Brasil,

Saiba o que deve mudar nos hábitos de consumo dos brasileiros

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Marcela Meira
  • SEGS.com.br - Categoria: Economia
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Estamos todos em casa há bastante tempo. A pandemia causada pelo Coronavírus nos obrigou a mudar muitos de nossos hábitos e também a criar outros. O Brasil está entre os países cujo povo mais se preocupa com a pandemia. Uma pesquisa feita pela consultoria global Kantar mostrou que, em abril, éramos a segunda nação com maior preocupação em relação à crise sanitária, perdendo apenas para a China.

Por conta disso, boa parte dos brasileiros de fato ficaram em casa para evitar que o novo Coronavírus se espalhasse ainda mais. Assim, as compras online passaram a fazer parte da rotina do dia a dia.

Preocupados com a saúde, a venda de itens relacionados a esse segmento da economia cresceu. De acordo com a pesquisa Termômetro do Consumo, da Kantar, 78% dos brasileiros estão procurando sair de casa somente para o necessário, além de estarem mais preocupados com a saúde.

Só nos dois primeiros meses do ano, em comparação com mesmo período em 2019, 748 mil lares a mais compraram analgésicos, 330 mil passaram a comprar vitaminas (a C, principalmente) e 224 mil foram em busca de antigripais, informa a Meio e Mensagem.

E quando a pandemia estiver sob controle?

Muito se tem falado sobre como será o mundo quando a pandemia estiver sob controle ou tiver sido debelada - só quando uma vacina chegar ao mercado. Muitos especialistas têm se debruçado sobre esse assunto para pensar o que deverá mudar com base nos novos comportamentos que temos adotado na quarentena. Uma coisa é certa: as relações de consumo não deverão ser mais as mesmas. Isso é o que o presidente da Locomotiva, Renato Meirelles, tem refletido.

Primeiro: a quarentena estimulou os consumidores a refletirem mais sobre o que compram e até a alterar os produtos que compram, priorizando determinados itens em detrimento de outros. Mais do que isso: os consumidores têm se mostrado mais pacientes com a entrega. Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), cujo título é Novos Hábitos Digitais em Tempos de Covid-19, mostrou que, devido ao aumento da demanda no comércio eletrônico, os prazos para entrega aumentaram.

Apesar disso, 57% dos consumidores vêm considerando esse aumento aceitável. Nesta quarentena, as compras de muitas categorias passaram a ser mais planejadas e, com isso, um prazo de entrega mais alongado se tornou aceitável, segundo Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Assim como itens relacionados ao lazer (e-books, streaming de música e vídeo), os relacionados à saúde tiveram um crescimento expressivo. Só para que se tenha uma ideia, a busca por máscaras cresceu 412%, de acordo com a pesquisa O Legado da Quarentena para o Consumo, feita em maio de 2020, na Suprevida o pico de crescimento de valor transacionado entre março e maio deste ano foi de 200%.

Tendências para o consumo pós-pandemia

Especialistas afirmam que leva em torno de 66 dias para uma pessoa adquirir um novo hábito e seguir com ele quando não obrigado. O tempo em que boa parte do mundo permaneceu em casa - três ou mais meses em praticamente todas as cidades que adotaram o isolamento - seria suficiente, em tese, para a incorporação de novos hábitos.

À pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Instituto FSB Pesquisa investigou a forma como o brasileiro pretende se comportar após o fim das medidas de isolamento social. Os dados mostram que a maioria da população pretende mudar seu comportamento num mundo pós-COVID. Pouco mais de 2/3 dos brasileiros pretendem mudar seu dia a dia e 26 % falam em adotar uma rotina totalmente diferente.

Acredita-se que presenciaremos algumas mudanças importantes. Veja só:

1. Marcas que foram devidamente testadas deverão ganhar destaque

Antes da COVID, a maioria de nós, consumidores, gostava de novidades. Uma parcela significativa de nós buscava em marcas ou produtos coisas que eram diferentes, inovadoras, modernas. A experiência do confinamento fez que com os consumidores passassem a dar mais atenção ao que foi devidamente testado e comprovado. Afinal, muitas marcas prometem e não entregam, não é mesmo?

Isso significa, segundo analistas de pesquisa da Evercore, que será mais difícil o lançamento de novas marcas nesse cenário e mais fácil que os consumidores permaneçam leais às marcas/empresas que eles testaram e aprovaram. Não estamos abertos a coisas novas — passamos de uma mentalidade de ganho para uma mentalidade de manutenção, o que é importante para muitas marcas perceberem, segundo Simon Moore, CEO da Innovation Bubble, empresa de ciência comportamental, ao Meio e Mensagem.

Essa será uma oportunidade importantíssima para as empresas melhorarem ainda mais a sua relação com o consumidor e oferecer a ele uma experiência de compra que fará com que ele volte mais e mais vezes. Está havendo uma mudança real de comportamento e empresas que conseguirem se relacionar bem com os clientes neste momento terão uma grande vantagem no pós-crise, segundo avaliação do presidente da SBVC à Agência Brasil.

2. Conforto da oferta digital

Não tem jeito. A aquisição de produtos pela internet tenderá a se fortalecer e a crescer ainda mais no pós-pandemia. Um dado interessante veio do estudo da SmartCommerce, plataforma de comércio eletrônico para marcas de produtos embalados.

Embora tivéssemos a impressão de que o e-commerce era algo já bem estabelecido no Brasil, o que os dados mostram é que quase 40% dos atuais compradores online fizeram sua primeira compra em março. Ou seja, são marinheiros de primeira viagem. Os dados mostram também que consumidores mais velhos podem ter ficado desconfortáveis com a compra de mantimentos ou outros produtos online, mas o Coronavírus os forçou a ficar confortáveis. As pessoas são forçadas a fazer coisas novas e isso vai acelerar a transformação digital, segundo a análise de Paul Marsden, psicólogo de consumo da Universidade de Artes de Londres, ao Meio e Mensagem.

3. Itens de primeira necessidade e não essenciais

O que a quarentena mostrou é que o foco dos consumidores se dirigiu aos itens de primeira necessidade, como alimentos e produtos relacionados à saúde. Produtos não essenciais, como artigos de luxo, calçados etc. tiveram uma redução nas vendas.

Acredita-se que essa tendência deverá ser mantida, até porque uma parcela significativa da população teve queda em seus rendimentos, o que se reflete na preferência pela compra de itens essenciais.

4. A telemedicina deverá vir para ficar

Médicos e outros prestadores de serviços médicos têm oferecido seus serviços online. Especialistas estimam que a telemedicina vá continuar como uma tendência no cenário do pós-pandemia, especialmente porque os relatos dos usuários é de que essa forma de prestação de serviços funciona - ao menos para situações não emergenciais.

A nova postura traz ganhos, porém, também apresenta riscos. Estar inserido em um ambiente digital não significa renunciar à segurança e cautela com o fornecedor. O cuidado com as pessoas é, e sempre será, o ponto principal a ser levado em consideração. A gestão de produtos é uma das grandes responsáveis por garantir a integridade dos pacientes.

Mais do que nunca, a mudança de comportamento no segmento da saúde é visível e necessária, mas mesmo com a inserção cada vez maior da inovação nessa área, é importante que sejam utilizados canais que se mostrem confiáveis e que atendam os critérios de conformidade, validação e rastreabilidade como oferecem as plataformas e os ecossistemas de fornecimento dedicados à saúde.

Escrito por Rodrigo Correia da Silva, CEO da Suprevida

Rodrigo Correia da Silva é CEO Fundador da Suprevida, primeiro ecossistema Plug&Play que conecta consumidores, profissionais de saúde, fornecedores de produtos para saúde e informação de saúde e bem estar. Atuou por 20 anos como advogado e consultor no setor saúde, Mestre pela PUC/SP, Professor do MBA/FGV, liderou os Comitês de Saúde da Amcham e a Filial São Paulo da Britcham. Ao longo da vida além do Correia da Silva Advogados fundou e geriu a Certame e a Linkup, mais recentemente Cofundou a Startup SaaS RCX2-Riskmaster.


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