Boris Johnson diz que Grã-Bretanha sairá da União Europeia em outubro
Possível novo líder do Partido Conservador britânico expõe visão radical do processo do Brexit após renúncia de Theresa May
Boris Johnson desafiou seus rivais à liderança do Partido Conservador insistindo que o Reino Unido deve deixar a União Europeia ao final de outubro com ou sem um acordo -- uma visão estabelecida por ele apenas horas depois que a primeira-ministra Theresa May anunciou sua renúncia. Ela vai deixar o cargo no dia 7 deste mês.
Johnson é o favorito entre membros conservadores (tories) para se tornar primeiro-ministro do Reino Unido a partir da última semana de julho, mas possui ao menos 20 outros rivais ao cargo. O chanceler Jeremy Hunt foi o primeiro ministro a dizer que ele é quem deveria assumir, enquanto Dominic Raab, ex-secretário do Brexit, disse que pensaria sobre a possibilidade nos próximos dias. O secretário de Meio Ambiente, Michael Gove, e a secretária do Interior, Sajid Javid, também devem anunciar suas candidaturas em breve.
A secretária do Trabalho e Pensões, Amber Rudd, se colocou fora da corrida em uma entrevista ao jornal Telegraph. "Eu estou consciente que o Partido Conservador quer ter alguém que eles acreditem que seja um entusiasta do Brexit. Eu não acho que é minha hora", afirmou. Apesar de sua recusa, ela não esconde que poderia trabalhar na campanha de Johnson, dizendo que eles já atuaram juntos no passado e, na ocasião, "tudo funcionou perfeitamente bem".
A corrida pela liderança do PC deve ser um teste para saber onde os candidatos se posicionam com relação ao Brexit, com a visão de Johnson já estabelecida: ele quer deixar a Europa no próximo prazo estipulado pelas negociações -- no dia 31 de outubro de 2019. "Com ou sem acordo", como disse recentemente durante uma conferência na Suíça.
Ele sugeriu que poderia renegociar um acordo melhor com Bruxelas antes de direcionar o Reino Unido para uma saída sem nenhum tipo de tratado, caso seja necessário. "Um novo líder vai ter a oportunidade de fazer as coisas de forma diferente e ter a chance por causa de sua chegada à administração", afirmou.
Segundo o jornal The Guardian, uma fonte próxima a ele disse que Johnson poderia se esforçar para manter as mudanças do acordo que já existe e tentar garantir que o controle da fronteira da Irlanda do Norte não dure indefinidamente, mas que pressionaria pela saída do país do bloco europeu se não se chegasse a um consenso até outubro.
Raab, por sua vez, está atuando para atrair outros entusiastas de uma saída negociada ao partido. Ele desponta como o principal rival de Johnson. Candidatos menos radicais, como o secretário de Desenvolvimento Internacional Rory Stewart, vão ter que se posicionar pela representação daqueles tories que se opõem ao Brexit sem acordo.
No entanto, isso leva ministros como Hunt, Goven e Javid, além do secretário de Saúde, Matt Hancock, a um dilema sobre até onde eles podem ir abrindo a porta para a possibilidade de saída sem acordo com a UE -- eles se posicionaram a favor do acordo proposto por May recentemente. Eles vão precisar se declarar mesmo antes do início da corrida dentro do partido, que começa no dia 10 de junho, três dias depois que May deixar a liderança do PC. Como o partido tem a maior parte das cadeiras do parlamento, o líder partidário será, automaticamente, o primeiro-ministro britânico antes das férias de verão -- no final de julho.
Johnson, ex-secretário de Relações Exteriores e líder da campanha do Brexit, é o favorito para vencer: ele conta com o apoio de ex-secretários, do presidente do Eurosceptic European Research Group, um grupo de gestão financeira a favor do Brexit, Jacob Rees-Mogg, e de outros estrategistas políticos. Eles já conseguiram reunir doações no valor de R$ 654 mil para a campanha -- seu principal rival, Raab, pode ter juntado R$ 578 mil até agora.
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