Pesquisa revela “despreparo” de profissionais que chegam na América Latina
A grande maioria (90,8%) dos profissionais estrangeiros que vivem e trabalham no Brasil, México e Colômbia dizem não conhecer nada sobre as regulamentações fiscais locais antes de se mudarem, aponta um novo estudo da Mauve Group, fornecedora global de soluções de RH especializada em expansão de negócios.
A pesquisa, realizada com mais de 500 expatriados que atualmente trabalham na América Latina, também revelou que 69,3% admitiram estar “totalmente despreparados” para lidar com a burocracia local ao chegarem em seu novo país de residência. Além disso, apenas 11,6% manifestaram preocupação com a situação familiar, e 8,2% temem que o visto ou status de residência de seus familiares não seja renovado.
O relatório “Planismo” documenta as experiências de profissionais expatriados em três dos destinos mais populares da América Latina - Brasil, México e Colômbia - sob a perspectiva de profissionais vindos dos Estados Unidos, Europa e Ásia. O estudo aborda suas motivações para se mudarem, os desafios sociais e burocráticos que enfrentam e seus planos para o futuro.
O termo ‘planismo’ reflete a realidade dos negócios globais, onde a localização física deixou de ser uma barreira e se tornou uma escolha estratégica.
“O ambiente de negócios na América Latina entrou na era do Planismo, em que a localização física e a relocação deixaram de ser restrições rígidas. O conceito de ‘lugar’ agora se juntou ao ‘preço’ e às características do ‘produto’ como fator de valor estratégico para as empresas. Nossa pesquisa confirma que a América Latina está no centro dessa tendência,” explica Jaime Bustamante, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Mauve Group para a América Latina.
Segundo os dados, ao comparar sua vida atual de expatriado com a que tinham em seus países de origem, quase dois terços (64,5%) dos entrevistados descreveram sua situação atual como ‘melhor’ (51,1%) ou ‘muito melhor’ (13,4%). Além disso, quase dois terços (63,9%) afirmam que seus salários e benefícios atuais como expatriados são ‘melhores’ ou ‘muito melhores’ do que antes de se mudarem. Mais da metade - 54,3% - estão considerando permanecer em seus atuais países de residência por ‘menos de cinco anos’, enquanto 17,2% pensam em ficar permanentemente.
“Esses dados confirmam não apenas o papel da região como anfitriã de um número de profissionais expatriados que só cresce, mas também os desafios logísticos, profissionais e sociais que eles enfrentam. Uma preocupação revelada pela pesquisa é a falta de conhecimento sobre obrigações fiscais e burocráticas antes da chegada, bem como os medos sobre o status de imigração dos familiares uma vez estabelecidos. Embora muitas dessas questões sejam de responsabilidade individual - como a declaração correta dos impostos exigidos pelo novo país de residência (e qualquer obrigação fiscal com o país de origem) - os bons empregadores desempenham um papel fundamental ao fornecer suporte e garantir a conformidade total.”
Jaime destaca a importância do papel do empregador no apoio aos profissionais expatriados.
“De acordo com nossos dados, 10,4% dos expatriados levam um ano ou mais para se sentirem totalmente produtivos em sua nova localização. Isso é um fator vital para os empregadores, especialmente no caso de funcionários bem remunerados, onde se espera um retorno de investimento dentro de um determinado prazo. Preocupações fiscais ou de imigração podem se tornar distrações indesejadas que levam à improdutividade,” afirma.
As empresas que buscam aproveitar esse novo espírito de internacionalização também devem garantir que estão lidando corretamente com questões essenciais, como conformidade, vistos e impostos em nome de seus funcionários.
“Muitas vezes, a relocação é vista apenas como a transferência de empresas e a busca por estudo e moradias, mas os dados mostram claramente que aspectos mais fundamentais da vida profissional do estrangeiro - como obrigações fiscais e status de imigração - têm um impacto direto na produtividade no trabalho, na qualidade de vida e na satisfação a longo prazo de todos os envolvidos,” conclui.
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