Será que a nossa atual Previdência ainda serve?

“É uma questão matemática. Essa previdência que está aí foi feita nos anos 20. Nos anos 20 o ser humano sobrevivia até 50, 60 anos e olhe lá. Já para a atual geração vai ser normal viver até os 100 anos.

Com diversas mudanças nas regras da aposentadoria em discussão no Congresso, uma parcela significativa da população está protestando contra essa reforma. Mas afinal, a nossa Previdência Social precisa ou não precisa ser alterada?

No último dia 15 de março todas as capitais do Brasil, além do Distrito Federal, pararam por conta de greves e manifestações promovidas contra a Reforma da Previdência.

Transportes públicos foram paralisados, vias foram bloqueadas e até professores cruzaram os braços em sinal de reprovação ao projeto do governo que visa alterar as regras da aposentadoria.

Essas ações, inevitavelmente, trouxeram grande transtorno para milhões de brasileiros, que tentaram – sem sucesso - manter suas rotinas normais.

Questão matemática

Mas, apesar de tanta desaprovação, a opinião de Marco Antonio Pinto de Faria, presidente e fundador do Grupo Skill, sobre a Previdência Social é enfática: precisa-se de uma reforma!

E ele explica:

“É uma questão matemática. Essa previdência que está aí foi feita nos anos 20. Nos anos 20 o ser humano sobrevivia até 50, 60 anos e olhe lá. Já para a atual geração vai ser normal viver até os 100 anos. Então, como é que alguém pode defender que a mesma estrutura de previdência que foi criada há tantas décadas serve para hoje?”, questiona.

Informação ‘do bem’ x informação ‘do mal’
O empresário também disse que a falta de informação é o principal fator para que o assunto gere tanta polêmica, e citou um exemplo particular para ilustrar.

“Como não há informação 'do bem' na mídia, informação 'do mal' é o que não falta. Eu tenho um grupo de amigos no Whatsapp e um deles recebeu uma mensagem falando:

‘Sejamos contra a Reforma da Previdência. Contratei um matemático que fez a seguinte conta para mim: uma pessoa que ganha salário mínimo, que trabalhou a vida inteira e que se aposenta agora, daria uma contribuição de cento e tantos mil reais! Como é então que a Previdência Social não tem dinheiro?’. Eu tive que responder e falei para ele não entrar nessa, por que a previdência não serve apenas para a aposentadoria”, relata, antes de enumerar.

“Todo o SUS, que nós reclamamos que está cada dia pior, quem financia? É a previdência. Quem financia os remédios de graça? A previdência. Os postos de saúde e os prontos-socorros? É uma montanha de dinheiro e nós temos que contribuir para isso se quisermos usar", diz. "E isso é muito simples de demonstrar: a previdência arrecada x trilhões. X% disso vai para os planos de saúde, x% vai para os remédios, x% vai para os aposentados e x% disso para os aposentados por invalidez. É só mostrar”, prossegue o contador.

Cada um cuida do seu

O fundador do Grupo Skill também aproveitou para comentar a recente decisão do governo de retirar os servidores públicos estaduais e municipais da proposta de reforma. Porém, o que está sendo tratado pela imprensa como um 'recuo' por parte do governo, é considerado como uma boa medida por Marco Antonio.

"Suponha que você seja professor do município há 30 anos e está para se aposentar. Você contribuiu para a previdência municipal, tem as regras da tua previdência e a forma de contribuição é diferente. Então vem uma lei federal e fala que tudo isso mudou. Qual é a chance que você tem de se defender na Justiça afirmando que essa reforma não vale para você? Todas as chances!", explica.

"Então o que foi feito é inteligente. O governo disse 'eu não vou me meter em uma coisa que é dos estados e dos municípios'. Só que ele também manda um recado: 'estados e municípios, vocês precisam fazer uma reforma interna. Quem não fizer, não venha pedir dinheiro para mim'.

Portanto, deve ter estado que está bem e resolve manter a previdência do jeito que está. Agora, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul... você acha que vai sair quando a reforma de suas previdências? É capaz de sair antes da previdência do governo! Com essa medida, evitam-se milhões de brigas judiciais", prossegue.

“O governo pode falar da previdência que ele manda, a previdência que nós aqui contribuímos. Esse sim. Agora não dá para fazer a reforma de todas as previdências, unificando-as", conclui Faria.

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