Evolução dos riscos no âmbito das investigações corporativas
A tecnologia e o comportamento no local de trabalho mudaram muito desde a pandemia, agora as investigações corporativas precisam se adaptar a essas mudanças. Três anos após a pandemia, estabeleceu-se uma nova cultura, com a tecnologia interligando experiências físicas e online, incluindo ambientes corporativos. De acordo com a Gartner, este ano, nos EUA, 71% da força de trabalho será remota ou híbrida. No Brasil, segundo um estudo do Google Workspace de 2022, 56% das organizações adotaram o trabalho híbrido, impulsionando a transferência digital de informações. Setores específicos, como serviços de informação e comunicação, também aderiram amplamente ao modelo híbrido. A FGV revelou em um estudo de 2022 que 74,2% das empresas de serviços de informação e comunicação adotaram o trabalho híbrido.
O aumento da atividade e da troca de informações digitais das empresas trazem maior risco. Isso altera o escopo das investigações corporativas e exige uma avaliação da nova realidade para a gestão de riscos por parte das organizações.
Volumes crescentes de evidências
A transição para modelos de trabalho híbrido ou remoto facilitou a troca de dados e informações, registrando um volume sem precedentes através de canais digitais como Slack e Teams. No entanto, essa normalização da partilha de dados sensíveis trouxe riscos, incluindo o compartilhamento de informações delicadas via WhatsApp e Teams. Além disso, o trabalho remoto impulsionou o uso de dispositivos pessoais, expondo dados a vulnerabilidades. A adoção de políticas claras e barreiras técnicas para regulamentar o acesso a e-mails corporativos e registros por meio de dispositivos pessoais é essencial.
Novas soluções de software geram oportunidades e riscos
O avanço do software e da conectividade resultou na constante troca de informações entre diversas áreas empresariais, da Finança à Contabilidade, Recursos Humanos e Jurídico, visando a agilidade operacional. Se, há uma década, as investigações focavam em dados de um único departamento, como Finanças, hoje elas podem explorar informações e materiais probatórios de várias partes da empresa.
A interseção desses dados com outros sistemas, como registros de viagens e despesas, oferece ricos insights investigativos, revelando detalhes que, de outra forma, poderiam passar despercebidos em e-mails ou entrevistas, unindo peças que poderiam permanecer isoladas.
O que está em jogo: tudo começa com uma boa governança
A crescente familiaridade dos funcionários com modelos de trabalho híbridos pode levar ao relaxamento nos controles internos, aumentando a exposição a riscos, irregularidades internas e fraude. As organizações devem realizar avaliações de risco regulares, manter controle total sobre dados, sistemas e processos relevantes, e promover a boa governança e otimização do uso de dados. Essas práticas ajudarão as organizações a estar melhor preparadas para investigações, adaptando-se às novas tecnologias e enfrentando os desafios do cenário atual.
Carlos Flávio Lopes, Managing Director da StoneTurn. Possui sólida experiência em inteligência corporativa e investigações no Brasil e no exterior, fornecendo análises investigativas e de riscos para ajudar as lideranças corporativas a se manterem informadas para tomarem as melhores decisões.
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