Pix: como a nova tecnologia afetará os MEIs?
Com a pandemia de Covid-19, o número de MEIs aumentou em quase 1 milhão no Brasil. As facilidades do pagamento via Pix, como baixo custo e praticidade, poderão ajudar esses microempreendedores a manter seus negócios no mercado.
A partir de novembro, os mais de 10 milhões de Microempreendedores Individuais (MEIs) do Brasil poderão se beneficiar do Pix, uma nova modalidade de pagamentos instantâneos criada pelo Banco Central do Brasil. A novidade acompanha uma popularização dos meios de pagamentos digitais acelerada pela pandemia e consolida a necessidade de digitalização dos negócios.
Atualmente, as transações comerciais eletrônicas têm um alto custo devido às taxas percentuais que são cobradas pelos meios de pagamento, como as maquininhas de cartão, por exemplo. Já o custo de adesão do Pix será fixo em alguns centavos por transferência para as empresas, sem necessidade de equipamentos físicos. “Você vai poder receber e mandar dinheiro sem precisar de cartão, nem de conta bancária efetivamente, bastando ter um celular”, explica Piero Contezini, CEO do Asaas. A fintech, que oferece uma conta digital para empreendedores, teve um crescimento de 52% no volume transacionado pela sua plataforma do segundo para o terceiro trimestre de 2020.
Em levantamento realizado pela Mastercard em parceria com a Kantar, cerca de 75% dos brasileiros entrevistados disseram ter aumentado o uso do pagamento digital desde o início do isolamento social. Diante do cenário, os MEIs terão no Pix uma forma de manter a concorrência no mercado, usufruindo dos recursos digitais, mas com operações mais baratas, simples e independentes de bancos. De acordo com a Pesquisa Fintechs de Crédito (2019), 45 milhões de brasileiros estão excluídos do sistema bancário e de crédito.
Para Piero, outro ponto positivo da implantação da modalidade será a disponibilidade imediata do dinheiro pago pelos clientes aos empreendedores. “Hoje, o meio mais rápido é o boleto bancário, que fica disponível no dia seguinte. O cartão leva até 30 dias”, explica. “Com o Pix, nós vamos poder entregar aquilo que sempre sonhamos: dar acesso fácil ao dinheiro dos nossos clientes, além de permitir que o microempreendedor que não tem uma maquininha de cartão ou não a queira usar, possa receber dinheiro na hora, na frente do cliente, tirando a necessidade de pagar taxas para operadoras de cartão”. As transações via Pix ocorrerão em tempo real, 24 horas por dia, sete dias por semana.
Essas vantagens facilitam a inclusão financeira dos microempreendedores, o que é fundamental em um contexto onde muitos vêm de uma situação de desemprego e flexibilização das relações de trabalho. Somente entre março e setembro deste ano, o número de MEIs no país aumentou em quase 1 milhão.
Digitalização dos meios de pagamento não deve parar
O Pix começará a funcionar a partir de 16 de novembro como uma função dentro das plataformas digitais de bancos e fintechs, que são obrigadas a oferecer a modalidade. As formas tradicionais de transferências, como TED e DOC, continuarão disponíveis, mas devem se tornar cada vez menos frequentes.
A novidade, que compete diretamente com papel moeda, boleto e cartões de débito, ainda deve trazer adaptações em outras formas de pagamento à longo prazo. As maquininhas de cartão de crédito, por exemplo, provavelmente começarão a cobrar taxas mais competitivas.
“Acho que o Pix vai virar o real moeda digital do Brasil, onde todo o fluxo de dinheiro do país vai migrar para lá. Em 10 anos não acho que existirá outro meio de pagamento, talvez nem mesmo o papel moeda ou o cartão de crédito”, alerta Piero. A expectativa também está presente na pesquisa da Mastercard com a Kantar, em que 55% dos entrevistados afirmaram que esperam que todas as transações financeiras sejam realizadas de forma instantânea até 2030.
Para receber um Pix, não será preciso compartilhar nenhum dado bancário, apenas uma chave cadastrada na conta financeira. Essa chave pode ser o CPF/CNPJ, e-mail ou número de telefone, por exemplo.
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