Como fica a reforma tributária com a pandemia?
Por Ângelo Ambrizzi
A reforma tributária já é uma discussão antiga. O Brasil é o país com uma das mais altas cargas tributárias do mundo. Por aqui, trabalha-se mais de cinco meses – 153 dias, para ser específico – apenas para pagar impostos. Somente no restante do ano recebemos para nós mesmos.
Após turbulências econômicas vividas nos últimos anos, somos agora acometidos pelos impactos da pandemia de Covid-19, que nos faz estar cada vez mais perto de um colapso no sistema financeiro. Algumas medidas emergenciais foram tomadas, mas o que se espera agora são outras medidas rápidas para conter o agravamento da crise, sob pena das empresas fecharem as portas e trabalhadores perderem seus empregos
Contudo, há um projeto na Câmara dos Deputados que propõe a criação de um Super Refis para dívidas contraídas até o fim da pandemia. O texto prevê o parcelamento de débitos tributários e o perdão de até 90% de multas. Na prática, a proposta desonera empresas e pessoas físicas de pagar os débitos contraídos até dezembro, quando termina o Estado de calamidade pública decretado pelo governo. Mas é preciso ser mais estratégico que isso, afinal, nem todas as empresas conseguirão provar que deixaram de pagar um tributo por falta de condições.
Outra medida estudada pelo governo é a volta da chamada Carteira Verde Amarela, com modelo de aposentadoria por capitalização. Com ela, os empresários estariam desobrigados de uma série de encargos e poderiam destinar o valor economizado na manutenção da atividade empresarial, ou até mesmo em novos investimentos na empresa, quitação de dívidas ou contratação de mais colaboradores, aumentando a geração de emprego.
A ideia de incluir novos trabalhadores no novo regime de Previdência, excluindo a contribuição previdenciária sobre suas folhas de pagamento, pode aliviar o caixa de muitas empresas, tendo em vista que, no Brasil, a maioria delas se utiliza de muita mão de obra e ainda pouca automação de processos.
Porém, o que é preciso ter em mente neste momento, é aliar qualquer proposta a uma política de manutenção de empregos, como no caso da MP 936, que permitiu às empresas reduzir a jornada de trabalho e o salário dos empregados a fim de garantir a estabilidade do trabalhador. Nesse caso, o governo entrou com um subsídio de R$ 51,6 bilhões, bancando parte dessa redução salarial.
Enquanto novas alternativas e benefícios tributários não estão disponíveis, as empresas precisam ter atenção redobrada à formação de dívidas tributárias e, dentro das possibilidades de caixa, fazer parcelamentos ou administrá-las de outra forma. Ser assessorado por uma consultoria jurídica, financeira e contábil, neste momento, é imprescindível para atravessar a crise com o menor desgaste possível. Esse tipo de assessoria tributária irá identificar quais impostos podem ser objeto de parcelamentos e quais outros realmente precisam ser pagos em dia, sob risco de repercussão penal. A análise dos possíveis acréscimos financeiros da dívida tributária pelo atraso, como multa e juros, é importante para projetar pagamentos futuros adequados ao fluxo da caixa futuro da empresa.
Os empresários estão imersos em problemas e preocupações, quando o ideal era que eles estivessem focados em maneiras de redimensionar seus negócios, desenvolver novos produtos, entender as expectativas de seus clientes e como podem atendê-las. É importante dividir as responsabilidades para resolvê-las sem maiores transtornos.
De modo geral, é preciso uma grande aliança entre governo, empresas e trabalhadores, de modo a garantir emprego e renda, além de dar uma sobrevida às companhias. Somente assim, poderemos continuar firmes até que se promova uma reforma tributária mesmo em meio à pandemia.
Ângelo Ambrizzi é advogado especialista em Direito Tributário e líder da área tributária do Marcos Martins Advogados.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
https://www.facebook.com/groups/portalnacional/
<::::::::::::::::::::>
IMPORTANTE.: Voce pode replicar este artigo. desde que respeite a Autoria integralmente e a Fonte... www.segs.com.br
<::::::::::::::::::::>
No Segs, sempre todos tem seu direito de resposta, basta nos contatar e sera atendido. - Importante sobre Autoria ou Fonte..: - O Segs atua como intermediario na divulgacao de resumos de noticias (Clipping), atraves de materias, artigos, entrevistas e opinioes. - O conteudo aqui divulgado de forma gratuita, decorrem de informacoes advindas das fontes mencionadas, jamais cabera a responsabilidade pelo seu conteudo ao Segs, tudo que e divulgado e de exclusiva responsabilidade do autor e ou da fonte redatora. - "Acredito que a palavra existe para ser usada em favor do bem. E a inteligencia para nos permitir interpretar os fatos, sem paixao". (Autoria de Lucio Araujo da Cunha) - O Segs, jamais assumira responsabilidade pelo teor, exatidao ou veracidade do conteudo do material divulgado. pois trata-se de uma opiniao exclusiva do autor ou fonte mencionada. - Em caso de controversia, as partes elegem o Foro da Comarca de Santos-SP-Brasil, local oficial da empresa proprietaria do Segs e desde ja renunciam expressamente qualquer outro Foro, por mais privilegiado que seja. O Segs trata-se de uma Ferramenta automatizada e controlada por IP. - "Leia e use esta ferramenta, somente se concordar com todos os TERMOS E CONDICOES DE USO".
<::::::::::::::::::::>
Adicionar comentário