Quatro questões que tornaram o home office um desafio para as empresas
Roberto Vilela, consultor empresarial - Daniel Zimmermann
Negócios que adotaram modelo de forma temporária ou definitiva precisarão adequar a postura e relacionamento das lideranças com equipes para manter os resultados, avalia consultor empresarial
Um recente levantamento da Fundação Instituto de Administração mostrou que em 2020 46% das empresas brasileiras adotaram o home office. Passadas muitas das medidas de isolamento adotadas na pandemia fica a dúvida: afinal, vale a pena seguir com o modelo remoto de trabalho permanentemente? Para muitas empresas e profissionais, não. Um levantamento da Orbit Data Science mostrou, por exemplo, que a satisfação dos brasileiros com o modelo caiu de 71% em fevereiro para 45% em junho.
Segundo o consultor empresarial e mentor de negócios Roberto Vilela, a falta de contato presencial é um dos motivos que deve impulsionar a criação de modelos híbridos e até mesmo o retorno aos escritórios. “Não estamos falando de líderes que atuam no modo ‘comando, controle’, achando que o profissional precisa cumprir seu horário dentro da empresa. Existem desafios muito mais complexos. No home office, engajar, criar e manter a cultura da empresa é muito difícil. A falta da rotina de trocas através das conversas presenciais, que geram inúmeros insights, também desafia os resultados. Para driblar este cenário e ainda assim ofertar certa flexibilidade aos colaboradores, os negócios devem criar opções de atuação híbridas, que intercalam expediente presencial e remoto”, comenta.
O consultor lista quatro desafios que o home office trouxe e precisam ser avaliados caso a empresa queira seguir com o modelo:
1 – Alinhamento: há suporte para que os profissionais exponham suas dúvidas, sejam ouvidos e haja a troca de insights entre os profissionais? No segmento comercial, por exemplo, há uma definição clara de abordagem, qual identidade da empresa está clara para os funcionários? Sem um bom alinhamento, a qualidade das entregas pode se perder.
2 – Produtividade: “Existe uma ideia errada de que o home office torna os profissionais mais produtivos. Nem sempre é assim. Muitos funcionários se sentem sobrecarregados e nem todos têm o perfil que se encaixa no modelo. Você precisa ter autocontrole para evitar dispersão nas entregas”, avalia Vilela.
3 – Acompanhamento de metas: a tecnologia ainda não está presente em muitos negócios e o home office desencadeou um descontrole na gestão do conhecimento. Mensurar entregas, entender como está a atuação, se as metas estão sendo batidas e se os números estão em concordância é desafiador.
4 – Inteligência emocional: de acordo com Vilela, sem a mentoria necessária e a adequação das empresas com base em avaliação de resultados, o pós-pandemia deve ser de retorno aos escritórios. “Muitas empresas já definiram que, assim que superada a pandemia, os profissionais retornarão aos postos de trabalho. Até porque gerir conflitos e apoiar os profissionais no crescimento de suas carreiras é um processo mais bem-sucedido quando feito presencialmente. Definitivamente precisamos entender se o trabalho remoto faz sentido para o negócio e não há problema algum se ele não for. O importante é que esta escolha seja feita com base em um bom planejamento, para que seja assertiva e traga bons resultados em longo prazo”, finaliza.
Sobre o consultor
Roberto Vilela é especialista nas áreas de gestão e estratégias comerciais. Atua em todo o Brasil com clientes de médio e grande porte realizando palestras, consultoria comercial e treinamentos vivenciais. É autor dos livros Em Busca do Ritmo Perfeito, em que traça um paralelo entre as lições do universo das corridas para a rotina de trabalho, e Caçador de Negócios, com dicas para performances de excelência profissional. Produz ainda séries de podcasts sobre estes assuntos, disponíveis nas plataformas Spotify e Itunes. E-books, artigos, áudios e vídeos disponíveis em www.orobertovilela.com.br.
Roberto Vilela, consultor empresarial
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