Como está a maturidade da gestão do seu passivo trabalhista?
Por Paulo Souza, Sócio e Responsável pela Área de Cálculos Judiciais da Bernhoeft
A gestão do passivo trabalhista é um aspecto crítico para a saúde financeira e sustentabilidade a longo prazo das empresas. No entanto, muitas organizações ainda subestimam a importância de uma gestão madura e eficiente nesta área, o que pode levar a sérias consequências financeiras e reputacionais.
Uma gestão inadequada do passivo trabalhista pode resultar em elevados custos com indenizações e multas, prejuízos à imagem e reputação da empresa, além de possíveis impedimentos legais e financeiros para operar. As empresas que falham em gerir eficientemente seu passivo trabalhista enfrentam uma escalada de processos, maior vulnerabilidade a fiscalizações e sanções governamentais e, para aquelas de capital aberto, menor atratividade para investidores.
Para avaliar a maturidade na gestão do passivo trabalhista, as empresas devem observar diversos indicadores. Entre os principais estão a quantidade de processos trabalhistas ativos, o valor total do passivo trabalhista, a taxa de incidência de novas ações, a porcentagem de processos encerrados favoravelmente, o tempo médio de resolução dos casos e os custos diretos e indiretos associados à litigância. Além disso, é crucial analisar as verbas mais pedidas versus as verbas mais condenadas, a localidade das ações, identificar os centros de custos e determinar se as ações envolvem funcionários próprios ou terceirizados.
Contudo, existem vários desafios na gestão do passivo trabalhista. A complexidade da legislação trabalhista, a falta de sistemas eficientes de controle e monitoramento de processos, dificuldades na negociação com sindicatos e a resistência interna a mudanças são alguns dos obstáculos mais comuns. Além disso, a necessidade de uma cultura organizacional alinhada com as melhores práticas de conformidade trabalhista e a falta de pessoal qualificado agravam a situação.
Para uma gestão eficaz do passivo trabalhista, recomenda-se implementar sistemas eficientes de monitoramento e controle, adotar tecnologias para automação de processos, realizar auditorias periódicas e buscar orientação com parceiros especializados. Estratégias eficazes incluem a revisão e padronização de contratos de trabalho, implementação de políticas claras de remuneração e benefícios, negociação proativa com sindicatos e utilização de ferramentas de gestão de riscos trabalhistas. A mediação e conciliação prévia para evitar litígios também são práticas recomendadas.
A tecnologia pode ser uma grande aliada na gestão do passivo trabalhista. Softwares de gestão de processos trabalhistas que automatizam e centralizam o controle de processos, ferramentas de análise de dados que identificam padrões e riscos, e sistemas de compliance que monitoram a conformidade com a legislação são fundamentais. A digitalização de documentos facilita o acesso e a organização de informações relevantes.
Consultorias especializadas oferecem expertise jurídica, realizam auditorias detalhadas para identificar vulnerabilidades e desenvolvem estratégias personalizadas de mitigação de riscos. Elas também auxiliam na implementação de sistemas e processos de conformidade.
Na empresa em que atuo, utilizamos tecnologias avançadas para otimizar a gestão do passivo trabalhista. Um exemplo de sucesso foi um cliente que, após enfrentar um atraso significativo com seu antigo prestador, conseguiu, com nossa tecnologia, processar e entregar todos os dados em apenas seis meses. Foram mais de 1 milhão de páginas de PDF e 31 milhões de arquivos TXT analisados, abrangendo 847 reclamantes e 206 nomenclaturas de verbas extraídas. Nossa plataforma de inteligência artificial desenvolvida internamente permite baixa massiva de processos, leitura, quebra e extração de documentos com busca avançada, atualização em massa de dados e elaboração de pareceres integrados.
Para o futuro, as tendências incluem maior uso de tecnologias como inteligência artificial para prever e mitigar riscos, aumento da automação de processos de conformidade e uma crescente importância da responsabilidade social corporativa. Mudanças regulatórias e de mercado também criarão desafios e oportunidades para a gestão do passivo trabalhista, exigindo das empresas uma postura proativa para evitar riscos e aproveitar novas oportunidades.
Dessa forma, caso esteja buscando iniciar a melhoria da gestão do passivo trabalhista, é preciso realizar uma auditoria inicial para identificar e quantificar o passivo, implementar políticas e procedimentos claros, investir em tecnologia para monitoramento e controle, promover treinamento contínuo para funcionários e gestores e estabelecer um canal de comunicação eficaz com sindicatos e trabalhadores.
É bom lembrar que a gestão eficiente do passivo trabalhista tem um impacto direto na saúde financeira da empresa, reduzindo custos com litígios, indenizações e multas, além de evitar perdas produtivas e custos indiretos associados a conflitos trabalhistas. Dessa forma, uma boa gestão contribui para a estabilidade financeira, melhora a reputação e atratividade da empresa e garante a conformidade legal, evitando riscos financeiros significativos.
Sobre Paulo Souza
Paulo Souza é Administrador, Contador e Pós-graduado em Perícia, acumula mais de 22 anos de experiência em Gestão de Contingências Trabalhistas, Cálculos Cíveis, Tributários e Previdenciários para empresas de todos os portes. Sócio da Bernhoeft, lidera serviços especializados em Cálculos Judiciais, Gestão de Riscos com Terceiros, BPO e Consultoria Tributária. Realiza anualmente eventos como lives, podcasts e webinars para orientar departamentos jurídicos e escritórios de advocacia, focado em temas atualizados e conformidade legal. Participa como palestrante em eventos como Fenalaw e Amcham.
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