Com ampliação da quarentena, educação financeira se torna ferramenta essencial para enfrentar desafios econômicos criados pela pandemia
Preocupação com as finanças pessoais cresce entre os consumidores; habilidade para negociar e gerenciar recursos ganham cada vez mais importância
As incertezas econômicas que surgem devido à pandemia, que vão desde os impactos da paralisação das atividades por um longo período até a manutenção do emprego, amplificaram a preocupação com as finanças pessoais. De acordo com dados apurados pelo setor de birôs de crédito, cerca de 80% da população precisou revisar o orçamento doméstico. Além disso, mais da metade dos brasileiros acredita que terá dificuldade para pagar todas as contas durante a crise.
A situação é a mesma em todo o mundo. Levantamento do National Endowment for Financial Education (NEFE, Fundo Nacional de Educação Financeira, em tradução livre) aponta que 88% dos norte-americanos afirmam que a pandemia causa estresse em suas finanças pessoais. Mais da metade (54%) diz que está preocupada por não ter economizado o suficiente, enquanto 48% está preocupada com sua capacidade de pagar contas. Diante disso, a educação financeira, cujas bases são controle dos gastos e uso consciente dos recursos, torna-se uma ferramenta fundamental para atravessar o período.
Nesse contexto, as autoridades reguladoras de crédito têm aprimorado os programas de alfabetização financeira e de consumo, por meio da publicação de planos de ações recomendadas, além da disponibilização de recursos adicionais úteis aos mutuários. Algumas das iniciativas propostas incluem aconselhar aqueles que enfrentam dificuldades de pagamento a negociar adiamentos e reestruturação de acordos.
Divulgar como os birôs de crédito reportarão e processarão os atrasos nos pagamentos, os adiamentos e os acordos de reestruturação de maneira a minimizar o impacto nas pontuações de crédito, e também a intervenção do governo, incluindo políticas, estão entre as medidas dos planos.
As orientações das autoridades reguladoras sugerem ainda a revisão mais frequente dos relatórios de crédito, o apoio à implementação de recomendações de políticas por meio de programas de assistência técnica, a capacitação dos provedores de serviços de relatórios de crédito, além da convocação de um fórum global e regional para enfrentar os desafios emergentes e influenciar a formulação e atualização de políticas ligadas ao tema.
Quanto ao tomador de crédito, entre as principais medidas de educação financeira que podem auxiliar neste momento está a negociação. Os planos emergenciais criados pelas agências reguladoras e entidades do mercado de crédito em todo o mundo recomendam aos mutuários com dificuldades de pagamento que abordem os provedores de crédito sobre possibilidade de adiamentos de pagamentos e reestruturação de acordos.
A postergação de datas de vencimento das obrigações e a flexibilidade entre credores e devedores também são indicadas. No entendimento das autoridades de crédito, ao estabelecer novas condições para o pagamento das dívidas, evita-se o inadimplemento e atende-se às necessidades de ambas as partes.
"Revisar o orçamento, alterar prioridades e, acima de tudo, renegociar dívidas e reavaliar empréstimos e financiamentos é fundamental e pode ajudar a atravessar essa fase de forma mais tranquila. Vale lembrar ainda que menos inadimplência significa mais acesso ao crédito, recurso que terá papel fundamental para a retomada da economia pós- coronavírus", afirma Elias Sfeir, presidente da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC).
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