‘soft skills’ estão deixando as ‘hard skills’ em segundo plano

Muito já se falou sobre a economia 4.0, também chamada de Quarta Revolução Industrial, que engloba um amplo sistema de tecnologias avançadas como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem que estão mudando as formas de produção e os modelos de negócios no Brasil e no mundo. Mas e a 5.0. Você já ouviu falar?

Em linhas gerais, o objetivo da economia 5.0 é construir um mundo menos excludente, em que todos tenham acesso igual aos benefícios que a tecnologia trará. Ou seja, uma junção da tecnologia com o efetivo humano.

Um artigo publicado pela PUCPR Digital apontou que a Indústria 5.0 veio complementar o tecnocentrismo, ou seja, a tecnologia no centro do negócio trazido pela Indústria 4.0 e fomentar o debate sobre como a indústria pode contribuir para a sociedade. Segundo o estudo, o processo industrial deve ser centrado no ser humano, valorizando todos os stakeholders envolvidos e não apenas os acionistas.

Nessa perspectiva, os chamados Soft Skills ganham muito mais destaque dentro do mercado de trabalho. Segundo Jorge Martins, CEO da Bullseye Executive Search, empresa de recrutamento e seleção, as habilidades pessoais passam a ter cada vez mais uma ‘pontuação’ maior na hora de uma contratação.

“A capacidade de ouvir atentamente, de se colocar no lugar do outro e comunicar-se de forma clara e persuasiva, tornam-se essenciais para construir relacionamentos sólidos e ganhar a confiança dos clientes. Além disso, na busca por um mundo melhor, a criatividade e a inovação são ingredientes-chave. E por isso são cada vez mais levadas em consideração na hora de contratar”, explica o especialista.

No momento da contratação, Jorge chama atenção para um outro fator importante: com essa necessidade de equilibrar as chamadas ‘soft skills' com as ‘hard skills', as contratações passam a ser mais justas e menos discriminatórias.

“Falo isso porque no geral o candidato que sai na frente é aquele que tem mais experiência no mercado e se formou nas faculdades mais renomadas. No entanto, muitas vezes não tem os soft skills necessários para a posição. E quando você avalia um candidato com essas habilidades naturais, a faculdade não precisa entrar em primeiro plano. E aí você consegue fazer um processo seletivo um pouco mais equilibrado”, aponta.

De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Harvard, 85% do sucesso no trabalho é atribuído às habilidades de comunicação e relacionamento interpessoal, que são soft skills.

As habilidades técnicas não deixam de ser importantes e claro que para a maior parte das áreas é essencial você ter conhecimento técnico e experiência, mas não são mais o único fator observado. Capacidade de comunicação, inovação e trabalho em equipe, por exemplo, não são apenas desejáveis, são essenciais.

Essas habilidades quando desenvolvidas permitem que as empresas encontrem soluções criativas para desafios complexos e identifiquem oportunidades de negócios sustentáveis. Neste sentido, o fator humano e tecnológico são muito complementares.

Jorge finaliza apontando que os clientes preferem consumir e comprar de empresas que, além de demonstrar empatia e habilidades de comunicação, são também eficazes para entender as suas necessidades e preocupações, oferecendo produtos e serviços inovadores, que tenham um impacto positivo não apenas na empresa, mas na sociedade e no meio ambiente. Isso significa a promoção de talentos, diversidade e empoderamento entre todos os membros de uma organização.