O futuro do empreendedorismo feminino em tecnologia: por que precisamos falar sobre isso agora?
O empreendedorismo feminino na área de tecnologia tem ganhado destaque tanto no Brasil quanto globalmente, contudo, a discussão acerca de seus efeitos e desafios necessita de atualizações. Uma publicação recente da MIT Technology Review enfatizou que a diversidade na liderança está intrinsecamente associada à elaboração de produtos mais inclusivos e revolucionários.
Esta visão destaca um aspecto fundamental: não se trata apenas de presença física, mas do efeito transformador de diferentes pontos de vista no mercado.
Quando iniciei minha carreira em tecnologia, há 15 anos, era incomum ver mulheres ocupando posições estratégicas. Atualmente, houve progressos significativos, porém a sub-representação feminina em cargos de liderança continua sendo preocupante.
Informações recentes da Brasscom indicam que as mulheres representam apenas 39% das posições no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação, sendo que em posições de liderança essa proporção é ainda menor. Isso indica que os obstáculos não foram vencidos, mesmo num contexto onde inovação e diversidade deveriam coexistir.
A urgência desta discussão reside no efeito que a diversidade de gênero exerce em um mundo altamente interligado. Um estudo divulgado no começo de novembro pela McKinsey destaca que companhias com equipes diversificadas têm 25% mais probabilidades de superar seus concorrentes em termos de lucratividade.
Essa ligação entre diversidade e desempenho precisa ser mais reconhecida, particularmente em áreas como a tecnologia, onde as escolhas influenciam o futuro de toda a sociedade.
No entanto, a discussão deve transcender os números. O empreendedorismo feminino não deve ser considerado uma "moda", mas sim como uma mudança estrutural imprescindível. As mulheres têm adotado uma perspectiva mais abrangente, dando prioridade ao impacto social, sustentabilidade e inclusão.
Organizações como Nubank e Liv Up, ambas fundadas ou dirigidas por mulheres, ilustram claramente como essa perspectiva pode resultar em empreendimentos inovadores e éticos.
No entanto, a jornada para uma maior igualdade requer uma ação conjunta. Ações como Girls in Tech e Women Who Tech são fundamentais ao proporcionarem mentorias e redes de suporte. Recentemente, o Governo Federal, através do programa Brasil para Elas, também fez esforços para expandir o acesso das mulheres ao empreendedorismo.
Mas essas ações estão acompanhando a velocidade das mudanças tecnológicas e sociais?
Discutir o assunto agora é crucial, pois o setor atravessa um período de crescimento. Hoje, tecnologias como inteligência artificial, blockchain e computação quântica estão sendo estabelecidas e terão um impacto significativo no futuro de milhões de indivíduos.
Quem detém os cargos de decisão determinará a forma como essas tecnologias serão implementadas e quem se beneficiará delas.
Assegurar a presença feminina nesse ambiente vai além de uma mera questão de justiça; é uma exigência estratégica para um futuro mais justo e inovador.
Maira Gregolin - Head of Products da TrackingTrade e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Mídias Móveis. Acumula mais de 15 anos de experiência no mercado de tecnologia, sendo uma das mais importantes executivas do mercado de inovação.
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