Seguradoras iniciam 2024 com lucro líquido de R$ 2,28 bilhões em janeiro
A arrecadação das seguradoras no primeiro mês do ano foi de R$ 35 bilhões, representando uma alta de 12,5% em relação ao primeiro mês de 2023
O lucro líquido registrado pelas seguradoras no primeiro mês de 2024 foi de R$ 2,28 bilhões, pouco acima dos R$ 2,19 bilhões de janeiro do ano passado. Vale lembrar que em 2023 o setor comemorou lucro recorde de R$ 29,9 bilhões, com as 50 maiores no positivo. A arrecadação das seguradoras no primeiro mês do ano foi de R$ 35 bilhões, representando uma alta de 12,5% em relação ao primeiro mês de 2023. Os valores que retornaram à sociedade somaram um total de R$ 20,7 bilhões, sendo apenas R$ 6 bilhões em indenizações de seguros e o restante em resgates de planos de previdência e títulos de capitalização, dinheiro que pertence aos investidores destes produtos.
Este é o primeiro dado divulgado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) neste ano. Historicamente, é praticamente o único mês no ano em que o grupo Bradesco Seguros perde a liderança do ranking produzido pela consultoria Siscorp. De acordo com os dados, o Banco do Brasil lidera o ganho em janeiro, com R$ 437 milhões, seguido pela Bradesco, com R$ 353,4 milhões. Em janeiro de 2023, o lucro ficou em R$ 439 milhões e R$ 404 milhões, respectivamente.
A Caixa manteve o terceiro lugar, com R$ 334,5 milhões. Já a quarta colocação mudou. A HDI saltou da 13a colocação de janeiro de 2023 para a quarta posição neste ano com lucro de R$ 144,7 milhões, após consolidar a aquisição de carteiras da Sompo e da Liberty Seguros no ano passado. Com isso, o Itaú foi rebaixado para a quinta colocação, com R$ 140 milhões em janeiro deste ano (R$ 142 milhões em 2023).
Aos olhos dos analistas, o setor de seguros tem pela frente um ano positivo, de acordo com o relatório do banco Pactual, com avaliação das empresas listadas em bolsa. O banco manteve a indicação de “compra” para as ações de BB Seguridade e da Porto Seguro, com preços-alvo de R$ 32,52 e R$ 30,89 respectivamente. No caso do IRB (Re), a casa reforçou a classificação “neutra” para os papéis com preço-alvo em 2024 de R$ 37,35.
A BB Seguridade também é citada como a queridinha dos analistas na bolsa em matéria do Valor, apontada por três corretoras participantes. Maria Fernanda Quelhas, analista de ações da Warren Investimentos, afirma que a BB Seguridade foi sua principal escolha no segmento devido à sua “posição em linhas de seguros rentáveis em comparação aos pares”.
Outra notícia que agita o noticiário de seguros é a Caixa. Segundo noticiou a Veja, o empresário José Seripieri Filho tem pressionado a direção da Caixa para que a estatal venda sua participação na corretora de seguros Wiz. Atualmente, a holding Caixa Seguridade (CSH) detém 25% dos papéis da corretora. Já o Valor Invest acrescenta que holding da Caixa Seguridade com os franceses da CNP mandatou o Bank of America (BofA) para vender a participação de 25% na distribuidora de seguros. A venda da posição da CSH, avaliada em R$ 620 milhões, será feita em bloco. O roadshow começa na semana que vem.
Notícias sobre a regulação do setor de seguros seguem na pauta do setor, principalmente sobre o andamento no Senado da aprovação do PL 29, que muda os contratos de seguros. Há também outras frentes de mudanças comandadas pela Susep, que luta para aumentar seu quadro de funcionários e assim fazer frente a tantas mudanças propostas, inclusive de fiscalização online das seguradoras, com o andamento dos prazos do Open Insurance e do Open Banking, que se consolidam no Open Finance.
Será um ano de muito trabalho para todos os segmentos do setor e portes de companhias, de grandes grupos seguradores a insurtechs, considerando-se que a taxa básica de juros da economia, que remunera quase a totalidade dos R$ 1,5 trilhão da carteira de investimentos das seguradoras, está num ciclo de queda; a maior parte da população ainda tenta reduzir o endividamento; e os parrudos investimentos em infraestrutura anunciados pelo governo Lula, que certamente demandarão diversos tipos de seguros, estão previstos para se tornarem realidade a partir de 2025.
Todos tem um dever de casa a mais. As alterações climáticas revelam fenômenos meteorológicos mais severos, resultando num impacto crescente nas economias. Portanto, torna-se ainda mais crucial tomar medidas de adaptação e as seguradoras precisam mostrar aos clientes e aos governos como podem ajudar.
Na pauta da semana temos as mudanças que o governo pretende fazer no contrato de concessão da Enel Distribuição São Paulo, que vence em 2026. É um assunto importante para seguros tanto pelos contratos em vigor, como por ser este um modelo que pode vir a ser usado em outros contratos que envolvam seguro garantia e como as mudanças climáticas impactam a todos.
Felipe Estefam, sócio do escritório Cascione Advogado, explica que é possível redigir salvaguardas que evitem que um contrato de concessão fique burocrático demais e com cláusulas exageradas. “É possível utilizar como parâmetro modelagens que fazem a distinção entre eventos de força maior que podem ou não ser seguráveis. Nessas modelagens, o privado assume os riscos seguráveis de força maior e que não possam ser objeto de cobertura de seguros oferecidos no Brasil na época de sua ocorrência.”
Bom ano a todos. Em breve temos a divulgação do resultado do primeiro trimestre do ano, com uma sinalização mais consistente do desempenho das seguradoras.
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