Seguradoras precisam mudar fundamentalmente seus modelos de negócios para alcançar resiliência climática
Relatório World Property and Casualty Insurance 2022 sugere que apenas 8% das seguradoras são campeãs de resiliência; 73% dos segurados classificam as mudanças climáticas entre suas principais preocupações
O Relatório World Property and Casualty Insurance da Capgemini e da Efma, publicado hoje, revela que as mudanças climáticas estão impactando o setor de seguros. Ele destaca que as seguradoras focadas na construção de modelos de negócios resilientes ao clima estarão melhor posicionadas para gerar uma confiança mais profunda do cliente, ao mesmo tempo em que aumentam sua relevância e lucratividade. O relatório intitulado ‘‘Walking the Talk: How insurers can lead climate change resiliency’ (Seguindo a conversa: Como as seguradoras podem liderar a resiliência frente as mudanças climáticas, em sua tradução livre para o português) aborda o impacto de uma das questões mais urgentes dos tempos modernos no setor de seguros.
Um número crescente de eventos climáticos está impactando negativamente o setor de seguros, sendo esperado que as seguradoras ao mesmo tempo protejam e ajudem na prevenção os riscos futuros. O relatório observa que:
Globalmente, as perdas econômicas causadas pelas mudanças climáticas aumentaram 250% nas últimas três décadas (As perdas econômicas compreendem o total de perdas de catástrofes naturais seguradas e não seguradas globalmente).
73% dos segurados classificam as mudanças climáticas entre suas principais preocupações.
As seguradoras refletem as preocupações de seus clientes, com cerca de 40% classificando as mudanças climáticas como prioridade máxima, com segurabilidade e lucratividade como principais questões relacionadas ao clima.
As catástrofes naturais levaram a um aumento de 3,6 vezes nas perdas seguradas e de 2 vezes nas perdas não seguradas nos últimos 30 anos (Swiss Re Institute,”Sigma Explorer;” acessado em 14 de março de 2022). Embora isso seja preocupante, apresenta uma oportunidade para as seguradoras dinamizarem e recalibrarem para atender os clientes em um cenário dinâmico, cita o relatório.
“Seguradoras resilientes” incorporarão estratégias de mitigação de riscos climáticos em seus modelos operacionais e de negócios
Mudanças fundamentais são necessárias para criar modelos de negócios resilientes e focados no cliente. O relatório constatou que mais de 80% dos clientes comerciais individuais e pequenos do setor de seguros estão profundamente cientes das influências climáticas e tomaram pelo menos uma ação sustentável importante nos últimos 12 meses. No entanto, precisa ser feito mais para combater os efeitos prejudiciais das mudanças climáticas, pois apenas 8% das seguradoras pesquisadas são líderes de seguros ou “Campeãs da Resiliência” (descritos no relatório como aqueles com forte governança, recursos avançados de análise de dados, um forte foco na prevenção de riscos e que promovem a resiliência por meio de suas estratégias de subscrição e investimento).
A necessidade de equilibrar a prevenção de riscos com a gestão de riscos
Para “seguir a conversa” sobre resiliência climática, as seguradoras devem revisitar seus próprios modelos de negócios e equilibrar a prevenção com o gerenciamento de riscos. As descobertas do relatório sugerem que uma “estrutura de resiliência climática” é fundamental para construir os recursos necessários em um cenário de risco em mudança. Isso incentiva as seguradoras a repensar os modelos atuais de avaliação de risco, implantar sua prevenção em escala e direcionar estratégias sustentáveis de investimento e subscrição, indo além de exclusões de clientes e desinvestimentos financeiros, para criar um ecossistema de resiliência. O relatório destaca que, entre aquelas seguradoras consideradas “Campeãs da Resiliência”:
82% delas têm um diretor de sustentabilidade ou equivalente.
cerca de 77% delas incorporaram dados de risco climático em seus produtos e serviços.
quase 60% das entrevistadas estão em estágios avançados de implantação de modelos de precificação baseados em machine learning.
cerca de 53% delas estão acessando novas fontes de dados, incluindo dados de satélite, sensores remotos, estações meteorológicas, dados geográficos, dados de mídia social, modelos ESG e níveis de água para fornecer informações de risco precisas, granulares e em tempo real.
“O impacto das mudanças climáticas está forçando as seguradoras a intensificarem e desempenharem um papel maior na mitigação de riscos. As seguradoras que priorizam o foco na sustentabilidade tomarão decisões de negócios inteligentes de longo prazo que impactarão positivamente sua relevância e crescimento futuros. A chave é combinar transferências de risco inovadoras com prevenção de riscos e atribuir responsabilidade dentro de uma equipe executiva para garantir que as metas sejam sempre lembradas”, afirma Seth Rachlin, Líder Global do Setor de Seguros da Capgemini.
A resiliência climática precisa ser parte integrante de uma estratégia de sustentabilidade corporativa
O relatório conclui três ações principais para impulsionar as jornadas de resiliência climática das seguradoras, enquanto aumentam suas relevâncias e lucratividades. Em primeiro lugar, as seguradoras devem incorporar a resiliência climática em sua estratégia de sustentabilidade corporativa com ações claras atribuídas a executivos c-suite para garantir senso de propriedade e responsabilidade. Em segundo lugar, as seguradoras devem trabalhar para preencher a lacuna entre as metas de longo prazo e o planejamento de curto prazo, incorporando resiliência em toda a cadeia de valor de uma seguradora. E finalmente, as seguradoras devem redesenhar sua estratégia de tecnologia com inovação de produto, experiência do cliente e cidadania corporativa no centro dela. Isso pode ser alcançado integrando tecnologias como IoT, nuvem, IA, ML e computação quântica.
“Embora a maioria das seguradoras reconheça o impacto das mudanças climáticas, há mais a ser feito em termos de ações demonstrativas para desenvolver estratégias de resiliência climática. À medida que os clientes continuam prestando mais atenção ao impacto das mudanças climáticas em suas vidas, as seguradoras precisam destacar seu próprio compromisso, desenvolvendo suas ofertas para reconhecer o papel fundamental que a sustentabilidade desempenha em nosso setor e para se manterem competitivas em um mercado em constante mudança”, completa John Berry, CEO da Efma.
Metodologia do relatório
O Relatório World Property and Casualty Insurance 2022 extrai seus insights de duas fontes primárias — a Pesquisa Global Insurance Voice of the Customer de 2022 e as Entrevistas Global Insurance Executive 2022. Essas pesquisas primárias abrangem insights de 29 mercados: Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Dinamarca, Egito, França, Alemanha, Hong Kong, Índia, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Holanda, Noruega, Portugal, Arábia Saudita, Singapura, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos.
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