Um ano de enfrentamento à Covid-19: superintendente médico de hospital privado de Joinville (SC) analisa o período
Danilo Abreu, superintendente médico assistencial do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC)
O primeiro caso confirmado de Covid-19 atendido no Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), foi registrado em 16 de março de 2020. Mas a nossa preparação para esse período pandêmico se iniciou antes, em janeiro, quando instituímos um comitê de crise para enfrentamento do novo coronavírus. Observar o que estava acontecendo na China e na Europa foi muito importante para nos mobilizarmos, antecipadamente, para a adoção de medidas preventivas, novos protocolos e rotinas, além de protagonizar uma ação regional para redução dos impactos do novo coronavírus. Tudo isso contribuiu para a assertividade em nosso desempenho desde então.
Uma das primeiras medidas que tomamos, ainda em março, foi realizar a triagem dos pacientes e a separação da emergência em respiratória e não respiratória, para que os pacientes não se misturassem. Também prezamos pela segurança no atendimento eletivo, controlando o fluxo de pessoas e adotando medidas mais rigorosas de higienização e distanciamento. Manter os protocolos atualizados e acessíveis aos nossos profissionais, mesmo com as alterações constantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde, foi um trabalho intenso e constante. Assim como a iniciativa de suspender as cirurgias e atendimentos eletivos quando necessário, visando à segurança do paciente, e equacioná-los quando retomados, para manter a qualidade no serviço prestado.
Garantir um estoque de insumos foi um dos maiores obstáculos, pois sentimos a falta de itens no mercado ou, com frequência, a variação dos preços, principalmente de equipamentos de proteção, produtos descartáveis e medicações. No entanto, não tivemos desabastecimento em nenhum momento. A gestão de leitos e de equipes também mereceu atenção redobrada. Visando a recuperação dos pacientes que tiveram a Covid-19, abrimos um ambulatório de fisiatria, visando o tratamento das sequelas da doença, a reabilitação integral, para que esses pacientes possam retornar à sociedade e aos ambientes familiar e de trabalho da melhor forma possível.
Os principais personagens no combate ao novo coronavírus são os profissionais da saúde. Trata-se de uma classe que vem sofrendo com uma enorme pressão psicológica, um grande sentimento de impotência perante uma doença que se agrava, por mais que se trate, e com um número crescente de pessoas contaminadas. Pensando nisso, para preservar a saúde mental, criamos o programa “Você de Bem”, que oferece suporte psicológico aos funcionários. Muitos de nossos profissionais tiveram que ser afastados por conta de contaminação em suas famílias, mas felizmente poucos contraíram a doença. Apesar das dificuldades, que não são poucas, todos estão engajados e comprometidos com o mesmo objetivo de prestar a melhor assistência ao paciente.
Assegurar que o nosso planejamento estratégico continue avançando é outro desafio atual — obter um crescimento sustentável em um cenário tão incerto. Acreditamos que vamos sair fortalecidos dessa pandemia: já estamos ampliando a nossa estrutura, com abertura de novos serviços, visando atender todas as especialidades médicas, e investindo em atendimento de alta complexidade. Pretendemos continuar oferecendo um atendimento integral, humanizado e completo, suprindo todas as necessidades da população, em um grande centro hospitalar, referência em Santa Catarina.
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