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Do que vale um salário alto quando o emprego é incerto?

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Marcela Zaidem, diretora de Pessoas na G4 Educação - Divulgação Marcela Zaidem, diretora de Pessoas na G4 Educação - Divulgação

Artigo de Marcela Zaidem, diretora de Pessoas na G4 Educação, edtech com foco em formação executiva

*Por Marcela Zaidem

Do ano passado para cá, uma onda tsunâmica vem atingindo milhares de funcionários do setor de tecnologia, no Brasil e no mundo, demitidos em massa como se essa fosse a mais nova trend do TikTok. O que pouco tem se falado é que, na verdade, esse movimento é uma espécie de autorregulamentação do mercado: a falta de planejamento e austeridade financeira das companhias nos tempos de vacas gordas - uma cultura arriscada das big techs e das startups -, agora está sendo cobrada no período de vacas magras. O problema é que quem está pagando essa conta é o trabalhador.

Até recentemente, as lideranças das startups solicitaram que a área de Pessoas contratassem profissionais de tecnologia na mesma velocidade e intensidade que abrimos o nosso celular e solicitamos informações ao Google. A gestão ligava para o RH e ordenava: ‘quero contratar meia dúzia de desenvolvedores back-end e analista de dados’. Em um mundo de 5G, hiperconexão, inteligência artificial, internet das coisas, realidade virtual e até mesmo do finado metaverso, como não apostar na mão de obra tecnológica? Tudo era tecnologia.

E havia um agravante: dinheiro de sobra no mercado. Fundos de venture capital, pre-seed, seed, rodada A, B, C, investidor anjo. Era todo dia uma manchete de aportes milionários em empresas e em ideias.

Isso, obviamente, criou uma forte competição por profissionais, em especial os de tecnologia, mas não se limitando a eles, o que resultou em salários irreais e turnovers inimagináveis, pois um programador que entrasse em uma empresa ganhando tanto, três meses depois recebia uma proposta de outra companhia para ganhar dois tantos. E depois três tantos - e o céu era o limite.

O resultado é que as empresas lançaram mão de uma estratégia impiedosa: com dinheiro no bolso, passaram a contratar por quilo nas mais diversas áreas, com diretrizes de remuneração extremamente agressivas, sem ter necessariamente uma função específica para toda o time contratado mas, muitas vezes, buscando apenas acumular capital humano e não ter seus projetos atrasados por causa da grande rotatividade no quadro de funcionários - o que nem sempre era a realidade.

Um mercado em alta de contratação de pessoas nunca foi e nunca será um problema. A questão é que isso gerou um cenário autofágico de baixa produtividade, redundância de posições, salários especulativos e desníveis entre cargos e experiência exigida. Some-se a isso a discussão sobre o trabalho remoto versus presencial e a pressão imposta à área de Pessoas para atrair os melhores do mercado e temos as condições para a tempestade perfeita.

O problema, para essas empresas, é que no Brasil há lei. Especificamente, a 5.452 de 1º de maio de 1943, popularmente conhecida como Consolidação das Leis do Trabalho - ou CLT, uma querida. E ela é bem clara quando diz que salário dado não pode ser reduzido. Sem condições de sustentar o ciclo de expansão, espremido agora por uma projeção econômica menos otimista, os executivos se viram diante de uma única alternativa: cortar de vez o excedente, demitindo colaboradores com a mesma facilidade de quem exclui um app do celular.

Assim que o tsunami passar, deixando para trás a terra arrasada, será hora de refletir e absorver os aprendizados, que não são poucos. Empresas precisam encontrar modelos de gestão mais eficientes, sem inchar as estruturas organizacionais. A área de Pessoas não pode ficar refém de outros departamentos, devendo posicionar-se contra práticas que levem à ineficácia - sim, estamos falando de RH orientado a dados. Ao governo, cabe encontrar soluções econômicas e legislativas que protejam aqueles que perdem seus empregos. E os mais afetados, os trabalhadores, devem olhar para os processos seletivos com distanciamento, acreditando menos nos encantos de vagas maravilhosas e pesquisando mais sobre a cultura organizacional, o cuidado com o caixa e o histórico das companhias. Em alguns casos, será necessário dizer não a algumas delas.

Por fim, é importante destacar que, embora a crise dos grandes layoffs esteja afetando principalmente a indústria de tecnologia, são profissionais de todas as áreas que estão sendo vitimados pelo ciclo vicioso gerado quando se tem dinheiro demais e gestão de menos.

*Marcela Zaidem, é diretora de Pessoas na G4 Educação, edtech com foco em formação executiva.


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