As vantagens oferecidas pelos cursos EaD

Uma das últimas decisões do antigo governo foi tomada pelo então ministro da Educação, Rossieli Soares, que homologou em novembro as novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio, permitindo que escolas brasileiras ofertem até 20% do currículo do Ensino Médio diurno e 30% do Ensino Médio noturno na modalidade a distância. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) terá até 80% das aulas feitas pela internet. As regras, no entanto, vão precisar passar pelos governadores.

Outro setor educacional que entrou no modelo EaD recentemente é o de preparação para o vestibular e para exames nacionais, como o Enem. Uma pesquisa publicada pela Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed) no final de outubro mostrou que, em 2016 existiam oito cursos livres a distância que ofereciam conteúdo de preparação para a prova. No ano seguinte, período de referência para a pesquisa publicada em outubro, eles explodiram: foram 1.130. Para a entidade, a expansão ajudou a crescer também o número de alunos de cursos livres não corporativos na modalidade EaD, que atingiram a marca de 3,83 milhões de alunos no Brasil em 2017 – é o carro-chefe desse mercado atualmente.

O otimismo é tanto que a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), entidade que atua no setor privado da educação superior no país, afirma que hoje 44% dos brasileiros que buscam uma graduação hoje preferem estudar à distância do que frequentar um campus físico. Esse número aumenta para 93% das preferências das pessoas quando os cursos são híbridos entre etapas presenciais e online. Portanto, apenas 7% dos alunos em potencial ainda tendem a rejeitar a modalidade a distância. O panorama apontado pela ABMES é que, até 2021, haja mais alunos estudando via Internet do que em salas de aula propriamente.

Os alunos apontam vários fatores para preferir cursos EaD a ter que frequentar as aulas em salas físicas: o primeiro deles é a flexibilidade, porque permitem que os estudantes aprendam onde, quando e como quiser, mantendo certa disciplina para absorver todo o conteúdo -- que é praticamente idêntico ao de um curso presencial. O segundo é a conciliação entre o trabalho e o aprendizado, porque os cursos a distância proporcionam maiores garantias de organização de horários para estudar, trabalhar e se entreter.

Um terceiro elemento que atrai estudantes é que os diplomas são reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) quando as instituições ofertantes seguem os padrões e diretrizes estatais. O curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas EaD foi um dos últimos de um pacote aprovado recentemente pelo governo para ser oferecido a distância. Há ainda uma clara vantagem econômica nesse modelo: se um curso presencial necessita de gastos com mensalidade, deslocamentos, livros e trabalhos, um aluno que aprende de longe não precisa usar a mesma quantidade de dinheiro, porque todo o material didático é incluído no conteúdo programático do curso.

Para a professora Rita Tarcia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a qualidade não pode ser dissociada da quantidade de ofertas e oportunidades para a formação profissional. Ou seja: mais pessoas estudando não significa que a educação melhorou. “Precisamos construir uma nova qualidade, como dizia o educador Paulo Freire, que consiga acolher a todos e a todas. Qualidade significa melhorar a vida das pessoas, de todas as pessoas. Na educação, a qualidade está ligada diretamente ao bem-viver de todas as nossas comunidades”, explica.

Tarcia foi uma das autoras das análises da situação do EAD no Brasil publicadas no último censo da Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED), em outubro.

Segundo ela, a qualidade do ensino na modalidade EAD se estabelece a partir de uma reunião de fatores que, articulados entre si, definem as condições favoráveis para a aprendizagem. “Todo o processo de um ensino a distância deve ser estudado para identificar e definir quais elementos comuns são significativos para a qualificação da prática educativa”, finalizou.