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Brasil carece de modelos de catástrofes e precisa avançar, diz Daniel Castillo, vice-presidente de Resseguros do IRB(Re)

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  /Cqcs/ Sacramento
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Embora muitos acreditem que o Brasil não enfrenta grandes catástrofes, o país tem vivenciado eventos alarmantes, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca histórica que afeta regiões de Norte a Sul. De acordo com Daniel Castillo, vice-presidente de Resseguros do IRB(Re), o Brasil ainda não possui modelos eficazes para prever catástrofes. Por isso, o próximo passo essencial para gerenciar melhor esses riscos e eventos potenciais é, do ponto de vista do executivo, desenvolver e implementar modelos específicos para questões catastróficas.

Castillo é um dos convidados do último episódio da segunda temporada do Conversa Segura, uma série do videocast SeguroPod da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Ao lado de José Ferrara, CEO da Tokio Marine Seguradora; Frederico Ferreira, CEO da Austral Seguradora; e a jornalista Anne Barbosa, o vice-presidente do IRB(Re) aborda temas relevantes do setor, como a análise de risco, que depende de variáveis baseadas em eventos passados; papel dos seguradores, resseguradores e retrocessionários; conscientização da população; e, em larga escala, participação do governo na criação de fundos.

Com longa atuação no mercado internacional, Castillo explica que passou 26 anos na Alemanha e, ao olhar para a América Latina na época, pensava em catástrofes no México, Colômbia e Peru. “O Brasil não tinha catástrofes, era o que pensávamos. Talvez alguma exposição no Vale do Itajaí”, comenta o executivo. “Hoje, o Brasil não tem modelos de catástrofe. Acho que o nosso próximo passo é começar a modelar o país em matéria de catástrofes”, finaliza. Esses modelos podem analisar dados históricos e variáveis climáticas, geográficas e socioeconômicas para estimar a probabilidade e a severidade de eventos futuros, bem como as perdas potenciais associadas.

A recorrência de eventos climáticos traz, ainda, uma percepção diferente quanto à proteção necessária para as pessoas. “O seguro passa a gerar uma necessidade de educação financeira não só para as pessoas, mas, sobretudo, para as empresas, porque o Brasil já não é mais um país sem catástrofes”, comenta o CEO da Austral Seguradora. Uma das mais relevantes iniciativas voltadas à educação financeira é a Semana Nacional de Educação Financeira (Semana ENEF), do Fórum Brasileiro de Educação Financeira (FBEF), que conta com a participação de diversas instituições nacionais – incluindo a Susep, e de pessoas físicas, que promove ações e iniciativas de educação financeira, previdenciária, securitária ou fiscal.

Para melhor entender o impacto desse cenário climático na operação e nos resultados, a Tokio Seguradora realizou um estudo sobre o comportamento da sinistralidade da seguradora diante de eventos climáticos. “Trinta por cento da nossa produção está em seguros empresariais e 70% em automóveis. Quando olhamos essa distribuição temos, pelo menos, três eventos climáticos por dia ao longo do ano”, detalha Ferrara. “Quando você fala de eventos de extrema relevância, não temos essa experiência com a mesma frequência”, pondera.

Crise de 2008 e impacto no setor de seguros

A crise das hipotecas subprime de 2007-2008 nos EUA, que culminou no colapso do mercado imobiliário, teve um grande impacto no setor de seguros, especialmente com a falência da AIG, uma das maiores seguradoras globais, que precisou ser resgatada pelo governo. Esse evento levou a um aumento na regulamentação, como a Lei Dodd-Frank, e forçou as seguradoras a revisarem suas políticas de subscrição e gerenciamento de riscos, reduzindo a exposição a ativos financeiros complexos.

Questionado sobre eventos de grandes proporções como o de 2008 e a necessidade de plano de resseguros, Castillo aponta para a situação do Rio Grande Sul, com 5% do prejuízo econômico total segurado, número este classificado por ele muito abaixo do que deveria. A conscientização da população, por sua vez, seria a chave para resolver a situação. Em linha a isso, investimento na criação de fundos: “Existem fundos que, em casos de catástrofes, funcionam muito bem pelo mundo. Há, por exemplo, na Espanha, um fundo que atua muito bem para esses casos. No Caribe também”, pontua. Existem, ainda, fundos que os governos podem apoiar ou criar com o objetivo de dar suporte em caso de catástrofes.


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