Covid-19: alimentação saudável não evita a doença, mas ajuda na recuperação
Nutricionistas explicam que a prevenção está no distanciamento, uso de máscara e higiene das mãos, mas um bom estado nutricional é importante para pacientes que apresentam complicações
Manter uma alimentação equilibrada, a base de proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas e minerais sempre foi importante para a imunidade. Não seria diferente agora, em tempos de COVID-19. Ainda que a proteção efetiva contra o coronavírus não esteja no prato ou nos suplementos vitamínicos, o bom estado nutricional tem relação positiva no desfecho das complicações em pacientes que contraem a doença.
Quem ensina é o doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos, mestre em Alimentação e Nutrição e especialista em Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família, Jhonathan Andrade. “A proteção contra a COVID-19 são as medidas básicas de segurança (distanciamento, uso de máscaras e higiene das mãos) e a vacina. O que podemos afirmar em relação à nutrição é seu efeito positivo no caso de complicações”, diz o nutricionista.
Professor do curso de Nutrição do UNICURITIBA, Jhonathan diz que se não há um alimento “protetor” contra o coronavírus, há aqueles que devem ser evitados por sua relação com a chamada incompetência imunológica. “Estudos mostram que os carboidratos refinados devem ser consumidos em quantidades moderadas.”
Para quem deseja ser saudável, a orientação é procurar um nutricionista e seguir uma prescrição dietética relacionada a sua individualidade metabólica, como faixa etária, prática esportiva, fatores sociais e psicológicos. “O que vale para todo mundo é diminuir o consumo de alimentos ultraprocessados”, ensina o professor.
Modismos não funcionam contra a Covid-19
O nutricionista Sérgio Ricardo de Brito, que também leciona no curso de Nutrição do UNICURITIBA, faz um alerta: modismos não funcionam contra a COVID-19. Por isso, suplementos vitamínicos e shots que combinam especiarias e prometem proteção contra a doença devem ser vistos com cuidado.
“Não há estudos suficientes para a prescrição dietética destes suplementos e shots como forma de prevenir a doença. O importante é ter uma alimentação saudável, com orientações nutricionais baseadas na ciência”, esclarece o mestre em Biologia Celular e Molecular e doutor em Medicina Interna.
O que existe, segundo o especialista em Gestão da Nutrição Clínica, são pesquisas mostrando a relação positiva para a imunidade – e não exatamente para a prevenção da COVID-19 – no consumo de compostos bioativos presentes em alimentos como açafrão, frutas vermelhas, chá verde e frutas ricas em vitamina C, como laranja, acerola, caju, goiaba e limão.
“O consumo de vegetais e tubérculos também é importante, pois são ricos em nutrientes que auxiliam em uma melhor saúde geral do indivíduo. Tomar sol para ativar a vitamina D é outro fator necessário e isso pode ser feito no quintal de casa, da janela ou da sacada do apartamento, respeitando o isolamento social. Esse, sim, é um recurso de proteção e prevenção contra a doença”, comenta o professor.
Como lidar com a perda de apetite na Covid-19
A falta de apetite é um dos problemas comuns em pacientes com COVID-19. Se vier associada à perda de olfato e paladar, a hora da refeição fica ainda mais difícil. Neste caso, a dica dos nutricionistas é evitar que as refeições sejam monótonas. Uma saída é utilizar temperos naturais e caprichar na aparência dos pratos.
“Quanto mais agradável for a refeição, melhor. O cardápio deve ser variado e a sugestão é que o paciente coma com atenção plena, calma e escolha um local arejado e tranquilo, na tentativa de tornar esse momento o mais prazeroso possível”, diz o professor do UNICURITIBA, Jhonathan Andrade.
O nutricionista Sérgio Ricardo de Brito reforça que mesmo não sendo responsável por prevenir a contaminação por coronavírus, uma alimentação equilibrada é suficiente para evitar outras doenças oportunistas. “A qualidade, quantidade, harmonia e adequação dos alimentos e nutrientes têm se mostrado muito eficiente para a saúde da população.”
Para conter o aumento da obesidade e as doenças crônicas não transmissíveis relacionadas a processos inflamatórios do organismo, a recomendação é evitar alimentos ricos em gorduras saturadas, como biscoitos recheados, snacks, macarrão instantâneo, refrigerantes, sucos em pó, balas e chocolates com alto teor de gordura.
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