Seguradoras arrecadam R$ 207,6 bilhões em 2024, mas lucro líquido cai (Destaque)
Boletim IRB+Mercado, divulgado hoje (19/03), mostra que o lucro líquido do setor caiu 4,1% em 2024, pressionado pela alta dos sinistros e do custo de aquisição
As seguradoras brasileiras fecharam 2024 com arrecadação recorde de R$ 207,6 bilhões, alta de 10,2% na comparação com 2023. É o que mostra a 50ª edição do Boletim IRB+Mercado, publicado hoje (19/03) pela plataforma IRB+Inteligência. As linhas de negócios que mais contribuíram para o crescimento foram Vida e Patrimonial, responsáveis por 67% do aumento.
A análise, que considera a base de dados atualizada pela Susep em 10/03, revela, no entanto, queda de 4,1% no lucro líquido apurado pelo setor: de R$ 37,4 bilhões em 2023 para R$ 35,9 bilhões no ano passado. A redução foi provocada, principalmente, pelo aumento do valor total gasto com o pagamento de sinistros e dos custos de aquisição.
Apesar de pagarem mais sinistros em 2024 (R$ 76,3 bilhões) que no ano anterior (R$ 70,6 bilhões), o índice de sinistralidade do setor, indicador que avalia o desempenho operacional das seguradoras, ficou estável em 41,5%. O resultado ratifica a resiliência e a capacidade do mercado diante de catástrofes, como as enchentes no Rio Grande do Sul – que elevaram os sinistros, principalmente, nas linhas Patrimonial e Habitacional – e o acidente aeronáutico da Voepass, o mais letal no Brasil desde 2007.
Prêmio cedido em resseguro em alta
Em 2024, as seguradoras repassaram R$ 26,3 bilhões em prêmio ao resseguro, aumento de 4,4% frente a 2023, impulsionado pelas maiores cessões nas linhas Patrimonial (14,1%) e Garantia (20,8%). O segmento Rural, por outro lado, reduziu a cessão em 18,1% na comparação com um ano antes. Do total de prêmios cedidos em resseguro, 54,5% foram direcionados às resseguradoras locais.
Vida responde por 35,1% do mercado
O segmento Vida, responsável por 35,1% do faturamento do setor em 2024, avançou 15,8% na emissão de prêmios na comparação com 2023. Resultado atribuído ao bom desempenho dos produtos Vida, Prestamista e Acidentes Pessoais - que juntos equivalem a 88% da carteira. A taxa de sinistralidade anual foi de 28,3%, recuo de 1,3 ponto percentual (p.p.).
Automóvel, responsável por 27,8% do mercado, fechou 2024 com crescimento de 3,1% ante 2023, menor variação anual desde 2021. O desempenho foi influenciado pela alta dos preços dos seguros em 2023, quando houve valorização dos veículos novos e seminovos, pós-pandemia. A sinistralidade em 2024 foi de 59,4%, crescimento de 1,4 p.p.
Seguro Habitacional cresceu 11,2%
Danos e Responsabilidades (18,7% do mercado) teve alta de 13% em 2024 frente ao mesmo período de 2023. O segmento cresceu influenciado pela alta nos Riscos Nomeados e Operacionais (+17,5%) e nos Riscos Diversos (+23,4%), que incluem seguros para celulares, obras de arte, joias e equipamentos agrícolas. Já o seguro Habitacional cresceu 11,2%, impulsionado pelo avanço das vendas do mercado imobiliário (+20,9%) devido ao aumento das vendas do Programa Minha Casa Minha Vida (+43,3%). A alta da sinistralidade em 2024 foi de 8,1 p.p. fechando em 45,2%.
Individual contra Danos (8,2% do mercado) cresceu 14,8% influenciado pelos seguros Fiança Locatícia (+24,4%), Garantia Estendida (+10,9%) e Compreensivo Empresarial (+10,8%). O Compreensivo Residencial (+16,5%) tem contribuído para o avanço do segmento desde 2020, quando sua demanda ascendeu com a pandemia e a adesão ao home office. Em 2023, houve estabilidade, mas, no ano passado, ocorreu nova expansão devido ao registro de vendavais e temporais cada vez mais intensos e comuns no Brasil. A sinistralidade, em 2024, foi de 31,7%, redução de 3,7 p.p.
Seguro Rural cobre apenas 7,7% da área plantada
Rural (6,8% do mercado) variou positivamente 1,3% em 2024 na análise interanual. O segmento tem apoio do Governo Federal por meio do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural que oferece ao agricultor a oportunidade de segurar sua produção com custo reduzido. No segundo semestre de 2024, a iniciativa alcançou R$ 1,1 bilhão em subvenção. Com isso, mais de 138 mil apólices foram contratadas prevenindo 7,26 milhões de hectares. No entanto, vale destacar que somente 7,7% da área plantada no país é segurada. A taxa de sinistralidade fechou em 30,4%, a menor registrada desde a série histórica iniciada em 2014.
Crédito e Garantia (3,4% do mercado) teve crescimento, no ano passado, de 10,3%. O produto que mais influenciou o resultado foi o Garantia Segurado, sendo +35,3% no setor privado e +14,7% no público. O índice de sinistralidade fechou 2024 em 25,7%, variação negativa de 21,5 p.p. A queda foi atribuída, sobretudo, pela menor incidência de sinistros no seguro de Crédito Interno.
O Boletim IRB+Mercado resume as operações de seguros de danos, responsabilidades e pessoas. Nesta edição, as análises também contam com uma versão em inglês. O Dashboard IRB+Mercado Segurador, que permite consulta dinâmica e gratuita a todas as informações, também está no ar. Mais informações no site www.irbre.com.
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