A Caloi Barra Forte
Sou corretor de seguros há 23 anos. Tenho 55 anos de idade. Mas, desde criança, aprendi muito bem o que era estar seguro, o que era proteger meus bens. Aprendi com o meu pai. Meu pai era uma pessoa comum, ganhava pouco e nunca teve um automóvel.
Morávamos em um pequeno prédio de três andares, eram seis apartamentos. Naquela época da infância, brincávamos na garagem.
No mesmo andar em que morávamos, moravam meus tios e três primos. Era comum eu e minha irmã irmos brincar no apartamento deles e vice-versa. Todas as vezes que íamos lá, o meu pai fechava com chave a porta de nosso apartamento. E falávamos a nosso pai, saudoso Sr. Wilson: “Pai, mas pra quê trancar a porta? Só fomos ali na casa da tia e já voltamos”. E ele sempre dizia: “Porta foi feita para ser fechada, e a fechadura não é enfeite”.
Depois de muita insistência de meu pai, acabamos aderindo a sempre fechar a porta com a chave, mesmo se fôssemos “só ali pertinhoe já voltar”.
Quando eu fiz 12 anos, meu pai me deu uma bicicleta. Era uma Caloi Barra Forte. A bicicleta era grande para mim, mas era a que eu queria. Eu era bem “franzino” naquela época. Ele comprou nas Casas Bahia, e eu saí de lá com uma bicicleta e meu pai com um carnê.
No prédio em que morávamos, havia no térreo um “quartinho” onde eram guardados o material de limpeza, algumas ferramentas e uma escada de madeira, para acessar o alçapão do telhado. Neste quartinho algumas crianças guardavam suas bicicletas e lá coloquei a minha. Mas, antes de guardá-la, meu pai tirou de um pacote uma corrente de aço, um cadeado e um chaveiro e disse-me: “Marcelo, meu filho, todas das vezes em que você guardar a sua bicicleta aqui, acorrente-a na escada de madeira e tranque o cadeado e feche a porta do quartinho com a chave, combinado?” Eu concordei com ele.
Aquela bicicleta era a minha alegria!
Eu chegava da escola, tomava banho, ia almoçar e após fazer as lições de casa, ia andar de bicicleta na rua, sempre com meus amigos e primos. No fim de semana era melhor, pois podia ficar com a bicicleta mais tempo. E, sempre que voltava para casa, guardava a bicicleta no quartinho, passava a corrente entre ela e a escada de madeira, e fechava a porta do quartinho.
E, foi sempre assim, até que um belo dia, ao chegar das pedaladas, coloquei a bicicleta no quartinho, passei a corrente entre a mesma e a escada de madeira, mas fiquei com preguiça de colocar o cadeado e pensei: “Ah, nunca aconteceu nada. Não seria agora a vez de acontecer...”
É... e no dia seguinte, ao abrir o quartinho para pegar a minha bicicleta, estavam lá apenas a corrente e a escada de madeira...
E eu sempre que tenho a oportunidade, conto isso aos amigos e clientes quando falam:
- Nunca aconteceu nada. Não seria agora que iria acontecer.
- Pego o carro hoje mesmo, depois faço a vistoria.
- Um dia só sem seguro, não há de acontecer nada.
- Quase não uso o carro. Ele fica mais na garagem.
- Ainda não é a hora de eu fazer um seguro de vida.
Marcelo Monteiro, Corretor de Seguros
Santos-SP
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