Os impactos do COVID-19 na cultura das organizações
Algumas empresas passaram a priorizar questões sociais e otimizar benefícios, sem perder a rentabilidade do negócio. Agregaram novas competências como: adaptabilidade, flexibilidade, gestão do tempo e dos processos de forma remota, sem impactar diretamente na sua filosofia.
Neste momento o jeito de ser e de fazer precisa ser inovado. Mostrando o propósito da organização integrando todos os públicos de forma diversa.
Carlos Alberto Schütz é administrador de empresas e especialista em Controladoria. Com experiência em estratégia de negócios, planejamento financeiro e gestão orçamentária há mais de 10 anos, comenta o impacto desta crise atual: “A crise causada pelo vírus COVID-19 deixará fortes marcas no Sistema Econômico Financeiro Nacional. Mesmo com a ampla gama de soluções anunciadas pelas autoridades governamentais, instituições financeiras e outras, não há como medir o legado que este momento de extrema dificuldade deixará. Os mais afetados, sem dúvida, serão os pequenos negócios”.
Atualmente o cenário econômico é de retração. Segundo um estudo realizado pela coordenação do centro de macroeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), após a crise instaurada devido ao Covid-19, a estimativa da atividade econômica é de queda de 2,5% ainda em 2020. O efeito sobre a economia segundo a pesquisa, será de queda de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. O presidente do Banco Central zerou a projeção do PIB em sua revisão divulgada nesta quinta-feira (26), o impacto expressivo do coronavírus foi somado ao resultado abaixo do esperado em indicadores econômicos de 2019 e início de 2020.
A Pandemia já se espalhou por mais de 160 países tendo mais de 400mil casos confirmados. No Brasil, já são mais de 4.000 casos, fechamento parcial de fronteiras e isolamento social. No varejo tradicional, houve queda de 6% no início de março. Na Moda, a queda foi de 3%. Queda de 6% nas buscas por itens de decoração, 10% nas buscas por móveis e 29% nos serviços de reparo e reforma. Houve queda também no setor de beleza de 46% e 41% no Turismo. O setor que mais sofreu impacto foi o segmento de Economia Criativa, com uma queda de 66%. Contudo, em alguns segmentos, houve crescimento como é o caso dos supermercados que marcaram alta de 14%. As Farmácias e drogarias também tiveram aumento de 17% no faturamento e o crescimento do segmento de transportes e logísticas ficou em 15%. Estes dados, foram divulgados por um levantamento do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), entidade objetiva a capacitação e a promoção do desenvolvimento econômico estimulando o empreendedorismo brasileiro.
O cenário é de instabilidade. De acordo com Carlos Schütz, a crise do COVID-19 impactou rapidamente a economia e simultaneamente a estrutura das organizações. As empresas foram obrigadas a mexer em sua cultura organizacional para se adaptar a crise, e muitas delas não estavam preparadas para uma transformação imediata: “O coronavírus chegou rápido, e continuou avançando, criando situações de grande aflição. Algumas empresas foram obrigadas a fechar suas portas e buscar alternativas. Para outras, o trabalho passou a ser home office, empresas que estavam resistentes a modernização tecnológica foram obrigadas a experimentá-la, um exemplo disso, são as reuniões que passaram a ser realizadas por vídeo conferência. É aí, que vemos a importância de uma cultura organizacional bem implementada e assimilada por todos. Toda empresa tem em seu DNA uma cultura impregnada. A filosofia e a metodologia de condução dos processos internos, determinam visões, missões e valores da empresa, compondo o “fit” cultural. A cultura norteia a forma como o negócio deve funcionar e interagir com o mercado. A partir da crise do COVID-19, houve a necessidade de adaptação abrupta”.
Carlos Alberto Schütz, em seu currículo tem ampla experiência em negociação com instituições financeiras e fornecedores com foco em resultados econômicos, sua expertise está na gestão da controladoria e acompanhamento orçamentário, prevenção e mitigação de riscos que comprometam o negócio e a imagem da organização: “Algumas empresas passaram a priorizar questões sociais e otimizar benefícios, sem perder a rentabilidade do negócio. Agregaram novas competências como: adaptabilidade, flexibilidade, gestão do tempo e dos processos de forma remota, sem impactar diretamente na sua filosofia, demonstrando claramente como é o seu comportamento frente aos funcionários, clientes, sociedade e governo”.
Atualmente Carlos Alberto está passando por um processo de outplacement na Success People — empresa de desenvolvimento pessoal e gestão de pessoas — orientado pelo consultor de carreira Romildo Nascimento, que tem ampla experiência em processos de consultoria de carreira: “A Organização Mundial da Saúde OMS decretou uma pandemia no país, estamos enfrentando uma questão de isolamento social. Trata-se de um momento diferente, por isso, é necessário promover mudanças", comenta Romildo.
Para Luciano Mello, vice-presidente da Success People, a crise deve ser entendida como um momento a buscar a essência: “Líderes eficazes precisam explorar e descobrir metodologias se adaptando rápido as questões novas, estabelecendo prioridades e preferências claras, reformulando os objetivos em pequenas ações possíveis, sem deixar sua cultura organizacional de lado. Durante a crise, tivemos um aumento na procura por nossos serviços. As empresas buscam em seus propósitos entender como se relacionar com o mercado atual interagindo socialmente, politicamente e economicamente”.
A Success People realiza parceria entre executivos e empresas e recebeu demandas de demissões em massa, assim como preenchimento de vagas antes da crise inexistentes. Carlos Alberto Schütz concorda com a importância da transformação e enfatiza: “Neste momento o jeito de ser e de fazer precisa ser inovado, integrando todos os públicos de forma diversa. Está na clareza de propósito e no engajamento de todos, a oportunidade de estabelecer uma cultura viva, totalmente favorável ao comprometimento.
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