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Falta de profissionais e necessidade de qualificação constante são desafios para mercado de tecnologia

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Demanda de especialistas para o setor atingiu números exorbitantes no país: até 2025, a área terá um déficit de 530 mil pessoas, segundo a Abstartups. Empresas estão criando programas internos para combater a carência e capacitar seus funcionários

À medida em que as tecnologias avançam e novos produtos são lançados, o mercado passa a enfrentar o desafio da escassez de talentos e de mão de obra qualificada. Segundo uma pesquisa produzida pelo Google For Startups e pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais da área de tecnologia até 2025. Para combater este problema, e não sofrer com a falta de mão de obra qualificada, empresas do setor estão criando programas internos e fechando parcerias para que seus funcionários se capacitem, desenvolvendo talentos para novas tecnologias.

Nacionalmente, o total de colaboradores do setor de tecnologia passou de 1 milhão, em 2021, para 1,1 milhão de colaboradores, em 2022, registrando um crescimento de 10% no último ano. Destes, cerca de 40% são do estado de São Paulo, que totaliza 436,5 mil profissionais. Na sequência, aparecem os estados de Minas Gerais (8,9%), Rio de Janeiro (7,9%) e Santa Catarina (7,88%). Os dados são da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia) e foram divulgados em 2024, durante o Startup Summit em Florianópolis.

Segundo a Análise do Perfil Profissional do The Developers Conference (TDC), atualmente, 32,25% dos profissionais de tecnologia no Brasil estão ativamente procurando emprego. Para se destacar em processos seletivos, uma das saídas é a participação em eventos que possuam workshops e palestras que enriqueçam o conhecimento dos profissionais, pensando nas competências necessárias para o presente e para o futuro da profissão.

O TDC é considerado o maior encontro de desenvolvedores de software da América Latina e foi criado com o objetivo de promover o desenvolvimento de habilidades importantes para o ecossistema de tecnologia brasileiro. Por meio de cinco edições anuais em cidades-chaves para a comunidade de tecnologia do Brasil, o TDC conecta milhares de profissionais de tecnologia, líderes de comunidades, palestrantes, empresas e patrocinadores.

“É essencial que os profissionais de tecnologia brasileiros qualifiquem-se e participem de encontros que elevem seus conhecimentos na área, para que as empresas não percam seus talentos. O TDC nasceu para isso, para ajudar os profissionais a desenvolverem suas habilidades da melhor maneira possível, fazendo com que seus conhecimentos sejam bem empregados e colaborem no crescimento do setor de inovação e tecnologia brasileiro”, declara Yara Mascarenhas, diretora geral do TDC.

Conforme o levantamento da ACATE, Santa Catarina deve superar 100 mil postos de trabalho no setor de tecnologia até 2025. A projeção leva em consideração o cenário mapeado de 86,8 mil pessoas trabalhando na área no início do ano passado. Entre os colaboradores atuais, a maior parte ocupa cargos de desenvolvimento de softwares ou tratamento de dados.

O cenário de abertura de vagas no segmento ainda encara a dificuldade de talentos capacitados para as funções. Por isso, a ACATE apoia projetos de formação que atendem gratuitamente alunos não só em SC, mas em todo o Brasil, em parceria com multinacionais como a Oracle.

Atualmente, a ACATE tem em andamento dois projetos gratuitos de formação de desenvolvedores: o Floripa Mais Tec, em parceria com a prefeitura de Florianópolis, e o ELITI, que envolve parceiros como a Softplan e o Sicoob.

Capacitação e fit cultural para profissionais iniciantes

A Hacker Rangers, empresa especializada em treinamentos gamificados para conscientização em segurança cibernética e LGPD, prioriza a contratação de desenvolvedores que tenham maior propensão a se adaptar à cultura organizacional e trazer uma perspectiva mais aberta para o desenvolvimento de soluções inovadoras — que é o caso, geralmente, de profissionais iniciantes.

Vinicius Perallis, CEO e fundador da empresa, destaca duas habilidades específicas e essenciais para a função: lógica de programação e dedicação. "A lógica é fundamental para que o desenvolvedor possa pensar em todas as possibilidades durante a execução de um programa. Já a dedicação garante a busca pela eficiência e a atenção aos detalhes, evitando retrabalho e aprimorando o desempenho dos códigos", afirma Perallis.

Por isso, além de focar na atualização do desenvolvimento técnico dos profissionais, - o que inclui capacitação em técnicas como otimização, modularização, linguagem de programação específica e outros, - a Hacker Rangers valoriza o desenvolvimento de soft skills. Segundo Perallis, essas habilidades comportamentais e sociais refletem como uma pessoa interage com os outros e lida com diferentes situações no ambiente de trabalho, o que é essencial para desenvolvedores.

“O trabalho em grupo, por exemplo, é essencial, pois os projetos de software muitas vezes dependem da colaboração entre equipes multidisciplinares, onde a comunicação eficaz e a sinergia são chave para o sucesso. Já a adaptabilidade é crucial, dado o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas e a necessidade de adotar novas ferramentas e linguagens. Por fim, o aprendizado contínuo é indispensável para que os desenvolvedores se mantenham atualizados frente às inovações do setor, garantindo a competitividade e evolução de suas habilidades ao longo da carreira”, destaca.

Geração Caldeira cria programa de inovação para formar jovens desenvolvedores

O Instituto Caldeira, hub de inovação localizado em Porto Alegre (RS), percebeu entre as próprias empresas-membro a dificuldade de contratar na área - e, por isso, criou o Geração Caldeira, programa gratuito que seleciona e forma talentos para a nova economia, encaminhando os alunos para vagas de trabalho após a conclusão da capacitação. Destinado a jovens de todo o Brasil, que tenham entre 16 e 24 anos de idade, e que estejam cursando ou tenham cursado o ensino médio na rede pública, o Geração Caldeira oferece diferentes trilhas educacionais; e duas delas - Programação Python e Programação Java - são voltadas para a formação de desenvolvedores.

"Entendemos que as empresas têm uma demanda muito grande, que muitas vezes fica desalinhada com o que as pessoas que querem entrar nessas vagas precisam desenvolver em termos de habilidades e competências", conta Felipe Amaral, Diretor do Campus Caldeira. "Então o que fazemos é selecionar jovens que estão muito comprometidos e que querem muito uma oportunidade, e depois oferecer a capacitação para que eles possam ter as habilidades que o mercado busca, tanto em termos de habilidades comportamentais quanto técnicas."

Ao longo do processo seletivo, todos os jovens participantes já têm acesso a capacitações online, pelas quais recebem certificações; e os selecionados para participar oficialmente do programa, de maneira presencial, recebem uma bolsa de auxílio financeiro de R$ 3 mil. O Geração Caldeira inclui certificações de grandes empresas de tecnologia (como Oracle, AWS, Microsoft, Google, Salesforce e Nvidia), acesso à Comunidade Caldeira - com mais de 500 empresas -, rede de desenvolvimento coletivo e apoio individual, e preparação comportamental para o mercado de trabalho.

"Temos uma taxa de empregabilidade muito grande, acima de 80%, e hoje temos mais de 100 parceiros de empregabilidade, que são empresas que se comprometem a abrir vagas exclusivas para os nossos alunos", destaca Felipe Amaral. Nas duas primeiras edições do Geração Caldeira, 11 mil jovens participaram da capacitação online, e 250 foram alunos do programa. No último dia 9 de setembro, os 200 alunos selecionados para a terceira turma começaram a capacitação presencial no Caldeira.

Setor financeiro: o desafio de atrair e reter talentos afeta competitividade de empresas

No setor financeiro, a escassez de profissionais qualificados em tecnologia se tornou um obstáculo significativo. A crescente demanda por desenvolvedores habilidosos, especialmente aqueles com expertise em novas ferramentas e linguagens de programação, tem levado as empresas a enfrentar dificuldades consideráveis na atração e retenção de talentos.

"À medida que a tecnologia avança, a necessidade de profissionais capacitados aumenta, mas a oferta não acompanha essa demanda", afirma Fernando Nobre, Analista de RH da CashWay, techfin catarinense que oferece soluções para as demandas de Instituições de Pagamento e Financeiras. Essa lacuna não apenas limita a capacidade de inovação das empresas, como também impacta diretamente sua competitividade no mercado.

Além das habilidades técnicas necessárias, como o domínio de novas ferramentas e a capacidade de programar em diversas linguagens, os desenvolvedores devem investir continuamente em sua atualização. "A evolução tecnológica é rápida e constante. Para se manter relevantes, os profissionais precisam estar em constante aprendizagem e aprimoramento", explica Fernando. Isso implica um esforço tanto dos profissionais, que devem buscar cursos e treinamentos adicionais, quanto das empresas, que devem oferecer suporte para o desenvolvimento contínuo de suas equipes.

O futuro da tecnologia no setor financeiro depende não só dos profissionais já estabelecidos, mas também daqueles que estão entrando no mercado. Investir na formação e capacitação de novos talentos é crucial para assegurar a inovação e manter a competitividade das empresas no setor.

Capacitação interna de desenvolvedores e novos talentos

Uma das empresas que possui uma iniciativa focada na capacitação para desenvolvedores é a Mirante Tecnologia, especialista em fortalecer negócios acelerando a transformação digital e inovação através de soluções digitais. A empresa desenvolveu uma capacitação com um curso prático para formação de talentos em Low-Code utilizando a plataforma OutSystems, considerada a melhor plataforma de low-code do mundo.

“Foi pensando no déficit de desenvolvedores que o país irá enfrentar que a Mirante começou a estruturar sua própria iniciativa de capacitação, ajudando na formação de profissionais para suas próprias vagas”, explica Rui David, head de digital na Mirante Tecnologia e um dos ministrantes da formação.

A Zucchetti Brasil, multinacional que atua com softwares de gestão, também decidiu investir no desenvolvimento interno de talentos por meio do programa Dev Devs. Dessa forma, a empresa uniu a necessidade da organização em contar com profissionais da área com o interesse de colaboradores em seguir na carreira. De acordo com a diretora de RH, Ana Paula Socha, a necessidade de apostar em cursos de formação para esse tipo de profissional já havia sido mapeada antes da pandemia de Covid-19 - e se intensificou após o aumento na demanda por profissionais de tecnologia de 2020 para cá.

“Esse planejamento se mostrou muito benéfico, pois a concorrência por esse tipo de profissional aumentou drasticamente, já que todas as empresas precisaram modernizar suas operações. Com as medidas de capacitação dentro da empresa, o desenvolvedor passa a conhecer a fundo o dia a dia da empresa e fortalece o fit cultural”, conta a executiva. Ela também destaca que o conhecimento acerca dos negócios e das ferramentas de trabalho se tornam mais profundos, o que acelera o processo de contribuição desse colaborador dentro da empresa.

Desde que as iniciativas de capacitação foram iniciadas, todos os desenvolvedores juniores contratados na vertical de Pontos de Venda (PoS) passaram pelo programa Dev Devs. “Isso acelerou o processo de aprendizado. Como todos já conhecem a empresa e o sistema quando começam a atuar, todo o período de adaptação ficou muito mais tranquilo”, completa.

Por sua vez, Murilo Roland, Diretor Administrativo da Data System, empresa de tecnologia especializada no varejo de moda, relata que, apesar de a companhia ser sediada em Limeira (SP), um reconhecido polo de formação tecnológica, isso não é suficiente para suprir a demanda de talentos. "Entendemos que o mercado de tecnologia, de forma geral, enfrenta uma escassez de talentos com qualificação total, especialmente em nichos menos comuns", Murilo relata. "Por isso, temos uma forte estratégia de formação e capacitação interna de novos talentos. Nos últimos anos temos observado uma melhora significativa no tempo médio de contratação, bem como na satisfação dos gestores em relação às contratações feitas."

Há 29 anos no mercado, a Data System desenvolveu um software de gestão empresarial especializado no varejo de calçados e roupas. A ferramenta é toda produzida na própria empresa, por cerca de 60 desenvolvedores contratados. "Como trabalhamos com tecnologias modernas e linguagens de programação atuais, como C#, Flutter, React, linguagem R, entre outras, nos tornamos uma empresa atrativa para novos talentos que buscam oportunidades de trabalhar com inovação e tendências do mercado", destaca Murilo. "Mas estamos sempre trabalhando na capacitação de novos profissionais dentro de casa, por meio de programas de seniorização e desenvolvimento de habilidades. Entendemos que existe o risco de perder talentos, mas preferimos investir no crescimento e evolução dos colaboradores enquanto estão conosco."

"Além de programas internos, também temos parcerias com empresas externas para ampliar as oportunidades de aprendizado. Esses treinamentos são focados tanto em hard skills quanto em soft skills, visando o desenvolvimento completo dos nossos profissionais", Murilo prossegue. "Sempre buscamos promover os colaboradores que já estão dentro da empresa para novas posições, especialmente de liderança. Sabemos que as novas gerações buscam propósito no que fazem, e acreditamos que a Data System tem esse diferencial no seu DNA."

A Aprix é outra empresa que viu na capacitação de novos profissionais uma possibilidade para driblar os desafios no recrutamento de desenvolvedores. A startup gaúcha desenvolve soluções de precificação baseadas em Inteligência Artificial e quer dobrar sua equipe até o final do ano. Para dar conta desse volume de contratações, tornou-se uma das investidoras do Torneio Feminino de Programação da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). A ação tem como objetivo fortalecer a inclusão de mulheres na tecnologia e promover o protagonismo na programação competitiva.

“Participando dessa iniciativa, atacamos dois problemas de uma só vez. Ao mesmo tempo em que existe uma alta procura por desenvolvedores, ainda há poucas mulheres integradas nesse ambiente de trabalho. Investir na capacitação delas é benéfico para todo o setor, que com o avanço de tecnologias como a IA, vai demandar um número ainda maior de profissionais capacitados”, comenta a gerente de Pessoas e Cultura na Aprix, Karine Giordani.


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