Criticar e ser criticado exige maturidade emocional

Por mais competente e esforçado que o(a) profissional seja, nunca estará a salvo de críticas. Se não sabe lidar com elas, entenda que é preciso ouvir e refletir sobre o que foi dito pelos colegas, líderes ou familiares, respeitar os demais pontos de vista e analisar as observações feitas. Conseguir conviver com as avaliações desfavoráveis é fundamental, pois, caso contrário, sua carreira poderá ser afetada negativamente.

É comum ver muitas pessoas ficarem na defensiva, ofendidas ou tristes ao serem criticadas. No ambiente corporativo, isso não é diferente. Já parou para pensar por que nos sentimos assim? Essa sensação ocorre quando percebemos que os outros – líderes, colegas de trabalho, clientes, amigos ou familiares – não reconhecem o esforço que fazemos para executar determinada tarefa. No entanto, apesar de a palavra crítica carregar uma conotação negativa, ela pode ser construtiva para quem sabe absorvê-la positivamente e, dessa forma, aprender com os possíveis erros, se aprimorar e evoluir.

Ter humildade é o primeiro passo para lidar com a situação de maneira realmente proveitosa. Escuta ativa e empatia também são essenciais. Quando nos colocamos no lugar do outro, até para entender o motivo da crítica, é muito importante. Lembre-se de que essa autoanálise pode lhe render aprendizados valiosos, pois, por trás de todo comentário construtivo, há alguém procurando tornar suas atividades mais assertivas e produtivas. Consequentemente, você também poderá se transformar numa pessoa melhor. Esse feedback ainda dá a oportunidade de corrigir falhas que, porventura, estejam ocorrendo e que podem, inclusive, refletir na sua credibilidade.

Assim, em vez de se envergonhar, guardar mágoa ou raiva após um “puxão de orelha”, busque trabalhar a gratidão, ver o cenário como positivo para seu crescimento e desenvolvimento na carreira. Saber gerenciar o ego, manter a calma e não nutrir desconfianças ou repulsa são fundamentais para trabalharmos o controle emocional nesse momento. Agindo desse modo, será possível ter clareza sobre aquilo que deve ser mudado, se for o caso. Você deve não apenas ouvir, como também questionar, de forma madura, para entender os motivos de um retorno negativo em relação ao seu trabalho. A partir daí, poderá, então, pensar, analisar e construir as transformações necessárias que precisa trabalhar consigo mesmo(a).

Além disso, vale destacar aqui a importância de se conhecer bem para poder enfrentar essas circunstâncias inevitáveis e alcançar êxito, seja no âmbito profissional, seja no pessoal. Em geral, os indivíduos são ágeis em analisar os outros. Mas será que conseguimos ter esse olhar para nós mesmos? Desenvolver esse autoconhecimento é vital para lidar com todos os compromissos e desafios do dia a dia, entre eles, as críticas. Isso significa identificar características fortes e pontos de melhoria – ou, como muitos gostam de chamar, qualidades e defeitos. Trata-se de uma missão que requer bastante disposição e maturidade da nossa parte. No entanto, somente assim, pode-se avançar e aprimorar esse poderoso processo de autoconsciência e autoconhecimento, que proporcionará uma infinidade de benefícios.

Afinal, ninguém reúne todas as competências e habilidades exigidas pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Sempre seremos ótimos em determinadas questões, mas, em outras esferas, precisaremos nos aperfeiçoar, o que pode ocorrer por meio de um processo qualificado de coaching ou mesmo mentoring. É importante ter em mente que profissionais de sucesso não nascem prontos. Um dos ingredientes para essa evolução são as críticas ao longo da vida – um processo de eterno aprendizado. Por isso, ter flexibilidade e adaptação às mudanças, contextos e opiniões apenas nos prepararam para sermos, cada vez mais, pessoas talentosas e de destaque.

*David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, presente em 30 países pela Agilium Group; é conselheiro de Administração e professor convidado pela Fundação Dom Cabral; além de conselheiro da ABRH MG, ACMinas e ChildFund Brasil.