Open Finance completa 3 anos no Brasil; entenda os desafios, as expectativas e o que vai mudar
Especialista da Lina Open X explica quais são as mudanças no Open Finance aguardadas para 2024
O Open Finance, ou sistema financeiro aberto, tem revolucionado a forma como os clientes interagem com instituições financeiras. Ele permite que o usuário compartilhe seus dados com segurança entre diversas entidades reguladas pelo Banco Central.
Ao contrário do modelo tradicional, em que as instituições não têm visibilidade sobre o relacionamento de clientes com outras entidades, o Open Finance possibilita a conexão direta entre instituições. Desse modo, é possível acessar dados autorizados pelos clientes de modo seguro e eles têm a possibilidade de revogar a permissão a qualquer momento.
Com o terceiro ano do Open Finance à vista em fevereiro, especialistas apontam para uma série de expectativas e desafios que moldarão o cenário financeiro em 2024.
1. Crescimento exponencial e conscientização
Para 2024, a comunidade financeira antecipa um impulso significativo no desenvolvimento de casos de uso do Open Finance. Para que isso se concretize, as instituições financeiras terão uma influência direta na conscientização dos clientes sobre as vantagens e funcionalidades disponíveis.
“A previsão é de um aumento expressivo no número de usuários, atualmente em 27 milhões, e de consentimentos ativos, que hoje somam 40 milhões. Novas funcionalidades e melhorias na experiência do usuário são esperadas para impulsionar essa expansão, solidificando o Open Finance no mercado e na sociedade”, comenta Alan Mareines, CEO da Lina Open X.
2. Mudanças regulatórias e novas funcionalidades
O cenário regulatório do Open Finance em 2024 traz implementações focadas na melhoria da experiência do usuário. Uma delas é o lançamento das funcionalidades de pagamentos automáticos e recorrentes , que atenderá, por exemplo, a demanda de empresas com grandes volumes e necessidades de pagamentos em lote. Além disso, a consolidação do processo simplificado de renovação de consentimento promete mais eficiência para usuários, fintechs e bancos.
3. Desafios atuais para as instituições financeiras
As instituições financeiras enfrentam diferentes desafios no contexto do Open Finance. O ritmo acelerado de atualizações, implementações técnicas, certificações e funcionalidades representa um grande desafio regulatório, exigindo equipes altamente especializadas. “No ponto de vista dos negócios, a transição para um modelo orientado a dados é vital e demanda adaptações em práticas comerciais, sistemas e ferramentas”, enfatiza Mareines.
Isso tudo envolve um trabalho de conscientização interna, englobando as mais diversas áreas dentro do escopo de cada empresa. Neste aspecto, o Open Finance está, aos poucos, deixando de ser um desafio somente dos setores de tecnologia e compliance, e se tornando um tema relevante do ponto de vista estratégico. A carência de uma metamorfose direcionada ao modelo de negócios orientado a dados vem se estabelecendo como um ponto desafiador para os próximos anos.
“Desde o lançamento em fevereiro de 2021, foram notificadas 106 versões atualizadas de APIs, sendo 74 somente em 2023, de acordo com o histórico oficial de registro de mudanças do Open Finance Brasil. Atender uma agenda evolutiva altamente dinâmica e ainda cumprir os SLAs regulatórios requer times técnicos dedicados e altamente especializados, o que muitas vezes significa despriorizar outras atividades que são até mesmo mais estratégicas em termos de negócios, como o desenvolvimento de produtos e soluções para os clientes, o que tem feito muitas instituições reconsiderarem se vale a pena manter toda essa infraestrutura dentro de casa”, esclarece.
4. Evoluções possíveis no Open Finance
O Open Finance começou com informações padronizadas sobre canais e produtos bancários. Agora, dá para compartilhar dados de diversos produtos financeiros e realizar pagamentos via Pix. A partir de maio de 2024, no Open Investment, os usuários poderão compartilhar dados de produtos de capitalização, seguros e previdência.
Já no Open Insurance, a Fase 3, que acontecerá na mesma data, marcará o início da etapa transacional, que marca a introdução da SPOC (Sociedade Processadora de Ordens de Clientes), entidade que engloba os corretores de seguros no ecossistema de compartilhamento de dados e serviços da SUSEP, até então restrito ao universo de seguradoras.
Soluções para a recepção de propostas de operações de crédito também estão previstas, visando facilitar o acesso a serviços financeiros e promover a escolha de opções mais vantajosas para os clientes.
“A interoperabilidade entre os diferentes “Opens” está em construção para garantir mais comodidade e benefícios aos usuários. Apesar das dificuldades enfrentadas, a aplicação desses sistemas em larga escala é praticamente inevitável e eles estão aí promovendo a transparência e eficiência para clientes e participantes do mercado”, conclui o CEO da Fintech.
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