"Com US$ 105 bilhões em comércio, acredito que possamos dobrar nosso comércio bilateral em cinco anos", afirma Embaixador dos EUA
Todd Chapman também reforçou o apoio à participação plena do Brasil na OCDE e disse que espera anunciar medidas relacionadas à facilitação de comércio, combate à corrupção, boas práticas regulatórias e comércio digital até o fim deste ano
A relação entre Brasil e Estados Unidos nunca foi tão forte e mais aproximação comercial entre as nações acarretaria impactos positivos para ambos os países - é o que diz uma nota assinada pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em nome da Casa Branca. Porém, apesar dos esforços para desenvolver uma sólida relação entre os países, há uma série de temáticas que devem ser fortalecidas à medida que avançam as discussões.
Para Todd Chapman, Embaixador dos Estados Unidos no Brasil, há 5 medidas principais que devem ser o foco do governo americano nos próximos anos: parceria para a prosperidade, área da saúde, ambiental, global, inovação e criatividade. Segundo o embaixador, entram nessa conta o apoio à condição do Brasil como membro pleno na OCDE e o aumento do comércio entre os países, que pode até dobrar. "Acredito que, como governos, temos a oportunidade de criar ambientes em que essas interações possam aumentar", disse, durante webinar promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) hoje (08/09).
FUTURO DAS RELAÇÕES BILATERAIS
Durante a live, o setor privado foi representado pela CEO da Amcham Brasil, Deborah Vieitas, que comentou sobre a série de propostas feitas pela entidade para fortalecer o comércio exterior e fluxos entre Brasil e Estados Unidos ainda em 2020. O documento ‘Brasil-Estados Unidos: 10 Possíveis Entregas’ foi entregue no último mês para autoridades de ambos os países empenhadas nas relações bilaterais, como embaixadores, ministros, secretários e congressistas.
"Existem várias iniciativas que já estão em curso e que poderiam ser concluídas nos próximos meses a partir de um esforço concentrado dos dois governos. Elas são ainda mais prementes no contexto da crise econômica causada pela pandemia, como forma de recompor os fluxos bilaterais de comércio e de investimentos que estão em queda", ressalta Deborah Vieitas.
Estudo da Amcham identificou que o primeiro semestre do ano foi de queda na balança comercial Brasil-Estados Unidos de 31,7%. Em cenários projetados pela entidade, as exportações brasileiras para os Estados Unidos devem registrar contração entre 20% e 25% em 2020. Por sua vez, o déficit de comércio entre os países deverá fechar em U﹩ 2,2 bilhões neste ano. Acesse o documento Monitor do Comércio Brasil-Estados Unidos para ver a análise completa.
PARCERIA PARA A PROSPERIDADE
Empresas americanas já têm enorme participação na economia brasileira e geram alto valor agregado, mas Todd Chapman espera que o comércio entre Brasil e Estados Unidos dobre. "Mesmo com U﹩ 105 bilhões em comércio, acredito que possamos dobrar nosso comércio bilateral em cinco anos. Isso é possível porque o volume do nosso comércio bilateral com Chile, Peru e Colômbia é equivalente a cerca 10% do PIB desses países. Com o Brasil, uma economia de US﹩ 2 trilhões, nosso comércio é de somente 5%. Ou seja, há muitos campos para expandir, à medida que avançamos com a conclusão de novos acordos comerciais", afirma o embaixador.
Para concretizar esse aumento, Todd Chapman disse que espera anunciar um progresso substancial em temas relacionados à facilitação de comércio, medidas de combate à corrupção, boas práticas regulatórias e comércio digital. Todo o pacote deve ser entregue até o fim do ano e promete impactar significativamente o ambiente brasileiro de negócios, que tem uma carência enorme de infraestrutura, segundo Marco Stefanini, CEO da Stefanini Group.
Além disso, Chapman reforçou o apoio à participação plena do Brasil na OCDE, o que tornará a economia brasileira mais competitiva e aumentará sua capacidade de atrair investimentos nacionais e estrangeiros. De acordo com o embaixador, as reformas que já estão em tramitação no Congresso Nacional - administrativa e tributária - também são essenciais para melhorar a imagem do país. "O dólar está sempre correndo para qualquer país que tenha segurança e gere retorno, e as reformas são importantes para criar essa segurança e ajudar as empresas a tomarem decisões a favor do Brasil", reforça.
ÁREA DA SAÚDE E AMBIENTAL
Na pauta do embaixador, figuram entre as prioridades o desenvolvimento de parcerias na área de saúde e do meio ambiente. "No período pós-pandemia, continuaremos a promover avanços na saúde, revolucionando a forma como prevenimos e cuidamos de doenças, avançaremos nossa capacidade conjunta de combater doenças e impulsionaremos políticas que contribuam para uma melhor saúde para americanos, brasileiros e pessoas em todo o mundo", revela Chapman.
Juntos, Todd Chapman acredita que Brasil e Estados Unidos são capazes de desenvolver políticas e programas que protejam o meio ambiente - da Amazônia às comunidades urbanas -, ao mesmo tempo em que criam incentivos para que o setor privado participe e proporcione um crescimento econômico sustentável, como é o caso da Dow, conta Javier Constante, Presidente da empresa para Brasil e América Latina.
PARCERIA GLOBAL, INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE
O futuro do sucesso econômico dos países, defende Chapman, dependerá da capacidade dos inovadores de capitalizar suas ideias. "Por isso, no ano passado, prorrogamos por mais 5 anos um projeto com a INPI que beneficiará empresas pela concessão de patentes mais duradoras para ambos dos países. Além disso, trabalharemos juntos na ciência, na arte e nos negócios, abrindo novas oportunidades e criando novos caminhos para a prosperidade", diz.
O embaixador reforçou também a importância da criação de uma parceria global, que eleve o bem-estar de cidadãos não só americanos e brasileiros, mas de países ao redor do mundo. Para ele, Brasil e Estados Unidos devem liderar reformas em instituições internacionais, defender a ciência e políticas públicas baseadas em dados, promover princípios democráticos e promover segurança alimentar em um mundo que passará a ter 2 bilhões de habitantes nos próximos 30 anos.
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