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Crescimento urbano na China gera preocupação com bolha imobiliária

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Débora Ramos
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Preços dos imóveis no país vão aumentar em 2018 e devem seguir ritmo no ano que vem

Os preços de imóveis e de investimentos em propriedades na China devem crescer mais do que o esperado neste ano, fenômeno causado pelo contínuo crescimento das principais cidades do país que, como consequência, atraem novos compradores para um mercado ainda pouco regulado.

A alta poderia oferecer apoio à lentidão da economia chinesa causada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos aos bens produzidos na China. Apesar disso, as autoridades do país asiático parecem preocupadas com o risco de uma bolha imobiliária.

Os preços de imóveis na China – onde o boom imobiliário de três anos atrás se espalhou de grandes cidades para o interior – vão crescer cerca de 5% este ano e 3,3% em 2019, de acordo com uma análise de 16 economistas publicada pela agência de notícias Reuters. Os números superam o 1% de alta visto em março e seriam menores apenas do que a alta de 5,4% registrada em 2017.

Os investimentos em propriedades devem crescer 8% neste ano, mais do que os 5% de 2017, à medida que os construtores procuram reconstruir seus inventários imobiliários e, consequentemente, aceleram a construção de casas populares.

"Apesar da escalada de conflitos entre EUA e China afetar o PIB chinês, o mercado imobiliário doméstico ainda será direcionado pela demanda e oferta locais. É improvável mudar esse panorama em um curto prazo", afirmou David Ji, head de pesquisa e consultoria para a China na imobiliária britânica Knight Frank, em entrevista à Reuters.

O presidente estadunidense Donald Trump alertou recentemente que estava pronto para tarifar praticamente todas as importações chinesas para os EUA, ameaçando impostos sobre US$ 267 bilhões em bens sobre os já US$ 200 bilhões taxados em importações primárias.

A gestão imobiliária percebeu que o mercado chinês decolou no início de 2016, quando o governo facilitou as restrições para compradores com o intuito de ajudar a aquecer a economia e reduzir os altos volumes de inventários de casas não vendidas em cidades pequenas. Mas o boom que aconteceu posteriormente gerou preocupações com uma possível bolha imobiliária, forçando as autoridades a agir: a China restringiu os empréstimos ao setor e aumentou as barreiras para trocas.

As mudanças ajudaram a cortar a inflação nos preços imobiliários em mais da metade em 2017, saindo de um ritmo de dois dígitos em 2016. Ainda assim, analistas esperam que o mercado pouco regulado das cidades chinesas continue levando ao boom imobiliário por um longo tempo.

A demanda restringida, segundo a Reuters, está transbordando de residentes de cidades maiores e controladas, enquanto os preços crescem em municípios menores. O fenômeno encoraja mais compradores locais a aceitar o apoio do governo e comprar os estoques de casas vazias.

A China investiu 990 bilhões de yuans (US$ 198,3 bilhões) em um projeto de desenvolvimento urbano massivo por meio do programa Pledged Supplementary Lending (PSL), que tem sido usado como compensação em dinheiro para residentes cujas casas foram demolidas. Os investimentos em propriedades na China aceleraram para seu ritmo mais vigoroso em julho, e as vendas de casas e as novas construções também decolaram.

"Sentimento resiliente e inventários geralmente modestos de casas não vendidas vão apoiar os preços dos imóveis", argumentou He Tianjie, da Oxford Economics, à Reuters.

Sheng Songcheng, conselheiro político do Banco Central chinês, alertou no início de outubro que as políticas para o mercado imobiliário do país acabaram por distorcer o mercado, e os inventários de propriedades caíram em um nível alarmante desde então. Somente um analista ouvido pela Reuters espera que os preços dos imóveis reduzam na China ainda em 2018.

Enquanto Pequim está facilitando condições gerais de crédito face à lenta demanda doméstica, os analistas acreditam que o governo deveria ser mais cauteloso com os estímulos aos investimentos em propriedades. Muitos observadores do mercado argumentam que as autoridades vão manter restrições fortes ao financiamento ilegal ao setor, mas as visões divergem sobre se os reguladores vão facilitar restrições sobre o acesso de desenvolvedores sem dinheiro a outras formas de financiamento.

"Os construtores não vão sofrer muito", disse Iris Pang, economista de um banco de Cingapura. "A próxima questão é se sua rolagem de títulos sofreria um alto custo de juros", completou

De qualquer forma, o mercado imobiliário chinês aparenta estar menos acessível, com um risco de longo prazo à medida que o custo de vida aumenta e os consumidores têm menos dinheiro para gastar em outros bens.


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