Presidente da CNseg afirma que o setor de seguros pode auxiliar na reestruturação da economia diante de efeitos climáticos
Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, teve uma coluna publicada no Estadão e mostrou que o Rio de Janeiro, desde 10 de janeiro de 2024, tem enfrentado as consequências de um temporal avassalador. Na publicação, Dyogo citou que além dos transtornos logísticos e diversos desafios, como o alagamento de vias e desmoronamentos, as chuvas, que atingiram diversos pontos do Estado, também culminaram em inúmeros prejuízos financeiros e, infelizmente, no falecimento de pelo menos 12 pessoas.
Historicamente, o setor segurador calcula os valores de prêmios das apólices e das coberturas com base em uma minuciosa análise dos dados históricos disponíveis que, a partir de modelos matemáticos, permite que as empresas possam prever os riscos e avaliar cenários. “Infelizmente, o crescente volume de chuvas acima do previsto, assim como outras emergências climáticas, como tornados e secas severas, vem quebrando todos os paradigmas e faz com que o trabalho do setor seja cada vez mais desafiador”, cita o presidente da CNseg.
“Durante os dias em que estive na 28.ª edição da Conferência do Clima da ONU (COP-28), em Dubai, percebi que o mundo olha com mais atenção para como o setor segurador pode ser uma ferramenta poderosa na reestruturação da economia diante dos efeitos climáticos extremos”, completa ele.
Nesse sentido, a indústria seguradora brasileira tem trabalhado para desenvolver novos formatos de seguros para que, além de cobrir danos causados pela natureza, como esses ocorridos no Rio, também possam ser cada vez mais acessíveis e cheguem a todas as camadas sociais de forma mais eficiente.
Um bom exemplo foi a proposta de Seguro Social contra Catástrofe apresentada pela CNseg ao governo federal. O projeto prevê indenizar pessoas vítimas de inundações, alagamentos ou desmoronamentos relacionados às chuvas. Com ele, após decreto de calamidade pública, cada residência atingida terá direito a uma indenização no valor entre R$15 e R$20 mil, que poderá ser utilizado pelo segurado da maneira que julgar pertinente.
O investimento seria distribuído por todos os cidadãos brasileiros em sua conta de luz e teria um valor social, de até R$3 mensais, e as pessoas cadastradas no CadÚnico estariam isentas do valor, mas também teriam direito às coberturas. Importante ressaltar que todos os cidadãos atingidos, independentemente da situação da moradia perante as prefeituras, receberiam a indenização.
De acordo com Dyogo, o único objetivo do projeto é assegurar de forma imediata um capital relevante que permita que as pessoas atingidas consigam recuperar, se não tudo, parte dos bens perdidos de forma digna e não fiquem dependendo da ajuda alheia. Da mesma forma, os pequenos empresários que hoje suportam o dia a dia e ajudam a movimentar a economia dessas localidades poderiam recompor seus estoques, reduzindo os prejuízos e impedindo eventuais falências.
“Há ainda um olhar complementar com esse seguro. Quando entregamos diretamente esses valores à comunidade atingida, essa população utilizará esse capital no comércio local. Em cidades de menor capacidade econômica e financeira, a disponibilização dessa verba pode ser crucial para que o comércio varejista da região se mantenha ativo e não haja, assim, eventuais impactos para a economia do município”, avalia Dyogo.
Esse não é o único projeto sobre o qual o setor está debruçado. A indústria seguradora vem avaliando outras ações que podem ajudar na construção de um Brasil mais bem preparado para enfrentar situações de emergência climática. Um bom exemplo foi o acordo assinado pela CNseg com o ICLEI, associação mundial de governos locais e subnacionais dedicada ao desenvolvimento sustentável, para realização do projeto Mecanismo de Seguro para Infraestruturas Urbanas, que criará um programa de seguros específico para infraestruturas essenciais dos municípios.
Por fim, Dyogo mencionou que as catástrofes climáticas, previstas para daqui alguns anos, estão acontecendo hoje. O mundo está mudando e nós precisamos nos adaptar com urgência para garantir não só o crescimento que o nosso país merece, mas também a nossa sobrevivência. O setor segurador possui muitas propostas que devem ser consideradas dentro da agenda de sustentabilidade e precisam ser vistas como parte da solução para os problemas que ainda enfrentaremos em razão das mudanças climáticas.
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