Não sou bilionário, preciso me preocupar com a taxação dos super ricos?
A discussão sobre a taxação dos super ricos no Brasil tem ganhado cada vez mais destaque no cenário político e econômico. Mas se você não é bilionário, deve se preocupar com essa questão? Para responder a essa pergunta, o contador e mestre em negócio internacionais, André Charone, explica que é essencial entender os projetos que existem para a tributação dos mais ricos e os possíveis impactos que essa medida pode trazer para a economia e para o bolso dos mais humildes.
Projetos de Tributação dos Super Ricos no Brasil
Atualmente, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que visa a criação de um imposto sobre grandes fortunas (IGF). Esse imposto seria aplicado sobre patrimônios superiores a R$ 20 milhões, com alíquotas que variam de 0,5% a 1%. A ideia por trás desse projeto é aumentar a arrecadação do governo para financiar políticas públicas e reduzir a desigualdade social.
Além do IGF, há propostas para aumentar a alíquota do Imposto de Renda para pessoas físicas que possuem rendimentos anuais superiores a R$ 1 milhão, bem como a implementação de um imposto sobre heranças e doações com alíquotas mais elevadas para grandes valores.
Impactos para os Mais Humildes
De acordo com André Charone, contador tributarista e mestre em negócios internacionais, a taxação dos super ricos pode ter efeitos indiretos no bolso dos mais humildes. “Embora o objetivo seja reduzir a desigualdade, há o risco de que a medida acabe desincentivando investimentos no país. Os super ricos podem buscar formas de proteger seu patrimônio, transferindo recursos para o exterior ou investindo menos no Brasil, o que pode afetar o crescimento econômico e a geração de empregos”, explica Charone.
Experiências de Outros Países
Países como França, Suécia e Espanha já implementaram impostos sobre grandes fortunas e tiveram experiências variadas. A França, por exemplo, introduziu um imposto sobre grandes fortunas em 1982, mas acabou reformando a medida em 2017 devido à fuga de capitais e ao impacto negativo nos investimentos. Durante o período de vigência integral do imposto, estimou-se que cerca de 12 mil milionários deixaram o país, levando consigo um patrimônio significativo.
Na Suécia, o imposto sobre grandes fortunas foi abolido em 2007, após o governo concluir que o tributo não era eficiente e que estava incentivando a evasão fiscal e a saída de capital do país.
Por outro lado, a Espanha ainda mantém um imposto sobre grandes fortunas, mas enfrenta desafios semelhantes, com muitos ricos transferindo seus ativos para outros países da União Europeia.
Complexidade do tema
A taxação dos super ricos é um tema complexo e de grande importância para o debate sobre justiça fiscal e distribuição de renda. No entanto, é crucial considerar os possíveis efeitos colaterais dessa medida, especialmente em relação aos investimentos e ao crescimento econômico do país.
Como destaca André Charone, “é fundamental que qualquer política de tributação seja cuidadosamente analisada e implementada com medidas que minimizem os impactos negativos na economia, garantindo que o objetivo de redução da desigualdade seja realmente alcançado, sem prejudicar os mais vulneráveis.”
A discussão sobre a taxação dos super ricos continuará a ser relevante e merece atenção de todos, independentemente do nível de renda. Afinal, as políticas fiscais têm o poder de impactar a economia como um todo, influenciando direta e indiretamente a vida de todos os cidadãos.
Sobre o autor:
André Charone é contador, professor universitário, Mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA), possui MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV (São Paulo – Brasil) e certificação internacional pela Universidade de Harvard (Massachusetts-EUA) e Disney Institute (Flórida-EUA).
É sócio do escritório Belconta – Belém Contabilidade e do Portal Neo Ensino, autor de livros e dezenas de artigos na área contábil, empresarial e educacional.
André lançou dois livros com o tema "Negócios de Nerd", que na primeira versão vendeu mais de 10 mil exemplares. Os livros trazem lições de gestão e contabilidade, baseados em desenhos e ícones da cultura pop.
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