MSF apoia atividades no Líbano para responder ao surto de COVID-19
Atividades deverão aumentar acesso de comunidades vulneráveis à assistência médica
A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) irá manter a maioria dos programas médicos regulares em andamento, adaptando-os à situação atual, fortalecendo prontamente as medidas de prevenção e controle de infecções em suas atividades. No Líbano, as necessidades médicas das comunidades atendidas pela organização continuarão em funcionamento, de forma adaptada para o contexto da pandemia da COVID-19.
"Com base em nossa experiência em atividades de emergência e respostas a epidemias, começamos a implementar triagem e pré-triagem em todas as nossas clínicas para a proteção de pacientes e profissionais", diz Amaury Gregoire, coordenador-geral de MSF no Líbano. “As comunidades que atendemos correm maior risco de serem afetadas por causa dos ambientes lotados em que vivem, do estado geral de saúde mais fraco e das barreiras que muitos enfrentam no acesso aos cuidados de saúde no Líbano”, acrescenta Gregoire.
A resposta de MSF à COVID-19 abrange três áreas de atuação, começando com a adaptação de atividades em nossas próprias instalações, mas também conscientizando a comunidade e apoiando hospitais governamentais na luta contra a pandemia.
Essa resposta está alinhada com a resposta nacional da COVID-19, por meio de contatos com o Ministério da Saúde Pública e outros atores nacionais e internacionais da saúde no Líbano.
Aumentando a capacidade de leitos em todo o país
Em um esforço para apoiar o sistema de saúde em sua crescente necessidade de leitos de hospitalização, MSF está ampliando as atividades médicas em suas instalações.
"Estamos preocupados que o número de leitos atualmente disponível no vale do Bekaa possa não ser suficiente se o surto ocorrer", diz Gregoire. "Também estamos preparando nossas equipes para receber casos em nossas instalações, em resposta às necessidades emergentes das populações libanesas, bem como dos refugiados sírios e palestinos ou de qualquer outra pessoa no vale".
Na cidade de Zahle, onde MSF mantém uma ala pediátrica no hospital governamental Elias Hraoui, nossos profissionais apoiam a equipe do hospital, organizando a triagem, os testes e a gestão de casos para crianças. Barracas dedicadas à triagem para crianças e tratamento de casos não suspeitos foram montadas fora das instalações. O hospital, que é um hospital de referência para COVID-19, estará pronto para receber pacientes pediátricos na enfermaria de MSF, equipada com leitos de hospitalização e uma unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP). A equipe do Ministério cuidará da triagem, testes e hospitalização de adultos. A unidade de talassemia, no entanto, será movida para uma área separada, a fim de proteger as crianças afetadas por talassemia de serem expostas à COVID-19.
Na cidade de Bar Elias, o hospital de MSF, que geralmente administra cirurgias eletivas e atividades de tratamento de feridas, também estará pronto para receber pacientes com COVID-19. A instalação está sendo equipada com capacidade para 63 leitos, uma unidade de terapia intensiva (UTI) e mais de 200 profissionais treinados a postos. Para se preparar melhor para um afluxo potencial de pacientes com COVID-19, MSF suspendeu as cirurgias eletivas temporariamente, mas as atividades de tratamento de feridas ainda estão em andamento, especialmente para pacientes com feridas críticas que precisam de curativos e tratamentos regulares. Esses pacientes serão recebidos em uma tenda montada fora do hospital.
Apoio a hospitais governamentais e locais de isolamento
A presença estabelecida de MSF desde 2008 em várias áreas do Líbano ajudou a criar um vínculo sólido com hospitais públicos e diferentes atores médicos que hoje lutam contra a pandemia de COVID-19. Além de adaptar as atividades nos hospitais e serviços hospitalares que mantemos, entramos em contato com vários hospitais governamentais para apoiá-los com serviços de logística e suprimentos médicos e aumentar sua capacidade médica por meio do treinamento de profissionais.
Em Zahle, no centro de Bekaa, MSF também apoiou o hospital governamental Elias Hraoui, montando uma sala de emergência para COVID-19 na área externa das instalações. Será usado para pré-triagem e triagem de pacientes adultos e inclui uma área de espera e uma área para testes.
No sul do Líbano, MSF ajudou a restaurar alguns equipamentos biomédicos no hospital governamental de Saida e se ofereceu para apoiar, em nível técnico e logístico, o hospital Al Hamshari, o hospital central da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino no Líbano. Nas duas instalações, MSF realizou sessões de treinamento para profissionais sobre medidas de prevenção e controle de infecções.
MSF enviou uma equipe médica para o centro de treinamento Siblin da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), que será transformado em um local de isolamento. MSF apoiará na gestão da instalação, com presença de sua equipe 24 horas por dia/7 dias por semana no local, para garantir o monitoramento dos pacientes e encaminhamento oportuno de casos complicados. Nossa equipe também treinou a equipe da UNRWA em biossegurança, assim como em prevenção e controle de infecções, e os apoiará a manter os padrões nos quais foram treinados.
Todas essas atividades, em coordenação com as autoridades nacionais e locais de saúde, são essenciais para liberar capacidade de tratamento para aqueles que mais precisam, reduzir a mortalidade e prevenir novas infecções.
Construindo engajamento e conscientização da comunidade
As equipes de MSF também se envolveram com comunidades locais e refugiadas, realizando uma série de sessões intensivas de conscientização sobre a COVID-19. As atividades visam pacientes e comunidades vulneráveis que vivem em diferentes áreas no Líbano, no norte (Trípoli e Akkar), sul (campo de Ain al Helweh), sul de Beirute (campos de Shatila e Burj el Barajneh) e região de Bekaa.
Desde o início de março, as equipes de MSF alcançaram dezenas de milhares de famílias nessas áreas, diretamente ou através de voluntários e outros atores locais nas comunidades. A equipe de MSF também apoiou uma campanha de conscientização realizada por voluntários locais. Distribuímos sabão e tanques de água para as pessoas se protegerem lavando as mãos.
Em Dora, um subúrbio no norte de Beirute, MSF criou uma linha de apoio médico em parceria com uma organização local chamada Movimento Anti-Racismo, a fim de fornecer apoio e assistência médica às comunidades migrantes e, especialmente, às trabalhadoras domésticas durante o período de bloqueio total (lockdown). As consultas por telefone cobrem condições médicas urgentes e agudas, aconselhamento e apoio à saúde mental, além de orientação e encaminhamento para outros serviços de saúde, se necessário.
Em todo o mundo, a maioria dos pacientes com COVID-19 não precisa de hospitalização, o que torna uma ação nas comunidades um elemento vital da resposta para diminuir a pressão sobre os hospitais. Isso pode ser alcançado aumentando a conscientização sobre a doença e implementando medidas de precaução.
Ao expandir suas atividades para responder ao surto de COVID-19 e ajudar os prestadores de cuidados de saúde no país, MSF reforça seu longo compromisso de fornecer assistência médica às pessoas no Líbano.
MSF no Líbano
MSF começou a trabalhar no Líbano em 1976 em resposta à guerra civil, enviando equipes médicas para o sul do país e Beirute. Essa foi a primeira missão de MSF em uma zona de guerra. Hoje, MSF fornece assistência médica gratuita em vários locais do Líbano.
Sobre Médicos Sem Fronteiras
Médicos Sem Fronteiras é uma organização humanitária internacional criada em 1971 na França por médicos e jornalistas para levar cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum acesso à assistência médica. Oferece ajuda exclusivamente com base na necessidade das populações atendidas, sem discriminação de raça, religião ou convicção política e de forma independente de poderes políticos e econômicos. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus projetos.
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