissão de Sustentabilidade e Inovação, a assessora do Superintendente da Susep, Natalie Hurtado, e a especialista no tema ambiental na SUSEP, Denise Mantovani de Felipe, apresentaram alguns resultados baseados na pesquisa e em outros estudos anteriores.
Apesar de 80% das empresas ouvidas afirmarem que entendem as questões ambientais como importantes para a estratégia de negócio, 85% delas não têm uma política de prevenção contra os efeitos das alterações climáticas nas gestões de risco e de investimento. 86% das empresas também não tomam qualquer medida para encorajar os segurados a reduzir os sinistros causados por eventos ambientais.
Também são poucas as seguradoras que consideram os impactos das mudanças climáticas e de outros riscos ambientais em seus investimentos. 11%, mais precisamente.
Já em relação às empresas com oferta de produtos para apoiar atividades de baixo carbono, estas correspondem a apenas 18% das entrevistadas, número considerado baixo, assim como os 29% referentes às empresas que incluem cláusulas ambientais nos contratos.
Buscando identificar a porcentagem de seguradoras com política corporativa ou de subscrição de risco relacionadas a aspectos ambientais, a pesquisa chegou ao índice de 19%.
Curiosamente, mesmo com 67% das empresas considerando que os desastres naturais são relevantes para o negócio, apenas 51% delas consideram as mudanças climáticas um risco importante.
Entre as conclusões iniciais, a pesquisa identificou que as companhias brasileiras, em geral, ainda abordam as questões ambientais apenas nos processos internos, como nos programas de conscientização da importância da economia de energia, água e outros recursos, ignorando que a maior parte dos possíveis impactos acarretados pelas mudanças climáticas se darão nas operações finalísticas, vinculadas aos investimentos e atividades de subscrição de riscos.
“A preocupação com a sustentabilidade não deve ser apenas uma questão moral, mas também de sobrevivência do negócio, relacionada à solvência de longo prazo das empresas”, afirmou Natalie, para quem as seguradoras brasileiras, particularmente as de maior porte e participação no mercado, não são tão proativas quanto deveriam, dependendo, muitas vezes, de leis ou acordos internacionais para agir.
E para ajudar a tentar mudar esse quadro, durante a visita das representantes da Susep à CNseg, foi discutida a realização de um workshop setorial para fortalecer a preocupação com as questões Ambientais, Sociais e de Governança (ASG), bem como apresentar um pouco da visão e das melhores iniciativas do mercado internacional sobre o tema. Aguardemos.
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