Como avaliamos os riscos a que estamos expostos
A avaliação de risco é uma fase fundamental do processo de comercialização de seguros. Geralmente os contratantes precisam preencher um formulário para que os profissionais das seguradoras denominados atuários possam calcular as probabilidades de um sinistro ocorrer e, assim, calcular o preço a ser cobrado do cliente (o chamado prêmio).
Os atuários são profissionais com profundo conhecimento de matemática que, por meio de estatísticas e cálculos de probabilidade conseguem chegar a resultados bastante precisos.
A maioria das pessoas, entretanto, é bem mais intuitiva na hora de calcular os riscos a que está exposta, estando sujeita, portanto, a diversos fatores não racionais em suas avaliações.
O medo, por exemplo, é um fator que geralmente afeta fortemente nossa percepção sobre a probabilidade de algum evento em particular acontecer. Segundo artigo da revista “Psychology Today”, de 2008, o medo reforça a memória, o que faz com que catástrofes como terremotos, quedas de avião e atos terroristas pareçam mais frequentes – e, por consequência, mais prováveis de acontecer – do que realmente são.
E esse mesmo viés cognitivo que supervaloriza eventos raros, porém impactantes, pode fazer com que subestimemos outros eventos mais comuns, mas também arriscados, como as viagens de automóveis.
Isso, por exemplo, ficou bastante claro após os atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA, quando o número de viagens aéreas caiu entre 12 e 20%, enquanto o número de viagens de carro cresceu 5,3%, aumentando, assim, também o número de mortos nas estradas.
Cálculos do economista e professor emérito da Universidade de Wisconsin, Michael Rothschild, feitos na época, apontavam que as chances de morte em ataque terrorista aéreo de um americano que viaja de avião, em média, quatro vezes por mês, caso esses ataques acontecessem uma vez por mês, seriam de 1 para 540 mil. Por outro lado, a chance de morrer em um acidente de carro nos EUA é, normalmente, de 1 para 7.000.
A Teoria das Janelas Quebradas, de James Wilson e George Kelling, da Universidade de Stanford (EUA), também ajudam a explicar esses erros de avaliação. Se uma pessoa passa por um beco mal conservado, com pouca iluminação e janelas quebradas, tende a achar que é um local que recebe menos atenção do poder público e, portanto, mais sujeito a ocorrer assaltos, deixando a pessoa mais temerosa. Assim, o ser humano é muito mais eficiente em avaliar intuitivamente a sensação de insegurança que a insegurança em si.
Voltando à questão do terrorismo, uma pesquisa de 2011 feita por dois estudiosos da área de saúde da Universidade de Ottawa, no Canadá, concluiu que “a necessidade da saúde pública de gerir a percepção de risco e a comunicação é, assim, aumentada em uma era de medo e terrorismo global”.
Em um artigo publicado no site “The Conversation”, três professores de psicologia da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, fizeram recomendações sobre como pensar e o que fazer ao se deparar com um fato de rara ocorrência.
O primeiro passo é desenvolver a metacognição, que é a capacidade de monitorar e autorregular os nossos próprios processos cognitivos. Em outras palavras, buscar avaliar como construímos nossas crenças e verdades.
Cientes de que a nossa memória tende a fixar mais fortemente eventos raros e perigosos do que eventos ordinários, os psicólogos sugerem que as pessoas não se fiem apenas na memória na hora da avaliação de um risco, mas também nas fontes estatísticas disponíveis.
A utilização de métodos mais racionais para a avaliação de riscos, mais que ajudar a manter o indivíduo vivo por mais tempo, pode ajudá-lo a preservar mais eficientemente seu patrimônio, sua segurança financeira e a de seus familiares. E para todos esses casos, o seguro pode ser um aliado de extrema relevância.
Para mais informações, converse com um atuário e com um corretor. Provavelmente você não vai se arrepender.
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