Entre a tecnologia e o humano, o que ganha na Comunicação Corporativa?

A chegada da Inteligência Artificial no ecossistema de comunicação trouxe, ao mesmo tempo, um encantamento e uma inquietação. Em meio a toda a agilidade e facilidade que a IA promove, há a preocupação com sua suposta substituição por profissionais do mercado.

Já debatemos à exaustão se o futuro da nossa profissão está ameaçado ou não, muito similar às discussões que permeavam a chegada da internet nos anos 90. Há, no entanto, uma discussão ainda pouco explorada quando olhamos para o setor de comunicação empresarial e que está ligada ao investimento que é feito no desenvolvimento da área.

Como o estudo da Aberje mostra, a entrada de capital não é um problema, já que há um crescimento desse índice além do esperado. Mas em que - e como - ele está sendo utilizado? As empresas - ou pelo menos uma grande fatia delas - já compreenderam a importância de uma comunicação bem orquestrada, seja em momentos de crise ou de bonança. Entretanto, sabemos que a tecnologia avança rapidamente e a necessidade de resultados também. Então, estamos usando a IA a nosso favor? Ou apenas navegando na direção que o vento nos leva?

Em 2023, pesquisadores do MIT concluíram que, ao adicionar a IA na produção de tarefas simples e corriqueiras de comunicação, há um aumento de 40% na produtividade e de 18% na qualidade. No mesmo ano, a McKinsey projetou acréscimo de até US$ 4,4 trilhões na economia global pelo uso de IA neste mercado.

Tal cenário nos ajuda a compreender que a IA também não irá deixar milhões de comunicadores desempregados, vai apenas condicioná-los a uma adaptação.

Mas, como?

A pergunta que gostaria de ter a resposta é sobre o quanto do orçamento de comunicação das empresas - independente do segmento e tamanho - está destinado para que os processos sejam atualizados, renovados ou até criados para lidar com toda a inovação que a IA está trazendo. Ou então se há uma parte deste budget dedicada para o desenvolvimento dos profissionais.

Além do orçamento, o questionamento também deve passar pelas altas lideranças - dentro do setor de comunicação ou não - compreenderem que este é um momento de transição para todos e que investir em capacitação também precisa se tornar prioridade. Se a profissão será transformada, é fundamental que empresas e setores se programem para acompanhar a movimentação.

Até hoje, por mais independentes que máquinas e tecnologias estejam, ainda há uma grande necessidade da interferência humana no andamento cotidiano. Até que provem o contrário, a IA ainda tem muito a se desenvolver para que o cenário visto em “Eu, Robô”, filme de 2004 inspirado no livro homônimo de Isaac Asimov, torne-se realidade.

Então, para acompanhar a expectativa do crescimento produtivo e da injeção de dinheiro no mercado e na economia global, o quanto profissionais de comunicação estão sendo preparados para este novo mundo?

Se abrirmos o LinkedIn hoje podemos constatar duas correntes em execução: posts que foram feitos com a IA e pessoas reclamando de posts feitos com a IA. Basicamente, o que está por trás desses imensos debates é como e quando o relacionamento humano será negligenciado enquanto a tecnologia avança.

Talvez o LinkedIn seja a última rede a ser invadida pela IA, por sua própria essência ao ser criado. Ali ainda são valorizadas as trocas e as relações, mesmo que o algoritmo esteja crescendo com a visão de inserção de vídeos e de influenciadores (quem não quer ser um Top Voice da sua área?).

Em suma, para que os prognósticos de aumento de produtividade, qualidade e receita realmente aconteçam, os profissionais de comunicação precisam acompanhar a evolução. A resposta é mais simples que o debate complexo sobre o futuro da tecnologia e da profissão: investimento de tempo, dinheiro e vontade de todos os lados para abraçar o futuro.