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Variações sobre o tema do equilíbrio econômico

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O desempenho dos índices no segundo trimestre foi, assim, moderadamente positivo, não tendo nenhum dos principais mercados de ações, nem mesmo o mercado norte-americano, registado uma variação superior a 4% face aos níveis registados no final de março.

“É provável que os mercados fiquem mais uma vez satisfeitos com a determinação renovada dos banqueiros centrais, num contexto econômico e político

Em meados de 2019, apesar de uma atualidade fértil em desenvolvimentos políticos e geopolíticos, não se justifica ainda uma alteração à análise global feita aos mercados no final do primeiro trimestre. O artigo Realidade aumentada fazia referência à realidade da fragilidade do ciclo económico global, que favorecia, ao contrário de 2018, o regresso claro de políticas monetárias de apoio à economia e aos mercados. Desde então, a saga das negociações comerciais apenas vem apimentar um cenário global relativamente insípido para os mercados de ações.

O desempenho dos índices no segundo trimestre foi, assim, moderadamente positivo, não tendo nenhum dos principais mercados de ações, nem mesmo o mercado norte-americano, registado uma variação superior a 4% face aos níveis registados no final de março. A nova acentuação da descida dos rendimentos das obrigações suportou, com efeito, a valorização das ações, que registravam uma tendência de desvalorização dado ao aumento das incertezas. Nesta fase de fim de ciclo econômico, convém manter uma análise disciplinada do mercado a fim de continuar a ser possível distinguir o ruído do essencial. As discussões sino-americanas levadas a cabo na reunião do G20 no final de junho terminaram, como se esperava, relembrando que nem a China nem os Estados Unidos estão particularmente interessados em empurrar o mundo para uma recessão profunda com consequências imediatas. A sucessão de posições contraditórias, soprando alternadamente quente e frio, e sendo o vento bastante suave desta vez em Osaca, poderá, assim, prosseguir nos próximos meses num contexto de rivalidades estratégicas, mas também de desafios eleitorais nos Estados Unidos e de abrandamento econômico geral que, a curto prazo, tornarão os dois protagonistas mais cautelosos na sua confrontação.

Com efeito, o contexto continua a ser universalmente desfavorável, com uma atividade industrial particularmente debilitada, apesar de as atividades de serviços, tradicionalmente menos cíclicas, parecerem continuar a resistir. É o caso da China: na sequência do G20, a publicação do índice PMI industrial de junho, que registou 49,4, confirma a tendência de baixa. E, para já, não parece que Pequim esteja determinada a intervir novamente para relançar a sua dinâmica de crescimento. Nos Estados Unidos, o ritmo de crescimento do investimento não residencial continua em declínio, certamente penalizado pelas incertezas comerciais. Na Europa, os indicadores de serviços parecem querer recuperar um pouco (como o Índice Markit Services PMI de França, que registou um aumento de 51,6 para 53 em junho), mas a recessão industrial apenas dá alguns sinais tímidos de estabilização, designadamente na Alemanha (o Índice Markit industrial registou 45 em junho, face aos 44,3 registados em maio). Paradoxalmente, este contexto, à primeira vista pouco atrativo, agrada, entretanto, aos mercados a curto prazo. Embora contendo o risco imediato de uma escalada das hostilidades comerciais entre a China e os Estados Unidos, o cenário de um crescimento fraco, mas relativamente estável, ajuda os bancos centrais a manterem um discurso ponderado para os mercados, sem ser ainda alarmista.

Seria muito arriscado estimar, entre as causas do abrandamento global, as relacionadas com: 1) o abrandamento criado deliberadamente pela China em 2018; 2) os efeitos nefastos da guerra comercial sino-americana na dinâmica dos investimentos industriais; 3) o endurecimento inoportuno das políticas monetárias no ano passado. Este "cocktail", cuja dimensão se desconhece, coloca sobretudo uma questão: o regresso à flexibilização monetária que os bancos centrais se preparam para implementar será suficiente para inverter todas as causas do abrandamento, especialmente se a economia chinesa continuar sob pressão?

A curto prazo, a questão não é muito importante: é provável que os mercados fiquem mais uma vez satisfeitos com a determinação renovada dos banqueiros centrais, num contexto econômico e político temporariamente mais calmo. A médio prazo, o desafio é fundamental: a política monetária «não convencional» está próximo ao fim. Na zona euro, em particular, o que poderíamos esperar de um novo programa de compra de ativos ou de uma descida das taxas de juro diretoras quando constatamos que a França já contrai empréstimos até dez anos a taxas negativas e a Espanha a 0,2% para a mesma maturidade? Assim, apesar dos níveis já muito elevados de dívida, a necessidade de um recurso acrescido à arma orçamental vai-se instalando, tanto na Europa como nos Estados Unidos, uma ação coordenada de apoio aos bancos centrais. A perspetiva desta conivência política inevitável pode lançar luz, ou mesmo justificar, a nomeação de presidentes de bancos centrais com mais formação jurídica e inteligência política comprovada do que experiência na tecnicidade da política monetária. Esta levanta a questão das ramificações que esta importante inflexão poderá significar para os mercados de taxas de juro e de ações, que apenas conheceram repressão financeira e rigor orçamental nos últimos 10 anos, quando chegar o momento.

Por agora, a estratégia de investimento que continua a justificar-se nesta fase do ciclo assenta em três pilares: Em primeiro lugar, uma carteira principal de ações composta principalmente por ativos de crescimento, em relação aos quais a seleção de títulos é decisiva, num segmento de mercado que se tornou caro. Em segundo lugar, agilidade suficiente para captar, em seu benefício, os movimentos de mercados intermediários inerentes a estas fases de transição, reforçados pelas posições públicas adotadas num contexto de agendas de política interna. A utilização marginal e muito disciplinada de produtos derivados opcionais permite evitar os abalos provocados por estes sucessivos ressurgimentos de esperanças e decepções. Por último, o terceiro pilar, este do lado das obrigações: um posicionamento na curva de rendimento das taxas de juro que explora a visibilidade recuperada na flexibilização monetária retomada pelos bancos centrais. Aqui, a disciplina chave é ter cuidado com os rendimentos negativos irracionais e uma atenção especial a obrigações, públicas e privadas, de países desenvolvidos e emergentes, que ofereçam uma remuneração pelo risco que seja suficiente.


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