Investir no Nubank é correr risco maior por rentabilidade pior, alerta Capital Research
Relatório sobre risco de crédito da instituição mostra que alocar dinheiro no Nubank, mesmo como reserva de emergência, não é um bom negócio tanto em rendimento quanto em exposição aos riscos
Capaz de reunir até mesmo fãs, o Nubank é visto como um banco moderno e que oferece diversas facilidades aos clientes, além de um excelente atendimento. Estes são alguns dos motivos que levam muita gente a deixar suas reservas de emergência na empresa – hoje são mais de R$ 17 bilhões depositados. Mas, será que investir nos produtos e serviços financeiros do Nubank realmente é uma boa opção quando consideramos os riscos e os benefícios? Para a Capital Research, a resposta é não. E as razões para isso estão detalhadas em um relatório assinado pelo analista-chefe Samuel Torres.
Para o especialista, quando se fala em investir, as indicações são sempre as mesmas: é preciso analisar cuidadosamente as vantagens e desvantagens de cada ativo, incluindo rentabilidade, prazos de resgate, riscos e, até mesmo, o nível de segurança financeira do credor. E é neste ponto que o risco de crédito do Nubank salta aos olhos.
Nuconta e RDB: As opções de investimento do Nubank
Atualmente, os clientes do Nubank têm acesso a duas modalidades de aplicação, com riscos bem diferentes. A primeira é a Nuconta, uma conta de pagamento com liquidez diária que promete pagar 100% do CDI. Como o dinheiro do cliente fica na conta, separado do patrimônio da instituição, o risco deste investimento é baixo, ou seja, se o Nubank quebrar, o valor que está na conta não será perdido, mesmo que demore para resgatá-lo.
A segunda opção disponível para aplicação de recursos é o RDB, um Recibo de Depósito Financeiro que funciona basicamente igual a um CDB. O Nubank empresta o dinheiro aplicado para outros clientes do banco e, em troca, paga 100% do CDI, também com a possibilidade de resgate diário. Nesta modalidade, existe ainda o Resgate Planejado, em que o cliente define por quanto tempo quer aplicar certa quantia, ficando impossibilitado de resgatá-la até o vencimento. Para esta opção, a rentabilidade oferecida é de 118% do CDI, sem liquidez diária. No entanto, nesse caso, se o Nubank quebrar, o dinheiro não estará disponível, já que estará misturado ao patrimônio do banco.
O lado positivo é que o RDB conta com proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma entidade privada que protege investidores de alguns títulos emitidos por instituições financeiras. Porém, o especialista da Capital Research lembra que o FGC não é infinito e não conseguiria cobrir uma quebradeira generalizada no sistema bancário. Em resumo, o RDB remunera o mesmo que a Nuconta, porém com um risco maior. Já a outra opção, RDB com resgate planejado, o risco de crédito existe e exige vencimento em troca de maior liquidez. De qualquer forma, para Samuel Torres, nenhuma destas opções é a melhor para quem quer investir.
Qual é o risco de crédito do Nubank?
Um importante indicador para medir o risco de crédito de uma instituição financeira é o chamado índice de Basiléia. No caso do Nubank, esse índice é alto, 62,8% no primeiro semestre de 2020, o que traz mais segurança aos investidores. Mas, para Torres, aqui vale uma observação: “Os vários aumentos de capital que o Nubank recebeu de seus acionistas nos últimos anos ajudaram bastante a manter a Basiléia alta. E a necessidade desses aportes ocorreu justamente porque o banco nunca gerou lucro”.
Os executivos do Nubank defendem que não gerar lucro neste momento é uma escolha, uma vez que a instituição prefere investir no crescimento acelerado e na aquisição de novos clientes. A estratégia vem dando certo ao longo dos anos, mas o analista destaca que, quando os investimentos pararem, o futuro do Nubank é incerto. O motivo para isso? Os números não batem.
No relatório, Torres analisou o resultado bruto da intermediação financeira, isto é o que o banco ganha emprestando, descontando as provisões para devedores duvidosos e perdas efetivas, menos o custo de captação: “Foi aí que eu vi algo estranho. Primeiro, que até 2019, o Nubank estava sofrendo perdas significativas nessa linha. Daí, quando fui ver o que aconteceu em 2020, foram duas surpresas. A primeira, é que o Nubank começou a colocar as receitas e despesas relacionadas a tarifas dentro do resultado de crédito, que é algo que até 2019 ele não fazia e é algo que nunca vi nenhum banco fazer”.
O segundo ponto que chamou a atenção do analista foi a diferença nos resultados de intermediação financeira no primeiro semestre de 2019, ao fazer o cálculo comparando relatórios antigos com os atuais: “Seria leviano de minha parte afirmar que o Nubank está maquiando os números. Mas, no mínimo, posso afirmar que essa maneira ‘única’ de reportar os números dificulta a avaliação de risco do banco.”
O analista também ressalta que a Standard & Poor's 500 Index (S&P), em março, reduziu a perspectiva do Nubank para negativa, mantendo sua nota em brA-, o que não é ruim. Mas a instituição destacou a limitada diversificação de negócios e os desafios para reverter os prejuízos. Para Torres, considerando os números passíveis de avaliação, o risco de crédito do Nubank é moderado, mas, com certeza, é maior que o dos bancos ABC e Daycoval, por exemplo: “não vejo sentido em deixar o dinheiro aplicado no Nubank, a não ser que seja pela comodidade e seja um dinheiro pequeno para pagar as contas do dia a dia, que praticamente não fará diferença se está rendendo a 100% ou 120% do CDI. Nesse caso, se realmente for deixar o dinheiro lá, a Nuconta apresenta um risco menor e tem a mesma rentabilidade que o RDB”.
Outras opções no mercado
Para o investidor que realmente deseja investir seus recursos em produtos semelhantes aos oferecidos pelo Nubank, como CDBs pós-fixados com liquidez diária, o analista indica algumas opções com menor risco e maior rentabilidade. “No banco Daycoval há disponível um CDB a 110% do CDI. No BTG Pactual há um CDB a 104% do CDI, enquanto no Banco ABC tem um a 101% do CDI. Já buscando por CDBs pós-fixados sem liquidez diária e vencimento daqui a dois, no BTG Pactual, Banco ABC e Daycoval encontrei opções a 114,5%, 113% e 112,5% do CDI, respectivamente”.
No entanto, se o investidor optar por deixar o dinheiro no banco por pelo menos dois anos, o analista explica que há opções melhores no mercado, como LCAs e LCIs, que são produtos de renda fixa isentos de imposto de renda: “No BTG Pactual, encontrei algumas letras de crédito disponíveis a 116% do CDI. No ABC e no Daycoval é possível encontrá-las a mais de 110% do CDI, com vencimento em dois anos. Essas rentabilidades equivaleriam a aplicar em um título não isento que pagasse 136% e 129% do CDI, respectivamente, acima do que paga o Nubank no Resgate Planejado. E ambos são bancos médios de baixíssimo risco. Menor do que o do Nubank”.
Dessa forma, a conclusão do relatório assinado por Samuel Torres na Capital Research é de que a qualidade do serviço do Nubank é inquestionável, mas, deixando o aspecto emocional de lado, investir em alguma das modalidades oferecidas pela instituição, mesmo como reserva de emergência, não é recomendado.
Risco de crédito dos bancos digitais
O relatório sobre o Nubank é o primeiro de uma série de publicações com análises do risco de crédito dos principais bancos digitais do país. Nas próximas semanas, serão divulgados relatórios sobre o Banco Inter, o C6 Bank e o BTG.
Sobre a Capital Research
A casa de análises Capital Research pertence ao grupo Red Ventures, que conta com um portfólio de empresas digitais nas indústrias de educação, saúde, home service e serviços financeiros. A startup foi fundada em outubro de 2019 com a missão de entregar conteúdo relevante de forma gratuita aos seus usuários e reforçou isso ao se tornar a primeira casa de análises 100% gratuita do Brasil, em junho de 2020. Na plataforma, os usuários encontram recomendações de investimentos de uma equipe de analistas certificados, tanto no formato de relatórios quanto por meio das carteiras de recomendação, como a Carteira Capital, a Carteira de Ações, a Carteira de Renda Fixa, a Carteira de Fundos Imobiliários e a Carteira de Fundos de Investimento. Além disso, a Capital Research disponibiliza um portfólio de tutoriais sobre investimentos no site e envia uma newsletter diária e exclusiva com as atualizações do mercado.
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