“Seguro é um mecanismo de proteção contra o empobrecimento”
Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, fala sobre PLC 29, open insurance, PDMS e seguro de catástrofe durante palestra do Sindseg-PR/MS
“Defendemos um produto maravilhoso, que faz bem para as pessoas, os negócios e as empresas, mas durante muito tempo fomos acanhados em mostrar para a sociedade o que fazemos. Isso teve um impacto negativo porque a sociedade não conhece o nosso produto e quem não conhece não compra”, ressaltou Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Ele foi o primeiro convidado do Ciclo de Palestras do Centenário do Sindseg-PR/MS, iniciado na última terça-feira, 21 de novembro, no Palácio Avenida, em Curitiba.
Atualmente, o estado do Paraná ocupa o quarto lugar em termos de participação de seguros no PIB.
“O setor tem dado uma contribuição relevante em termos de pagamento de indenizações no estado, assim como em todo o Brasil. No ano passado, pagamos R$ 450 bilhões em indenizações, incluindo todos os ramos. Isso é equivalente a 4,5% do PIB. Imagine o país com 4,5% do PIB a menos?! Qual seria o tamanho da crise no país se não houvesse o mercado de seguros? Haveria o empobrecimento das pessoas e das famílias. Esse é o nosso grande papel. Na verdade, o seguro é um mecanismo de proteção contra o empobrecimento. Porque é isso o que acontece quando alguém perde uma casa, um veículo e um negócio”.
Oliveira reiterou que todo o setor de seguros está unido com o propósito de expandir a cobertura securitária para que se atenda a um número maior de pessoas e empresas.
PL 29/2017
Segundo ele, após muitas discussões sobre o projeto de Lei 29/2017 o setor fez acordo com o governo para remover dispositivos que prejudicariam a atividade de seguros, mas também fez concessões. “Com um trabalho complexo e duro, conseguimos eliminar esses temas mais graves. Por exemplo, o projeto falava da volta da aprovação prévia da Susep de todos os produtos antes da comercialização, o que pararia o processo de inovação que estamos vivendo no mercado de seguros”, exemplificou Oliveira.
De forma geral, segundo o presidente da CNseg, o que permanece no projeto, que deve ser votado em 2024, são regras de maior proteção ao segurado, tais como regras de aceitação, prazos para regulação e de prescrição a contar a partir do momento do conhecimento do sinistro pelo segurado e não mais pela ocorrência.
Sobre o pagamento de comissão com participação no resultado da apólice, a Fenacor interveio e a alteração será incluída no projeto.
“Com a nova lei é preciso ser mais cuidado na elaboração dos contratos e dos termos mais precisos para evitar problemas nos momentos das indenizações”, chamou a atenção.
Open Insurance
Dyogo Oliveira destaca que o Open Insurance foi lançado com uma perspectiva de redução de custos e aumento da competição no mercado de seguros, mas não é isso que está ocorrendo no mercado.
“Qual é o problema desse novo formato? Primeiro não tem nenhuma redução de custo, ao contrário, as seguradoras estão gastando muito para desenvolver sistemas para funcionar com open insurance. Vai surgir essa nova entidade no meio do caminho chamada SPOC, que também representa custo, alguém vai ter que pagar essa SPOC. Vamos continuar trabalhando como sempre fizemos, ou seja, nos deram uma volta para a gente voltar e ficar no mesmo lugar, só que agora, com uma SPOC no meio do caminho”, disse o presidente da CNseg.
“Vamos sair de um mercado extremamente competitivo, com 130 mil corretores, 110 seguradores, na maioria dos ramos você tem 30, 40 ou 50 seguradoras operando, para trabalharmos em um mercado que vai ter uma SPOC. Qual o benefício disso? Quem vai ganhar com isso? Chegou a hora de se perguntar qual é o resultado, porque claramente para o segurado não tem vantagem nenhuma”, enfatizou.
Seguro de catástrofe
“Não ter o seguro de catástrofe é uma catástrofe porque o mundo está cada vez mais suscetível às intempéries, que estão cada vez mais severas”, frisou Oliveira.
Segundo ele, o setor apresentou uma proposta de seguro de catástrofe que destinaria uma verba emergencial para que as pessoas afetadas pelas enchentes possam comprar roupas, alimentos e medicamentos.
“Já apresentamos uma proposta para darmos um primeiro passo e o Ministério está dando prosseguimento às discussões. As cidades e os governos não estão preparados para atender as pessoas. É consternador ver a precariedade da reação. No fundo, as pessoas que se ajudam até que chegue a ajuda pública”, explica o presidente, para quem o programa poderá ser colocado em prática em 2024 e causará um impacto social forte, além de contribuir para a imagem do seguro. “Com isso, iremos construir uma história para acrescentar outras coberturas e outros eventos, e assim ter um programa mais amplo de seguro de catástrofe”.
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