O caos mental ocasionado pelo excesso de notícias sobre o Coronavírus, por Andrea Ladislau, psicanalista
Mundialmente estamos enfrentando momentos de crise na saúde pública com a disseminação do Coronavírus Disease (COVID – 19). Uma doença que foi identificada pela primeira vez em Dezembro de 2019 na China, e está revolucionando o mundo de uma forma geral.
A transmissão se dá por contato próximo com pessoas que foram infectadas pelo vírus, por alguma superfície ou objeto contaminado. E podemos destacar como sintomas da doença a febre acima de 37,5ºC, tosse e a falta de ar, com bastante dificuldade respiratória. E em casos mais extremos podendo até chegar a pneumonias graves com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, levando a eventual óbito. Mas, a boa notícia é que os casos que são tratados, em sua grande maioria, não deixam sequelas.
Infelizmente a doença do Coronavírus trouxe muito pânico e medo, por isso, além de estarmos atentos aos aspectos físicos e biológicos relacionados a esta doença, cabe também fazermos uma análise minuciosa de outros pontos relevantes voltados para a saúde mental e emocional das pessoas.
O excesso de notícias e informações tem levado o ser humano a um descontrole e a uma insegurança sem igual. Com o advento tecnológico, a propagação das chamadas Fake News (notícias falsas) trouxe um grande impacto viral e, através de chamadas sensacionalistas, tendem a prender o público e acabam assim, por desestabilizar emocionalmente quem consome essas notícias. E a cada minuto surge uma nova notificação nas mídias colaborando por aumentar o medo e o desespero das pessoas. Com isso é natural a presença de transtornos de estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade generalizada, pânico e outros sintomas decorrentes.
Infelizmente essas são as respostas de nossa mente para a tão temida pandemia que se desenha no cenário mundial. Como estão recebendo uma enxurrada de notícias, as pessoas se sentem inseguras e sem ter muita certeza do que pode realmente ser real, a sensação mais comum é a falta de controle, incerteza com os dias futuros e uma instabilidade relativa a tudo e a todos. Pessoas infectadas ou com suspeita podem, pelo desespero, apresentar comportamentos impulsivos e até evidenciar tendências suicidas.
Definição dos sintomas, causas, tratamento e cuidados com o Coronavírus, ainda são pontos que geram muitas dúvidas, portanto é natural que os pacientes infectados ou com suspeita de infecção venham a manifestar, principalmente, o medo das consequências de se portar a doença. Em casos suspeitos ou confirmados, a recomendação é colocar o paciente em quarentena. Estes, no entanto, por estarem isolados, impedidos de realizarem suas atividades rotineiras e de manterem contato direto com outras pessoas, podem apresentar sinais que vão do tédio à solidão, incluindo acessos de raiva, intolerância e agressividade.
Os transtornos psíquicos das epidemias podem atingir todos, inclusive os cuidadores e profissionais da saúde que entram em contato com os pacientes. Transtornos de ansiedade, ataques de pânico, depressão, agitação psicomotora (movimentos indesejados devido ao estresse), delírio e suicídio, são os sintomas mais comuns. O medo, a frustração e ansiedade ocasionados pela possibilidade de se contrair a doença, tirando-os assim de suas atividades e também podendo até deixá-los isolados de suas famílias, são as principais apreensões que povoam a mente dos colaboradores da saúde ao estarem diante de uma situação de cuidado de um infectado. Além claro, da sensação de impotência diante de um possível fracasso no trato e manejo do doente.
Por mais que, se tenha uma informação de qualidade e pautada em dados verdadeiros e estatísticos, infelizmente, comprovamos que o ser humano não está preparado para compreender. A fragilidade cerceada pelo medo contribui ainda mais para a potencialização dessa atmosfera de insegurança.
Nestas horas, o que podemos orientar é que as pessoas devem procurar não alimentar mais ainda a sensação de medo e pânico que se instaurou. O vírus COVID- 19 trouxe um verdadeiro estrago para a economia e paz mundial. Não podemos contribuir com o caos. Devemos evitar as Fake News. Buscar as informações corretas e verdadeiras sobre o assunto, não divulgar as falsas notícias e respeitar as orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde) que preconiza medidas de cuidado e precaução para não se adquirir a doença e também não disseminar, infectando os outros. Existem sim, muitos oportunistas que estão se aproveitando de toda essa situação de desequilíbrio estrutural e emocional, para desestabilizar toda uma sociedade que, já vive sob tensão psicológica desde que os primeiros casos foram anunciados. Ao menor sinal de contaminação deve-se buscar orientação de um profissional de saúde e seguir todas as recomendações necessárias. Informação e prevenção são os melhores caminhos. Tranquilidade e serenidade é o que devemos buscar para nossa vida e para os que estão a nossa volta.
É certo que, vencemos o medo e a insegurança quando trabalhamos a nossa inteligência emocional a favor da razão. Esta fará com que você ultrapasse os obstáculos. Se estiver consciente dos cuidados e precauções, municiado de informações corretas, com toda certeza, você poderá encarar essa situação da maneira mais tranquila, sem pânico e sem desespero. E, o mais importante: sem contribuir para a disseminação das falsas notícias que só trazem angústia e alimentam os transtornos psíquicos de toda uma população.
Dra. Andréa Ladislau
Psicanalista
* Doutora em Psicanálise
* Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de
Ciências Sociais
* Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde
* Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social
* Professora na Graduação em Psicanálise
* Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US
Ambassador In Niterói
* Membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento
Profissional do Instituto Miesperanza
* Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em
Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo.
* Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint
Peter
and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.
* Graduada em Letras - Português e Inglês pela PUC de Belo
Horizonte
Possui clínica terapêutica em Ipanema, Bonsucesso e Niterói
onde atua como psicanalista, atendendo jovens, adultos e casais.
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