Seguro Garantia foi tema de debate no encerramento do Congresso da AIDA
Imagem de Steve Buissinne por Pixabay
“A emergência climática está aí, com catástrofes cada vez mais severas, gerando muito impacto nas infraestruturas, e pensar em soluções de seguro nesse sentido é fundamental”, afirmou a diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da CNseg, Ana Paula de Almeida Santos, em sua participação no painel “Seguro Garantia e seu papel no desenvolvimento econômico”, realizado durante o Congresso Brasileiro de Direito de Seguro e Previdência, organizado pela da Associação Internacional de Direito de Seguro (AIDA) seção Brasil.
Criado a partir da Lei 11.382/06, o Seguro Garantia tem como finalidade reduzir o risco de contratos, garantindo que o segurado seja indenizado caso determinada condição contratual seja descumprida. Ele pode ser utilizado em diversas situações e, particularmente, em obras de infraestruturas.
Segundo Ana Paula, não é possível pensar no desenvolvimento do país sem uma infraestrutura que o suporte e, “para isso, as oportunidades estão postas”. Ela lembrou que em 2025 o Brasil sediará a COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, na cidade de Belém do Pará, quando deverá ocorrer uma série de obras de infraestrutura.
Mas, apesar de ainda ter muito a se desenvolver, o Seguro Garantia vem ganhando mercado. A diretora da CNseg informou que nos últimos dois anos, ele cresceu 23%, tendo arrecadado R$ 5,8 bilhões, apesar de considerar que ainda se trata de um produto muito concentrado, com três seguradoras sendo responsáveis por 40% do market share. Ela também elogiou o chamado “marco do step in”, uma cláusula que foi introduzida pela Lei 14.133/21, a Lei de Licitações, que prevê que a seguradora assuma a responsabilidade pela conclusão da obra segurada em caso de inadimplência do contratado.
Ana Paula encerrou sua apresentação convocando o setor segurador a aproveitar o momento para repensar o Seguro Garantia e se colocar na agenda de sustentabilidade.
Seguradoras devem avaliar bem os riscos do contrato e do contratante
Também participando do painel, o diretor Técnico da Susep, Carlos Queiroz, lembrou que o Seguro Garantia ainda tem uma compreensão que “deixa a desejar” por parte dos contratantes e, particularmente, do setor público e, para ajudar nesse esclarecimento, a Susep disponibilizou em seu site um manual para explicar essa “complexa figura jurídica”. Para as seguradoras, recomendou que, na hora da subscrição de risco, o contratante e o objeto do contrato sejam muito bem avaliados, bem como a aptidão do contratante para executar a obra. Além disso, firmado o contrato, é importante que a seguradora acompanhe a obra de perto. Postas as recomendações, o diretor da Susep afirmou acreditar que “a sociedade vivenciará um ciclo virtuoso derivado do Seguro Garantia”.
Seguradoras precisam reavaliar certos paradigmas
A diretora de Credit Speciality da Marsh Brasil, Carolina Jardim, contou um pouco da história do desenvolvimento do Seguro Garantia, que foi criado na década de 1990 para apoiar o mercado de infraestrutura, mas houve um desvio de seu foco, visto que o que acabou sustentando esse mercado foi o Seguro Garantia Judicial, “como não acontece em nenhum outro lugar do mundo”.
Para reverter esse quadro, além de uma maior proximidade entre as seguradoras e os tomadores públicos, com a redução da assimetria de informações entre as partes, ela destaca a necessidade da melhoria da regulação dos sinistros e da criação de novas coberturas, mais efetivas. “O mercado de seguros precisa evoluir na mesma velocidade do setor de infraestruturas, reavaliando certos paradigmas”, afirmou. Para isso, segundo ela, alterações regulatórias e legislativas também podem colaborar.
Mediado pelo presidente da AIDA, Juliano Ferrer, o painel sobre o Seguro Garantia fechou os dois dias do evento realizado no Rio de Janeiro, com o objetivo de fomentar estudos, reflexões e debates sobre a dimensão jurídica dos institutos de seguro, resseguro e previdência privada.
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