4 tendências que explicam por que a demanda de devs vai crescer ainda mais

A programação é um dos principais mercados da economia mundial, com investimentos bilionários e alta demanda por profissionais qualificados, o que exige uma grande quantidade de profissionais e está sempre se retroalimentando. Em contínua expansão, o mercado de softwares de produtividade deverá atingir um faturamento de mais de 79 bilhões de dólares até o final de 2024,Com taxa de crescimento anual estimada em 2,7%, a receita total desse setor deve atingir 88 bilhões até 2028. Os dados são do site de inteligência de mercado Statista.

Tal crescimento exige profissionais de diferentes níveis de senioridade, desde recém formados até especialistas, com demanda de desenvolvedores envolvendo Inteligência Artificial em crescimento exponencial. O mesmo levantamento mostra que, em 2024, haverá mais de 28,7 milhões de desenvolvedores de software no mundo, crescimento de 24% nos últimos cinco anos. De acordo com dados do Google Trends de 2022, a busca por ciência de dados e tecnologia cresceu 1170% nos últimos cinco anos no Brasil e a procura pela carreira de programador aumentaram 30% em comparação com 2021.

Diante de um cenário promissor e expectativa de eclosão de vagas nos próximos anos, Isabela Castilho, CEO da escola de programação Rocketseat, destrincha 4 motivos que levam o mercado de devs a números tão expressivos e projeção positiva.

1. Inteligência Artificial

O principal fator que puxa os indicativos para cima é o crescimento sem precedentes do uso de Inteligência Artificial. Principal mercado de tecnologia no momento, ainda carece de profissionais especializados, devido à elevada intensidade de atualizações que redefinem os termos. E o futuro da profissão está na IA: segundo dados da Pesquisa Código Fonte 2024, 83.6% dos devs já utilizam inteligência artificial para programar e 53.7% acredita que a IA não irá substituir os devs no futuro.

“Apesar de já estar integrada à rotina de programação, a IA ainda é uma novidade constante. Por isso, o mercado ainda está formando devs especializados, o que deve ser um diferencial nos próximos anos. O profissional que se aprofundar e dominar a IA, vai se destacar do mercado, tanto em procura quanto em salários”, aponta Isabela.

2. Intercâmbio de profissionais

Outro fator determinante para o aumento da demanda é a integração internacional, que tem levado a um fenômeno de intercâmbio bilateral: o mercado brasileiro busca profissionais estrangeiros, ao mesmo tempo em que o mercado internacional está de olho nos programadores brasileiros.

Entre 2020 e 2023, o número de profissionais brasileiros trabalhando para empresas estrangeiras subiu 491% e mais de 80% desses profissionais são de TI, como aponta a pesquisa da Husky.

De todo o segmento de TI, os programadores são os mais buscados por empresas de fora, chegando a quase 85%. Os profissionais de Dados, Produtos, Projetos, Cibersegurança e Sistemas são alguns exemplos dos que também estão em alta no trabalho internacional.

Mas apesar de ter um forte movimento de profissionais brasileiros trabalhando para fora, quem pensa que o Brasil é apenas um “exportador” de talentos se engana muito.

Uma plataforma especializada em conectar talentos internacionais em diversos países, Deel e em um dos relatórios mais recentes, de 2023, mostra que o número de empresas brasileiras contratando globalmente aumentou em 50%. Para as empresas brasileiras, nesse contexto, os talentos estão vindo da Argentina, México, Colômbia e, surpreendentemente, Estados Unidos.

“A gente sabe que a demanda existe. O cenário atual prevê um déficit de centenas de milhares de vagas sem profissionais adequados para preenchê-las. Entretanto, sabemos também que existem profissionais qualificados em todos os canto do mundo, buscando oportunidades, que devem se integrar mundialmente nos próximos anos e conectá-los e empresas do mundo inteiro”, explica Isabela.

3. Soft skills

Outro ponto importante são soft skills, as habilidades comportamentais. Aqui é importante lembrar que, quando nós pensamos em talentos globais, os profissionais estão expostos a diferentes culturas e formas de lidar entre times.

Por isso, habilidades comportamentais e de relacionamento se tornam indispensáveis, principalmente em um mercado onde a maior parte da interação é com o computador, e não entre pessoas. As diferenças culturais não param apenas no idioma ou no jeito introvertido ou extrovertido, mas também nas diferentes maneiras de encarar dinâmicas de trabalho, comunicação formal, engajamento de time e até as ambições de carreira. Na Europa, por exemplo, os feedbacks são mais diretos, sem rodeios, enquanto o brasileiro costuma ser mais empático e suavizar feedbacks mais duros.

As projeções de carreira surgem como um ponto que também enfrenta diferenças culturais. “Na perspectiva de carreira, observamos no Brasil o quanto os devs estão sempre buscando crescer, aprender mais, chegar a um nível de senioridade maior, enquanto lá fora essa dinâmica é um pouco diferente, provavelmente pela relação entre empresas e profissionais, mas é algo que causa um estranhamento para devs brasileiros que trabalham para fora e vice-versa. Então, para ter ou integrar um time global, é preciso estar preparado para encarar essas diferenças”, explica Isabela.

4. Trabalho presencial x remoto

Uma tendência que se estabilizou durante a pandemia, mas que hoje está vivendo o movimento contrário é o trabalho remoto. Movimento batizado de “velho normal”, a obrigatoriedade de trabalho presencial está retornando aos anúncios de vagas de emprego. Segundo o LinkedIn Economic Graph, se em fevereiro de 2022, no Brasil, 40% das vagas anunciadas na plataforma mencionavam a possibilidade de trabalhar remotamente, esse percentual caiu a 25% um ano depois.

Na programação, o trabalho remoto é uma tendência que vem desde antes do período de isolamento, e não deve acompanhar a volta gradativa dos outros segmentos: 65% dos devs brasileiros trabalham de maneira remota. “Sabemos que esse é um movimento global e que a grande maioria dos programadores vai preferir continuar trabalhando de casa, mesmo morando no mesmo país, no mesmo estado, até na mesma cidade”, detalha a especialista.

“Da mesma forma que nós esperamos que os profissionais se atentem aos movimentos de mercado e busquem se desenvolver nas frentes que fazem sentido no contexto atual de negócios, também precisamos estar atentos à realidade dos profissionais. Eles buscam oportunidades, nós buscamos talentos e, para que o resultado dessa busca seja positivo, é essencial que os dois lados se encontrem e façam sentido juntos”, finaliza.

Sobre a Rocketseat

Fundada no Brasil em 2017 por três programadores, a Rocketseat é uma escola de programação especializada que oferece cursos e eventos voltados à comunidade de devs no mercado de tecnologia brasileiro. A empresa faz parte do grupo Digital House. Ao todo, a Rocketseat já transformou a vida de mais de um milhão de pessoas por meio da educação. Isabela Castilho é a CEO da Rocketseat - à frente das operações.