Mais tecnologia, menos robotização: a importância da marca pessoal no mercado atual

A demanda pela personalização mostra que sim, queremos os benefícios da tecnologia, mas ninguém quer mais conversas robotizadas, independentemente do seu objetivo nessa relação entre marcas e pessoas. Segundo dados compartilhados pela McKinsey, 71% dos consumidores esperam interações personalizadas e 76% se decepcionam quando elas não acontecem. Ou seja, as pessoas querem interagir entre elas, mas não com qualquer um.

Com isso, a importância da marca pessoal cresce consideravelmente. Isso ocorre porque muito se tem discutido sobre a relevância dessa qualidade que, assim como as soft skills, pode ser até mais valorizada do que as capacidades técnicas dos novos talentos. Essa percepção sobre o que é importante para as empresas é fundamental para os profissionais se destacarem no mercado de trabalho ou na organização em que atuam e, dessa forma, construírem carreiras mais promissoras.

Mas, afinal, o que é marca pessoal?

Existem muitas formas de responder a essa pergunta, no entanto eu acredito que é a nossa identidade, é como as pessoas nos enxergam e quais qualidades e personalidades são associadas ao nosso comportamento. Trata-se de um modo de mostrarmos nosso propósito e posicionamento, o que valorizamos e o que podemos oferecer para o mundo, para as pessoas e para o mercado.

Quando cuidamos da nossa marca pessoal, abrimos um canal de relacionamento com as pessoas, conseguimos inspirá-las, aprender com quem está à nossa volta e trabalhar todos os dias para evoluir o nosso comportamento, garantindo que colegas, família, líderes e até clientes tenham uma imagem positiva sobre nós.

Mais do que uma jornada de autoconhecimento, conhecer e trabalhar a sua marca pessoal se tornou ainda mais importante após o crescimento das relações dentro do ambiente digital.

As oportunidades do digital para a marca pessoal

A marca pessoal é relevante até mesmo para uma contratação, pois o colaborador pode trazer uma influência positiva para os seus colegas dentro da companhia. As lideranças e os gestores sabem disso e buscam essa característica nos talentos que querem levar para sua empresa.

Com as redes sociais e os diversos canais de comunicação disponíveis nos dias de hoje, é possível dar mais alcance para a nossa marca pessoal, estreitando as relações por meio de uma comunicação próxima e humanizada. Quando trabalhamos isso de forma estratégica, podemos despertar a identificação de clientes e deixar a relação entre a empresa e as pessoas muito próxima da realidade e humana.

Essa relação abrirá portas para a evolução, de modo que os profissionais possam crescer na empresa, buscando cargos mais relevantes, e até se tornem porta-vozes ou embaixadores dela. Por exemplo, o “Relatório de Tendências para 2023” da Consultoria Youpix mostrou que as empresas com líderes ativos na internet são 25% mais bem percebidas do que as outras. E o mais importante: o conhecimento e a relevância sempre serão deles.

Fica difícil pensar em novos objetivos no mercado sem um olhar estratégico para o desenvolvimento da sua marca pessoal. Em uma realidade em que todos estamos conectados o tempo todo, somos impactados por diferentes tipos de informações e, ao mesmo tempo, temos dificuldades em encontrar pessoas que criem um conteúdo interessante e relevante, a marca pessoal é o primeiro passo na trajetória de se tornar uma figura importante para a empresa e relevante no mercado.

Presença e relevância: o conceito de Thought Leadership

Trabalhar a marca pessoal não é uma demanda que tem um fim em nossas carreiras. Ela precisa ser sempre revisitada para entender se os valores que estamos passando acompanham também as mudanças e nuances da nossa vida pessoal. Afinal, estamos falando de pessoas. Concorda?

Neste cenário, é possível que um executivo que desenvolveu sua marca pessoal ao longo do tempo tenha mais facilidade em se tornar Thought Leadership, ou Liderança de Pensamento em sua tradução. Essas pessoas estão um passo à frente da reputação tradicional e trabalham para influenciar e inspirar outros executivos do mercado a partir do seu posicionamento em seus diferentes canais digitais. Na prática, é liderar a opinião para ser uma referência no mercado e transformar essa relevância em boas oportunidades de negócios para a sua empresa.

Estamos sobrecarregados de conteúdo, plataformas e visões de mundo. Nos dias de hoje, como disse Raul Seixas em sua famosa canção, todo mundo tem “aquela velha opinião formada sobre tudo”. Estamos saturados de tanta informação, verdadeira ou falsa, ao mesmo tempo que nos sentimos ansiosos para descobrir a próxima tendência ou novidade que surge no mercado.

São hábitos que mudam a maneira como os clientes fecham negócios, seja no B2B ou no B2C. Por isso, os clientes querem investir nas marcas que confiam, nas lideranças que acreditam, no propósito que se identificam e quem não deixa de se posicionar.

Essas mudanças influenciam especialmente nos dias atuais, em que temos cada vez mais lideranças envolvidas no processo de decisão. Um estudo do LinkedIn, por exemplo, mostrou que hoje o comitê de compras tem entre 8 e 11 gestores de diferentes especialidades.

Já o “Edelman Trust Barometer 2023” entrevistou 32 mil pessoas em 28 países e revelou: 63% compram ou advogam pela marca de sua preferência baseadas em suas crenças e 70% esperam que as marcas para as quais trabalham tenham algum impacto social relevante, caso contrário estão dispostas a mudar de emprego.

Logo, as pessoas que têm algo a dizer precisam encontrar uma forma de combinar planejamento e estratégia para ocupar seu espaço no mercado. Com a marca pessoal é possível tornar-se um embaixador e depois uma Liderança de Pensamento, conquistando relevância em mercados cada vez mais competitivos.

Autoconhecimento, aprendizado contínuo, inteligência emocional, empatia e resiliência são algumas habilidades que podem fazer a diferença na construção de uma boa marca pessoal, iniciando uma jornada que vai render bons resultados lá na frente. Lembre-se: todo mundo tem o potencial de fazer a diferença, cabe a cada um de nós encontrar a forma certa de mostrar isso para o mercado.

Sobre Cristovão Wanderley

Cristovão Wanderley é sócio-diretor da Stratlab Inteligência Digital, responsável por inovação, estudo de tendências de tecnologia e adoção de novas ferramentas, além de desenvolver estratégias de negócio por meio do marketing digital. É especialista em análise de dados para que informações sejam traduzidas em ações que resultem em aumento de ROI, receita e geração de leads. Desde 2023 faz parte do grupo Editorials do LinkedIn.

Formado em Design Gráfico pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e com especialização em MKT, Comunicação, Gestão de Mídias Sociais, DMB, Digital Transformation & Big Data - todos pela Escola Superior de Propaganda e MKT (ESPM), Wanderley tem ainda larga experiência em Growth Strategy, SEO estruturado para vendas e Social Selling.