Serviço de telessaúde será alternativa de acompanhamento para quem desenvolveu sequelas de epidemias

Com a variação de temperatura nas mudanças das estações do ano, cada época é propícia para a disseminação maior de algum tipo de vírus. No verão, por exemplo, com a maior incidência de chuvas, aumenta a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya. Neste ano, Minas Gerais ficou em situação de emergência em saúde pública por causa dessas arboviroses. De 26 de janeiro a 1º de julho, mais de 1,6 milhão de casos foram registrados no estado, segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

De acordo com a médica de família e comunidade Clarissa Santos, muito foi falado sobre as consequências da pandemia da covid-19, mas outras epidemias também estão causando sequelas que, frequentemente, não são adequadamente tratadas, como pode acontecer no caso do desenvolvimento de chikungunya crônica. “A chikungunya tem uma fase aguda, marcada por febre, dor no corpo, nas articulações, fadiga, entre outros sintomas. Porém, numa parcela de pacientes, em torno de 50% dos casos, a doença evolui para a forma crônica, marcada pela persistência dos sintomas por mais de 90 dias. Muitos desses casos são de difícil manejo, sendo importante uma opinião do especialista para indicação do tratamento adequado. Nesse sentido, a teleconsultoria pode contribuir de uma forma muito positiva, pois diminui a necessidade de deslocamento do paciente para outra unidade de saúde e resolve em até cinco dias as dúvidas da equipe da Atenção Primária.” Ainda segundo a médica, quadros de fadiga pós-viral e queda de cabelo também são muito comuns após a dengue.

Avaliação e acompanhamento com médicos especialistas

Clarissa Santos faz parte da equipe de implantação do Telessaúde Feluma, uma plataforma de consultorias online realizadas por médicos especialistas, sendo uma ponte entre os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) e os da Atenção Especializada à Saúde (AES) do SUS. “A estratégia visa ser uma triagem para evitar agendamentos de consultas presenciais com especialistas da Atenção Secundária, que podem ter listas de espera de até 180 dias”, explica a médica, que atua como coordenadora da plataforma.

Pelo Telessaúde Feluma, um professor da Faculdade Ciências Médicas (FCM-MG) ou um membro do corpo clínico do Hospital Universitário Ciências Médicas (HUCM-MG) atende a um pedido de consultoria assíncrona feito pelo profissional da APS. O intuito é ter uma avaliação ou acompanhamento específico, com retorno em até 72 horas, para oferecer ao paciente um tratamento mais preciso, a ser conduzido pela equipe da APS, tendo o respaldo de uma opinião especializada.

O Telessaúde Feluma iniciará suas atividades pelo projeto de Incorporação de Teleconsultorias no Fluxo Assistencial do Atendimento Ambulatorial Especializado, financiado pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI). Também fazem parte do projeto a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e os Núcleos de Telessaúde da Faculdade de Medicina e do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O projeto terá duração de 18 meses e serão ofertadas 130 mil teleconsultorias, sendo cerca de 50 mil realizadas pelos especialistas da Ciências Médicas.

Serão oferecidas 16 especialidades médicas que são consideradas as mais sensíveis para resolução via teleconsultoria. Entre essas, Endocrinologia, Cardiologia, Reumatologia, Dermatologia, Ortopedia, Mastologia e Neurologia são as mais críticas da fila de espera para o paciente conseguir uma consulta presencial.

Os profissionais da Atenção Básica de 173 municípios das macrorregiões Oeste e Noroeste e de grande parte da macrorregião Central — exceto as microrregiões de Belo Horizonte e de Betim — receberão curso de capacitação por meio de videoaulas, produzidas pelo Hub Tecnológico da Faculdade Ciências Médicas. Os conteúdos são focados nas principais dúvidas e gargalos enfrentados por eles. Além disso, estão sendo desenvolvidos cursos sobre pré-natal e saúde da mulher.